A guerra pela sobrevivência
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Por Giselle Cunha, Jornalista- RJ
giselle.cunha@mulheresjornalistas.com
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista
O conflito no Afeganistão também ameaça a integridade de centenas de cães e gatos
Desde o início da retirada das tropas americanas, em maio deste ano, o Talibã avançou rapidamente no território Afegão, causando medo e desespero aos seus habitantes. Questiona-se sobre a decisão dos EUA, pois mesmo após 20 anos, não foram suficientes para dissolver o grupo extremista, acostumados a violar diversas leis de direitos humanos. A própria fuga do presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, representa o nível do caos instalado na região.
Talibã significa estudantes em pashto, uma das línguas faladas no Afeganistão. O grupo fundamentalista islâmico foi formado no fim da invasão soviética do país, por estudantes que defendiam uma interpretação mais rigorosa do Alcorão para ser aplicada as leis.
Animais pedem socorro
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Em 2006, o Sargento Pen Farthing, da marinha real britânica, chegava à cidade de Now Zad já devastada pela guerra no Afeganistão. Apesar do foco da missão da sua tropa estar ligada a fornecer segurança, ajuda e estabilidade à população local, Pen percebeu que não somente as pessoas sofriam com o atual cenário, mas também os animais. Foi então que reuniu cerca de 1.600 soldados para recolher centenas de cães e gatos perdidos pela região.
Surgiu, então, a ONG Nowzad. A organização proporciona não só o lar temporário até a adoção, mas também dispõe de clínica veterinária equipada para realizar operações como amputações, toda parte odontológica e outras cirurgias de alto risco. Inclusive, a primeira equipe veterinária de Afegãos também é atuante no local.
A região conta com o apoio de outra ONG, chamada Kabul Small Animal Rescue. Juntas, elas enfrentam uma grande batalha para conseguir a transferência desses animais em segurança para o Reino Unido através de uma operação nomeada Arca de Noé.
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Na quarta-feira, dia 25,o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, escreveu em uma rede social para o fundador da Nowzad: “Se você chegar com esses animais, procuraremos um horário para seu avião”. Essa era a declaração tão aguardada para autorizar a retirada de cães e gatos de um abrigo na região de Cabul. Através das doações, Pen até conseguiu chegar no valor necessário para fretar um avião, já que o Reino Unido se negava a conceder uma aeronave como prioridade para os animais. Desta forma, esperava-se que as dezenas de animais resgatados pelas duas ONGs,os funcionários Afegãos de ambas as instituições e suas famílias tivessem a oportunidade de seguir viagem e buscar abrigo em segurança.
Essa era a expectativa, porém a realidade, foram dias seguidos de medo, incertezas e terror. Ao chegar no aeroporto de Cabul, os voluntários foram impedidos de entrar após a um ataque terrorista no local. Em seguida, todos os voos foram suspensos e, somente no domingo (29), o fundador da ONG Nowzad confirmou sua chega ao Reino Unido com os animais. A má notícia é que os membros das ONGs e suas famílias foram impedidos de embarcar pelo Talibã, que alegou não estarem com a documentação necessária.
Em meio ao caos, não podemos esquecer que, do outro lado, também temos animais que auxiliam os soldados diante dessas operações. São animais com treinamentos precisos e específicos desde filhotes. Falamos sobre a rotina deles na reportagem Cão de Guerra e Cavalaria do Exército Brasileiro.
Os voluntários continuam aguardando essa possibilidade que representa um fio de esperança para uma parte dessa população oprimida, sofrida e violada por tantos anos. Mulheres sem rosto, sem voz, sem emprego, sem estudo, sem sorriso e sem vida. Crianças sem futuro e um país marcado pela violência e o pensamento retrógrado.
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