Por Adriana Buarque, Jornalista – SP
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Torneio mistura festa e contradição numa região estratégica para a economia mundial

Uma Copa do Mundo fora do período regulamentar, num país cujos valores se chocam com o que o público está acostumado. E não adianta reclamar: “quando em Roma, faça como os romanos”. Ou atualizando o dito popular, “quando no Catar, faça como os cataris” (como se chama quem nasce em Doha?). De qualquer forma, onde quer que o torcedor esteja, ele enxerga no evento um momento para extravasar suas emoções. No caso do torcedor brasileiro, é mais um motivo para vibrar pelo hexa de forma apaixonada, especialmente depois de um ano político tão conturbado.

Primeiro torneio mundial futebolístico num país árabe, a cultura islâmica reflete de maneira clara o que está nas entrelinhas do esporte criado por Charles Miller: o viés completamente masculino, a relação mal resolvida com as questões LGBTQIA+, a falta de participação do público feminino, a restrição com bebidas alcóolicas que podem levar a reações destemperadas. O mais interessante é que tudo isso chamou a atenção agora mesmo depois da escolha ter sido feita há um pouco mais de dez anos, quando o Catar foi anunciado como sede mundial de 2022.

A candidatura superou denúncias de corrupção, violação de direitos humanos, exploração de trabalhadores, até mesmo a questão climática com seu calor insuportável nos meses de junho e julho, além de ser acusada de utilizar o esporte para mudar sua imagem diante da comunidade internacional. Fato é que com o campeonato milhões, quiçá bilhões de dólares são atraídos em investimentos de toda a sorte, além da questão comercial do petróleo e do gás natural: ambos constituem a espinha dorsal da economia da região.

Independente das controvérsias ou de questões estratégicas e geopolíticas, a Copa do Mundo é uma oportunidade de divulgar um esporte considerado democrático em todo o planeta. O Brasil corre atrás da bola e de mais um título, craques de várias nações mostraram seu talento nos dribles e todos festejam. Que soe o apito ao começar a partida. O torneio de 2026 trará uma inovação: México, Estados Unidos e Canadá sediarão as competições, totalizando 48 participantes. Enfim, façam suas apostas e que vença o melhor.