Eliza Dinah, Jornalista- MG
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Depois de mais de um ano com muitas incertezas e fronteiras fechadas, finalmente o mercado volta a aquecer e diversos brasileiros já estão viajando mundo afora

O turismo do brasileiro ainda apresenta um cenário conturbado, mas, felizmente, cada dia mais próximo do retorno à normalidade. Devido à alta incidência do coronavírus e à circulação de variantes no país, o turista proveniente do Brasil teve sua entrada vetada em grande parte dos países do mundo.

Com o avanço da vacinação mundial e melhora no cenário geral da pandemia, diversos países flexibilizaram suas restrições a viajantes.

A intercambista e mentora Ana Sitta, do @intercambiovoluntario, é uma paulista com um currículo recheados de viagens pelo mundo e que, nos últimos anos, alia seus roteiros de intercâmbio voluntário com a mentoria que oferece um passo a passo completo para aqueles que sonham em realizar um intercâmbio de baixo custo e com uma experiência transformadora.

Com todas os transtornos gerados pela pandemia, para a Ana, o processo de isolamento bagunçou completamente seus planos: a ideia era se organizar para viver mais tempo na Europa, viver viajando para outros países, depois partir para a Ásia. Mas não foi assim que aconteceu. Depois de 13 meses direto na Europa, ela viajou da Inglaterra para o Brasil no intuito de visitar sua família e ficar somente 2 meses. “Quando eu saí da Inglaterra, que é onde eu estava, no dia que eu peguei o voo, o Brasil confirmou o primeiro caso de covid […] e duas semanas depois foi decretada a pandemia”.

Ana deixou carro para trás, vida para trás, e se manteve na expectativa de retornar para a Inglaterra o quanto antes. Até que foram se passando um mês seguido de outro, países fechando fronteiras e a paulista entendeu que em 2020 não iria mais viajar.

Além de entender o próprio contexto e se ver longe das tão desejadas viagens, havia seus mentorados que também estavam esperando para viajar e possuíam milhares de planos.

Avanço da vacinação e abertura das fronteiras

Ana conta que, sempre, durante suas turmas de mentoria, ela busca trabalhar o planejamento feito com muita cautela e preparação. E mesmo no contexto cheio de incertezas devido à pandemia, não foi diferente. É importante sempre um ótimo preparo psicológico. “É o que eu sempre digo: é sobre planejamento, e quanto melhor a gente planejar o intercambio, melhor a nossa experiência. Eu tive alunos que ainda sim aproveitaram uma brecha da fronteira aberta e foram para lugares como Reino Unido, EUA e México, durante a pandemia mesmo. Assim como eu tive alunos que estavam com tudo pronto e resolveram adiar. Alguns já fizeram e outros ainda estão mexendo no planejamento”, comenta.

Ela própria, que viveu a expectativa de retornar para a Inglaterra em outubro ou novembro de 2020, mesmo período que começou a segunda onda na Europa, se reorganizou para seguir em direção oposta: para a América Latina. No fim de novembro, Ana e seu noivo Bruno foram fazer um Intercâmbio Voluntário no Peru, onde se mantiveram até fevereiro de 2021. E em agosto deste ano, seguiram para o México. “Eu já estava completamente vacinada, já estava vendo uma perspectiva maior, e vim para cá passar um tempo e depois ir para a Europa. Mas acabou que gostei muito daqui do México, já estou aqui faz 3 meses”.

Com relação à vacinação, ela conta que, conforme foi avançando, as expectativas aumentaram muito, pois assim ela enxergava possibilidades não só para ela, mas também para meus mentorados que ficaram tanto tempo esperando esse momento. “Assim que chegou a minha vez pela idade, eu já fui, e no dia era a Janssen, e o Bruno meu noivo, que foi um dia antes, tomou a Coronavac. Mas a nossa decisão sempre foi tomar a que tinha disponível e a gente se adequar com relação às fronteiras. Então nos vacinamos e, logo depois que o Bruno tomou a segunda dose, viajamos pro México”, comemora.

