Eliza Dinah, Jornalista- MG
eliza.dinah@mulheresjornalistas.com
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista

Um dos destinos mais perigosos do mundo foi a escolha de uma brasileira que conheceu as belas maravilhas do Afeganistão e, hoje, busca ajuda humanitária para resgatar famílias ameaças pelo atual regime do país

O Afeganistão é um país asiático com mais de 600 mil km² de território com muita história, luta e beleza. Engana-se quem resume o país com a simplória ideia da guerra.

Águas cor safira nos lagos de Band-e-Amir, imponentes penhascos de arenisca, estátuas gigantes de Buda de mais de 1.500 anos de idade, a impressionante mesquita azul de Mazar-i-Sharif ou a fascinante capital Cabul, que possui mais de 3.000 anos de história. Esses locais vão além do conflito que paira sobre o Afeganistão e transforma o destino em uma experiência única.

O país já foi um importante destino turístico durante os anos 60, quando hippies veraneavam pela região. Antes das invasões soviética, em 1979, e americana, em 2001, o país era famoso pela beleza de suas montanhas. Hoje, está na lista de um dos países mais perigosos do mundo e nenhum Estado recomenda viajar por ele.

turismo-no-afeganistão
Grande Mesquita – Herat. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Ana Brogliato

Mesmo diante disso, Ana Maria Brogliato, publicitária, turismóloga e blogueira de viagens, topou o desafio de cruzar fronteiras e ver com os próprios olhos tudo de belo e peculiar que o Afeganistão tem a oferecer. Ana comanda a página Brasileiros no Afeganistão no Facebook, o Instagram Viagens e Belezas e o canal no Youtube com o mesmo nome, espaços em que ela apresenta os diversos países que conheceu pelo mundo afora e, atualmente, traz importantes debates e conhecimentos sobre a situação do Afeganistão.

Foi em 2018 que a gaúcha, que na época morava na Índia, tirou seu visto e embarcou rumo ao território asiático. “Apesar dos problemas de segurança no país, é possível visitá-lo, e para isso são necessários uma autorização e um aviso à Embaixada Brasileira. Para agora, é pouco recomendado viajar no Afeganistão nas circunstâncias atuais, por causa dos conflitos armados e dos sequestros de ocidentais”, alerta Ana.

+ Por que o Talibã assusta tanto?

Ela conta que o interesse pelo país foi por acaso: seu sonho era viajar para o Irã e, para isso, convidou uma amiga para acompanhá-la. Mas essa amiga tinha um sonho diferente – conhecer o Afeganistão, e ambas se organizaram para colocar esse destino em prática. “Porém, de última hora, ela desistiu de ir ao Afeganistão. Mas aí era tarde demais para mim, eu já tinha pesquisado muito e estava encantada com o Afeganistão. Decidi ir sozinha mesmo. Contratei um guia local para minha segurança, pois quando eu fui, o Afeganistão já tinha 70% do seu território dominado pelos talibãs e eu não sabia quais eram estas áreas, só um guia local para dizer onde era seguro ou não visitar”.

turismo-no-afeganistão
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Ana Brogliato

Olhar turístico de uma brasileira no Afeganistão

Ana se encantou com o país e conta que essa foi uma das viagens mais incríveis de sua vida. E olha que o repertório dela é grande: desde 1991, a turismóloga começou a viajar pelo mundo e não parou mais.

O país é repleto de riquezas escondidas entre destroços da guerra, seu povo é acolhedor, existem inúmeros lugares de beleza natural e cultural para se conhecer, e o país abriga ainda dois Patrimônios Mundiais da Unesco.

“Meu olhar sobre o país é o melhor possível, foi uma das viagens mais incríveis da minha vida, e olha que já viajei muito por esse mundo. O povo muito hospitaleiro e agradecido pela visita, paisagens incríveis, mesquitas belíssimas e milênios de história de guerras, batalhas e superação”, relembra.

turismo-no-afeganistão
Mesquita Azul – Cabul. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Ana Brogliato

Seu roteiro incluiu a capital Cabul, a famosa Herat e diversos pontos turísticos encantadores sobre esses locais. Pelo contexto complexo que paira sobre o país, Ana acredita que não exista brasileiros morando no Afeganistão. Segundo ela, não existe representação diplomática entre os dois países. Inclusive, quando a brasileira viajou para o país, ela precisou registrar a sua viagem na Embaixada Brasileira em Islamabad, no Paquistão. Na época, ela perguntou se eles tinham algum registro de brasileiros no Afeganistão e eles disseram que não.

Ainda falando do turismo nessas terras, Ana pontua: “Se antes o turismo já era raro por lá, agora, que não existe segurança alguma, será muito mais complicado. Hoje eu não recomendo de jeito nenhum essa viagem, pois é risco de morte certa. Não é um turismo convencional”.

Para aqueles que se encantam pelas belezas do Afeganistão e querem conhecer um pouco mais sobre a cultura e história do país, alguns livros best sellers dão oportunidade de mergulho no contexto do país. E dois deles são indicados pela Ana: O Livreiro de Cabul e A Cidade do Sol.

Cenário atual e como ajudar

Quando perguntado sobre a atual situação do Afeganistão, Ana Brogliato conta que possui muitos amigos no território, e cada um em uma situação diferente: alguns fugiram do país; outros estão aguardando em campos militares; vários presos dentro de casa sem documentos porque trabalhavam no exército e os talibãs recolheram tudo; funcionários públicos que perderam seus empregos e agora estão se organizando para ir para o Irã. “Enfim, são muitas as histórias e eu me comunico com eles pelo WhatsApp, porque Facebook eles têm medo, acreditam que os talibãs têm acesso. Alguns encerraram suas contas”.

A brasileira atua, há muitos anos, como voluntária de uma Fundação Indiana chamada Abhigyane Foundation. Atualmente, a organização está aceitando ajuda mundial para conseguir evacuar e reabilitar famílias presas no Afeganistão.

https://www.instagram.com/p/CS7H8EoAUMF/

“O que eu tento passar com as minhas viagens, com os meus vídeos, não é só dica de como viajar. São dicas de experiências, que também está incluso, ajudar quem a gente pode. Eu faço questão sempre de incentivar as pessoas a tudo: a viajar, a sair da sua zona de conforto, a se conhecer melhor, e principalmente se colocar no lugar do outro. Ajudar com as mínimas coisas pode fazer grande diferença na vida dos outros”, finaliza.