Eliza Dinah, Jornalista- MG 

eliza.dinah@mulheresjornalistas.com 

Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista 

Editora Chefe: Letícia Fagundes, Jornalista 

O dia 28 de junho é celebrado internacionalmente como Dia do Orgulho LGBT. A data foi criada em referência à Rebelião de Stonewall, ocorrida em 1969, quando gays, transexuais e drag queens protestaram contra uma ação violenta de policiais nova-iorquinos que queriam fechar um bar que reunia a comunidade.

Expandindo o calendário, para além de uma única data, mundialmente junho é considerado o mês do orgulho LGBTQIA+, e é marcado por eventos, palestras, festas etc. A tradicional Parada do Orgulho LGBT é um exemplo que, há muitos anos, é realizada em diversas cidades do mundo para conscientizar e reforçar a importância do respeito e da promoção de equidade social e profissional de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais e assexuais.

E nesse 2021, ano ainda muito marcado pelas restrições impostas pela pandemia, o evento se ajusta para acontecer: a segunda edição online acontece em 6 de junho e terá como tema a luta por respeito às pessoas que vivem com HIV/Aids. A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que é a segunda maior do mundo, vai trazer, além de artistas e influenciadores digitais, convidados que vão debater sobre o tema deste ano: “HIV/Aids: Ame + Cuide + Viva +”. Serão oito horas de transmissão ao vivo com shows e muita informação sobre diversos assuntos que vão costurar o evento em torno da temática.

Jorge Luis, de 20 anos, participa de todas as edições da Parada de SP desde 2016. Ele conta que achou importante o formato online, pois é uma forma de não deixar a data e o evento passar em branco. “No formato online, acredito que muitas famílias tiveram interesse em participar, pois dentro de suas casas elas têm mais comodidade e segurança, além de que o assunto é abordado com mais seriedade”, comenta.

Quando perguntado sobre a temática do ano, Jorge também comemora: “Eu achei perfeita a escolha do assunto. A falta de informação e o preconceito só dificultam a prevenção do HIV, então é uma oportunidade de abordar tópicos dentro do tema, como o uso da camisinha, diagnóstico e o tratamento, e o mais importante, acabar com o preconceito com as pessoas soropositivas. A sociedade tem que saber que a epidemia do HIV ainda existe e todas as pessoas estão suscetíveis a pegar, independente da sua sexualidade. Doença não tem gênero”.

Crédito Jorge Luis

Sobre o tema   
Os médicos infectologistas Vinícius Borges e Rico Vasconcelos, e a co-vereadora de São Paulo Carolina Iara, que vive com HIV, são algumas das pessoas que irão participar da Parada SP Ao Vivo e enriquecer ainda mais o conteúdo. Entre as organizações presentes que apoiam o evento, realizado pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP), estão o Programa Conjunto da Organização das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), o Grupo de Incentivo à Vida (Giv), o Grupo Pela Vidda SP, o Fórum das ONG Aids do Estado de São Paulo (Foaesp), a Rede de Jovens SP+, a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids e o Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids (Mopaids).

O tema “HIV/Aids: Ame + Cuide + Viva +” é um alerta para a sociedade combater os estigmas e preconceitos que cercam o vírus, mas também é um convite para celebrar a vida, a alegria e a união das pessoas LGBTQ+ e de toda a sociedade, principalmente neste momento em que o país ainda enfrenta, a duras penas, a pandemia do coronavírus.

Uma prova da importância do tema está no Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV/Aids de 2019, realizado pelo Unaids nas cidades de São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre e Manaus. Cerca de 47% das pessoas entrevistadas nessas cidades revelaram terem sido alvo de comentários ou fofocas sobre sua soropositividade. A difamação também está dentro da família, como relataram 42% dessas pessoas, enquanto cerca de 19% afirmaram terem sofrido assédio verbal pelo mesmo motivo.