Cenário na Europa

Cerca de 40 países do continente europeu estão aceitando a entrada de viajantes partindo do Brasil. Destes, 28 estão abertos a brasileiros sem restrições, como isolamento ou testes para a covid-19, desde que eles estejam totalmente vacinados. Ou seja, é necessário ter completado o 1º ciclo de vacinação.

Espanha, Finlândia, Portugal e Suíça são algumas das nações que voltaram a aceitar entrada de turistas do Brasil totalmente vacinados. Alemanha, França e Reino Unido também aceitam, mas fazem restrições à Coronavac.

Outros – como a Itália – aceitam atualmente somente a entrada de pessoas que se encaixam em certas exceções, como cidadãos do país ou de outro membro da União Europeia.

Ainda que um turista vindo do Brasil totalmente vacinado consiga desembarcar em alguma das nações que reabriram suas fronteiras, não é garantido que ele conseguirá transitar por outros países da União Europeia ou do Espaço Schengen.

ESTADOS UNIDOS

Depois de 20 meses, os Estados Unidos suspenderam, no início de novembro, as restrições de viagem aos estrangeiros, que deverão cumprir uma série de requisitos sanitários devido à pandemia do coronavírus.

Antes de viajar, os estrangeiros devem apresentar aos funcionários da companhia aérea o certificado de vacinação com as doses completas, seja em formato digital ou papel. Deverão ter recebido, duas semanas, antes a dose única da Johnson & Johnson ou a segunda de qualquer das outras marcas. Além disso, os turistas devem mostrar um teste PCR negativo realizado até três dias antes do embarque.

Apresentar o teste negativo foi a imposição que a brasileira Leticia Mancini teve que providenciar para conseguir desembarcar nos Estados Unidos em julho de 2021 – quando a vacinação ainda estava caminhando no Brasil.

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Foto: Arquivo Pessoal/Letícia Mancini

A mineira, que já morou na China por dois anos e se viu sendo obrigada a retornar para o Brasil quando a situação da pandemia ficou complexa na região asiática, conta que esperou ansiosamente por mais de um ano para que as fronteiras mundiais se reabrissem e assim ela pudesse voltar a colocar o pé no mundo. “Eu via todo mundo vacinando, o Brasil ficando para trás, os países fechando fronteira e eu comecei a ficar um pouco desesperada. Ninguém queria receber brasileiro. Então eu fui para os EUA porque eu tenho um amigo aqui que sempre me encorajava a vir. Só que meu visto de turista ia vencer e então eu só conseguia vir com o visto de estudante que era o único que o consulado estava aplicando. Foi o que eu fiz: apliquei então para uma escola, e acabou que tudo aconteceu naturalmente e rápido”.

Letícia sabia que no Brasil ela não queria ficar, e o período de pandemia foi complicado para ela, que retornou para o país em janeiro de 2020, quando ainda não havia sequer a confirmação do primeiro caso de brasileiro infectado no país. “Eu cheguei até a comprar passagem para voltar para a China em abril, mas uma semana antes do meu voo, a fronteira da China fechou e eu tive que cancelar. Eu acabei ficando no Brasil porque não tinha como voltar. Então fiquei em casa, com minha família, uns 5 ou 6 meses de quarentena, na esperança da fronteira abrir para eu voltar. Fiquei no Brasil mais de 1 ano, antes de ir para os Estados Unidos” conta.

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Foto: Arquivo Pessoal/Letícia Mancini

América Latina

Após quase dois anos de fortes restrições para a entrada de estrangeiros, Argentina, Uruguai e Chile reabriram, a partir de 1 de novembro, as fronteiras para o turismo internacional.

Países da região com as medidas mais duras e prolongadas para impedir a entrada de pessoas vindas do exterior desde o avanço dos contágios de covid-19 na América do Sul, em 2020, esses destinos agora contam, apesar da reabertura, com uma conectividade aérea com o Brasil bem inferior à dos níveis pré-pandemia.