Luiza Esteves
Repórter Mulheres Jornalistas – RJ
 
 
Após completar 2 meses da tragédia ambiental com um dos maiores impactos no território brasileiro, as manchas de óleo ainda permeiam por todo o nordeste. Os culpados ainda não foram identificados, mas as consequências preocupam moradores, pescadores e ambientalistas.
 
No dia 30 de agosto as primeiras manchas de óleo foram vistas na Paraíba. Hoje a poluição já atinge os 9 estados nordestinos e mais de 20 unidades de conservação, dentre elas está a segunda maior rede de corais do mundo, na praia de Carneiros, localizada no litoral de Pernambuco.
 
O responsável pelo vazamento do óleo ainda é desconhecido, mas a partir das análises realizadas pela Petrobrás, Marinha e universidades do Nordeste, o material foi identificado como sendo de origem venezuelana. Esse estudo também sinalizou que a substância encontrada no mar trata-se de um hidrocarboneto, conhecido como piche. Em linhas gerais, a mancha é composta por petróleo cru, ou seja, é o petróleo em seu estado natural, como emerge dos poços.
 
O óleo cru tem gerado um impacto direto na biodiversidade marinha da região, já são mais de 100 cidades atingidas na zona litorânea. Essa substância pode afetar a digestão de animais como tartarugas, aves e peixes-boi marinhos (uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil). Além disso, o petróleo cru prejudica o desenvolvimento de algas, essenciais para a cadeia alimentar das espécies marítimas.
 
A poluição dos mares também tem afetado a população local. Muitos moradores estão trabalhando para retirar o máximo de resíduos do óleo enquanto arriscam suas próprias vidas. O contato direto com o material, sem o uso de equipamentos de segurança, pode causar doenças respiratórias e de pele e gerar sequelas graves no futuro, como o risco de doença cardíaca.
 
O jornalista André Trigueiro com pós-graduação em gestão ambiental comentou sobre o assunto no podcast divulgado no site oficial do comunicador. Ele comenta sobre a ação do Ministério Público Federal para exigir respostas do Ministério do Meio Ambiente sobre o motivo de não ter acionado protocolos de governos passados para amenizar o impacto do derramamento de óleo nas praias.
 
O plano nacional de contingência, estabelecido por decreto no ano de 2013 não foi acionado desde o início da tragédia. Segundo o jornalista, essa medida poderia alertar as comunidades que elas não deveriam se arriscar ao fazer a coleta e a remoção do óleo sem o uso de equipamentos de segurança. Esse aviso já protegeria os moradores da intoxicação.
 
O chamado ouro negro já foi diversas vezes fator de instabilidade geopolítica, visto os inúmeros conflitos e guerras motivadas pelo petróleo. A queima do combustível agrava o efeito estufa e afeta as mudanças climáticas. Mas apesar de saber de todos esses problemas, o petróleo é o combustível que mais se alastrou pelo mundo e a exploração desse recurso não vai acabar por conta disso.
 
Inúmeras vezes tragédias como essa destruíram o ecossistema marítimo. O mínimo de responsabilidade que se espera de quem explora o petróleo seria ter um plano traçado para quando houver o derramamento do material no mar.