Por isso, a APOLGBT-SP abraça o tema e traz essa discussão ao evento. A ideia é contribuir com a mensagem de que viver com o vírus não deve ser motivo para se esconder, se envergonhar ou discriminar. “É importante entender que o HIV/Aids não é exclusividade de algumas pessoas ou de determinados grupos. É um tema que deve ser abordado com inteligência, empatia e boa vontade por toda a sociedade porque é transversal e perpassa por diversos recortes sociais, étnicos-raciais, religiosos e geográficos. Mas também é importante tratar do assunto com leveza para podermos amar mais, cuidarmos mais uns dos outros e vivermos mais e melhor. É isso que queremos trazer nessa segunda versão virtual da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo”, afirma Cláudia Regina Garcia, presidente da APOLGBT-SP. “Vale lembrar que o tema foi, durante muito tempo, um dos maiores, se não o maior, tabu para nossa comunidade LGBT”, complementa Renato Viterbo, vice-presidente da associação.

No ano passado, a hashtag oficial do evento, #ParadaSPaoVivo, esteve entre os assuntos mais comentados do mundo nas redes sociais. E a audiência só cresce: em 2020, com as mais de 11 milhões de visualizações, o evento teve um aumento de 40% de espectadores únicos em relação à edição de 2019. Mais informações serão divulgadas em breve nas redes sociais da APOLGBT-SP e da Dia Estúdio.

Por Freepik

Outros eventos
No Brasil, haverá ainda outras diversas opções de eventos online, devido à pandemia da covid-19, e programações de canais de televisão. Confira a lista e já marque na agenda para celebrar e aprender mais sobre o tema:

01/06 a 30/06 – Mostra LGBTQIA+         
O Canal Brasil exibirá filmes brasileiros com a temática durante todo o mês. As obras serão reproduzidas de terça a quinta-feira, sempre à 0h30. O filme Madame (2020), que conta a história da primeira mulher transgênero a ser eleita vereadora do Brasil, irá abrir a mostra do canal. Veja abaixo um trailer dos filmes que irão fazer parte da programação:

https://twitter.com/canalbrasil/status/1399811642016337921?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1399811642016337921%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.correiobraziliense.com.br%2Fbrasil%2F2021%2F06%2F4928373–pride-confira-programacao-on-line-para-celebrar-o-mes-do-orgulho-lgbtqia.html

09/06 – Painel sobre história LGBTQIA+              
Quem deseja saber mais sobre como cultivar a história LGBTQIA+ brasileira pode participar gratuitamente do evento “Cultivando culturas e zelando por memórias LGBTI+” na próxima quarta-feira (9/6), a partir das 15h. Promovido pelo 6º Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás, o painel terá mediação de Rafael Alves e terá como convidado o antropólogo e fundador do Instituto LGBT+ Felipe Areda. Inscrições gratuitas devem ser feitas pelo site do evento.

14/06 – LGBT Fobia        
O canal GNT exibirá, em 14 de junho, à 0h, o episódio LGBT Fobia, da série Quebrando o Tabu. O programa mostrará os preconceitos vividos no cotidiano por pessoas LGBTQIA+.

25/06 – Globo Repórter
A edição anterior ao Dia do Orgulho LGBT contará histórias de pessoas preconceituosas que conseguiram mudar o comportamento, além de pessoas LGBTQIA+ que enfrentaram preconceitos.

28/06 – Falas de Orgulho            
A Rede Globo transmitirá, em 28 de junho, o especial Falas de Orgulho, que reúne as histórias de pessoas de diversos estados do país que, segundo a emissora, convivem com os desafios e orgulho da comunidade LGBTQIA+. O programa irá ao ar logo após da novela Império.

28/06 – Especial Orgulho Multishow     
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ será celebrado pelo Multishow com shows de MC Rebecca, Preta Gil e Aretuza Lovi. A atração será comandada pelo economista Gilberto Nogueira, ex-participante do programa da Rede Globo Big Brother Brasil que se revelou homossexual e protagonizou uma história de aceitação dentro do reality.