Por Giselle Cunha, Jornalista- RJ

giselle.cunha@mulheresjornalistas.com

Chefe de Reportagem: Juliana Mônaco, Jornalista

Editora Chefe: Letícia Fagundes, Jornalista

As características e história dos cães de busca e resgate

Todos os anos é celebrado, no último domingo de abril, o Dia Internacional do Cão de Busca e Resgate. A data foi criada em 2008 pela Search and Rescue Dog Organization (IRO). Ser brincalhão, bem disposto e vir de uma linhagem de cães de trabalho são algumas das características importantes para que esses heróis de quatro patas sejam escolhidos e desenvolvidos para atuar junto ao Corpo de Bombeiros.

Conheça a trajetória de cães policiais, desde a sua escolha, ainda filhote, até a aposentadoria.

Esses cães passam por treinamento intenso cerca de um ano e meio e depois se aposentam. O tempo de serviço varia de acordo com a raça. “Os pastores tendem a render mais que os labradores, mas uma média seria de 7 para 8 anos. Ainda temos um rendimento muito bom nos trabalhos. Quando o cão é aposentado, o condutor ganha o direito de levá-lo para sua casa. É uma parceria que não se desfaz para a vida toda”, conta William Pellerano, primeiro tenente e chefe de operações do canil do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ).

Esses peludos tão especiais são responsáveis por salvar centenas de vidas todos os anos. Eles encontram pessoas soterradas, crianças perdidas em florestas e acessam lugares que, muitas vezes, nós humanos não conseguiríamos chegar com tanta rapidez.Quem não se recorda da tragédia do rompimento de barragem em Brumadinho (MG), em 2019? Ou das chuvas que atingiram a região Serrana no Rio de Janeiro, em 2011? Cada uma dessas ocasiões contou com a ajuda desses seres tão dedicados e competentes.

É importante esclarecer que se trata de uma relação de parceria entre seu condutor e o cão, pois todos estão sempre atentos aos sinais de comportamento dos animais. Eles precisam estar sempre felizes, nunca são levados ao nível de esgotamento e também não são expostos a riscos maiores que seu condutor. A relação entre eles é intensa, verdadeira e muito bonita. Chega emocionar quem acompanha.

Foto: Divulgação/CBMERJ

Alguns cães de busca marcaram presença pelo mundo inteiro e auxiliaram em momentos históricos da humanidade, como:

  • Beauty, uma cadela da raça Fox Terrier, fez busca e resgate durante a Segunda Guerra Mundial na Inglaterra.
  • Chips, um vira-lata misturado de Husky e Collie, serviu também na Segunda Guerra Mundial como cão de sentinela na Sicília (Itália)durante três anos. Em 1944, ele foi condecorado com a medalha Estrela de Prata, por eliminar sozinho um ninho de metralhadores e render seus operadores.
  • Jake, um Labrador, trabalhou nos desastres dos ataques de 11 de setembro (2001) e do furacão Katrina (2005).
  • Orion, um Rotweiller, ajudou a salvar mais de 30 pessoas no ano de 1999 de afogamento durante as enchentes em Varga, Venezuela.
Foto: Divulgação/CBMERJ

Algumas características são comuns em determinadas raças de cães de trabalho, o que acaba levando a um direcionamento natural de função.

Claro que tudo é resultado de um trabalho dedicado e constante.Não existe uma raça específica,mas sim um treinamento específico para tal função desejada.

O Instituto Mulheres Jornalistas conversou com William José Pellerano, primeiro tenente e chefe de operações do canil do CBMERJ.

Mulheres Jornalistas (MJ):O cão tem um parceiro(a) específico ou mais de uma pessoa pode acompanhá-lo nas missões?

William José Pellerano: O cão forma uma parceria apenas com um condutor. Por isso, são chamados de binômio. O condutor é capaz de interpretar todas as mudanças de comportamento que podem ser consideradas indicações.

MJ: Quais as raças que fazem parte da equipe de cães do Corpo de Bombeiros?

Pellerano: No Rio de Janeiro, usamos o pastor Belga de Malinois,o  LabradorRetriever e a Bloodhound, que são raças já consolidadas no serviço de busca e com genética de trabalho .

MJ: Nos dias que estão em serviço, ocorre alguma alteração alimentar?

Pellerano: Eles comem diariamente ração super premium e, nos dias mais puxados de treino ou dias de operações, suplementamos com ração úmida.

MJ:Quantos cães fazem parte da corporação hoje?

Pellerano:Atualmente, são 14 cães operando, sendo um deles ainda filhote, em treinamento.

MJ: O mesmo cão que recebe treinamento para resgates em florestas, por exemplo, é o que participa de salvamentos no mar ou são equipes distintas?

Pellerano:Os cães fazem buscas em ambientes de matas, florestas, escombros oriundos de desastres ou soterramentos. Dois deles são empregados para busca em matas e florestas, fazem um trabalho de busca por um odor específico.

MJ:Alguns deles participaram no resgate da tragédia em Brumadinho. Vocês têm uma média de quantas pessoas foram resgatadas graças ao serviço desses heróis de quatro patas?

Pellerano:Sim, dois deles estiveram. Cerca de 90% das vítimas foram indicadas pelos cães, um trabalho que seria praticamente inviável sem eles.

MJ:Qual a média de operações que contam com a participação da Tropa Canina mensalmente?

Pellerano:O CBMERJ conta com o apoio dos cães em eventos de busca de pessoas perdidas em matas e florestas. A estatística tem crescido e aumenta cada vez mais a incidência destas ocorrências, em virtude do crescimento do ecoturismo.

Foto: Divulgação/CBMERJ