Por Giulia Ghigonetto, Jornalista- SP

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Chefe de Reportagem: Juliana Mônaco, Jornalista

Editora Chefe: Letícia Fagundes, Jornalista

Fotógrafo dinamarquês capturou abraço entre enfermeira e idosa em uma casa de repouso na Zona Oeste de São Paulo

Um simples abraço, que sempre foi visto como um sinal de carinho, ganhou novos significados durante a pandemia do coronavírus: saudade e necessidade de contato físico. Uma idosa de 85 anos recebendo seu primeiro abraço em cinco meses, em São Paulo, e o registro do ato eleita a foto do ano pela organização World Press Photo, um dos maiores e mais prestigiados concursos de fotojornalismo do mundo.

 

O fotógrafo dinamarquês Mads Nissen captou o momento em que Rosa Luzia Lunardi foi abraçada pela enfermeira Adriana Silva da Costa Souza, com a proteção de um plástico que separava as mulheres, na casa de repouso Viva Bem, na Zona Oeste de São Paulo, no dia 5 de agosto de 2020.

 

Em entrevista para o telejornal SP1, da Rede Globo, Adriana conta que foi até o lar de idosos para a ação promovida por uma ONG porque “nem todos os idosos têm familiares” e “nem todos os familiares [dos idosos] poderiam comparecer no dia do abraço”.

 

A imagem nomeada “The First Embrace” (O Primeiro Abraço, em português) foi realizada para a agência Panos Pictures e para o jornal dinamarquês Politiken, e ganhou o primeiro lugar na categoria de Notícias Gerais da premiação. Em um comentário divulgado pelos organizadores do concurso, Nissen explica o clique. “A principal mensagem desta imagem é a empatia. É amor e compaixão”, disse o fotógrafo.

 

Ele já havia ganhado o prêmio em 2015 com uma foto de um casal homossexual na Rússia, país em que é proibido o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, sob pena de prisão. O fotógrafo também captou a foto que chocou o Brasil mostrando covas abertas para receber os mortos pela covid-19 no cemitério da Vila Formosa.

 

A fotografia chama a atenção não só pela ação, mas também pela vulnerabilidade dos idosos em um dos países mais afetados pela pandemia e pela forma de asas que foi formada a partir do abraço. Membro do júri da premiação, Kevin Lee destaca: “Eu vi vulnerabilidade, entes queridos, perda, separação, morte, mas, mais importante, vi também sobrevivência – tudo em uma só imagem. Se você olhar para a foto por tempo suficiente, verá asas: um símbolo de voo e esperança”.

 

Os juízes avaliaram 74.470 fotos de 4.315 fotógrafos de 130 países antes de selecionar os vencedores em oito categorias, como Notícias Gerais, Esportes, Meio Ambiente e Retratos. A série de fotos sobre os incêndios no Pantanal em 2020, do artista brasileiro Lalo de Almeida, feita para o jornal Folha de S. Paulo foi premiada com o primeiro lugar na categoria Meio Ambiente.