Por Silvana Cardoso, Jornalista- RJ
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Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista

Perto de completar 30 anos de carreira, Isabel Fillardis é atriz de TV, cinema, teatro e teatro musical, e retoma sua carreira de cantora com o lançamento da música “O meu lugar,” primeiro single que integra seu futuro EP, “Bel, Muito Prazer”. Projeto que promete trazer muitas referências do soul, jazz e R&B, nada mais natural para a cantora que encantou o Brasil na década de 1990, como vocalista do trio “As Sublimes”, lançado pela Sony Music e inspirado no grupo de sucesso “The Supremes”, liderado por Diana Ross. Após apresentar em agosto o show “Refeita”, no festival online Afrofuturistic Lab, a cantora consolida sua estreia com o lançamento do single e lyric vídeo. A música, uma combinação de afrobeat e ijexá, assinada pelos compositores Renato Gues e Sérgio Souza, reflete sobre a ressignificação e a busca por um novo horizonte, numa atmosfera de esperança e renascimento.

“O Meu Lugar” é uma música que, inicialmente, tinha um significado muito pessoal para Isabel, pois simbolizava sua história e seus diversos renascimentos como mulher – como  a própria cantora define. Porém, nesta nova realidade após a pandemia, a letra ganhou pluralidade e um novo significado. “A música fala sobre o abraço, o sorriso, a importância do  afeto, resgatar as coisas que foram perdidas, que foram colocadas de lado, como a empatia, o amor. É sobre a busca por esse lugar que as pessoas querem encontrar. Todo mundo que  escutar, com certeza, vai se encontrar nela”, comenta a artista.

E pelo reconhecimento do seu talento, pela carreira solo como cantora, atriz em novela e no cinema, Isabel Fillardis falou com o MJ sobre alguns temas, como a sua arte, a importância da mulher na atualidade, sua dedicaçã e desafios, como mãe de Jamal, seu filho com Síndrome de West – uma doença rara que tem como uma das características marcantes o atraso no desenvolvimento psicomotor do bebê.

MJ: Muitas pessoas ainda te reconhecem pelos trabalhos em TV, mas sua carreira começou com a música. Como você se percebe hoje, lançando um single e como uma rainha Núbia nos capítulos finais da novela Gênesis?

Isabel Fillardis: Eu me coloco como uma artista, dentro de tudo aquilo que venho fazendo, desenvolvendo: atriz, cantora, apresentadora, produtora artística, digital influencer. A parte de ser digital influencer pode ter colaborado na questão das pessoas saberem que eu canto – quem não me conhece, quem não conhecia antes e começou a me seguir e quem já me conhece há muito tempo, há quase 30 anos e relembrou que eu canto. Então posso dizer que ajudou sim.

MJ: Viver Amanishakheto, uma rainha negra africana, te aproximou mais das suas raízes? Como você percebe a valorização da cultura negra no Brasil?

Isabel Fillardis: Eu sempre estive bem próxima, mergulhada nas minhas raízes. Viver a rainha Núbia é óbvio que exige estudar, mas eu já vinha estudando sobre a África, mais precisamente sobre o Egito, há algum tempo. Então na verdade isso só veio somar aquilo que eu já estava estudando. Ter um conhecimento do nosso passado, da nossa história, é importantíssimo para sabermos de onde viemos, onde estamos e para onde queremos ir.

MJ: Você acredita que o momento atual está fortalecido com a união das mulheres no mundo? E como você percebe os movimentos que valorizam a mulher negra no Brasil?

Isabel Fillardis: Eu percebo que, se há um grande responsável pela valorização da cultura negra, pela abertura de espaços para o povo preto, se há uma grande luta contra o racismo no Brasil, isso se dá pela mulher preta. A mulher negra é a grande responsável. Apesar de estarmos, infelizmente, na cadeia da base da sociedade, somos as grandes responsáveis por todo esse movimento, essa abertura, essa ocupação de espaço, a valorização da nossa história, da nossa ancestralidade. Está na mão da mulher preta.

MJ: Ser mãe e mulher costuma trazer grandes desafios e você sempre fala de Jamal como um aprendizado. Para você, ter criado o projeto Força do Bem, para auxiliar famílias sobre a Síndrome de West, ajudou a vencer o preconceito e as dificuldades de criar um filho com deficiência? 

Isabel Fillardis: Jamal é um divisor de águas na minha vida como mãe, mulher e pessoa. Ter um filho com deficiência faz com que a gente mude o prisma, o olhar para a vida, prioriza o que de fato é essencial. A perspectiva muda muito. Ser mãe especial faz com que a gente tenha mais empatia, mais generosidade, me fez entender que cada um tem o seu limite, todos nós temos os nossos limites, temos as nossas deficiências. Somos todos deficientes, de uma certa forma.

MJ: Crianças criadas: é mais fácil voltar para o corre-corre da vida artística, das filmagens e “da estrada”?

Isabel Fillardis: Eu posso dizer que hoje, com a minha filha com 20 anos e o Jamal com 18, já com uma estrutura pra ele, meu filho menor com 7 anos, facilita e me dá um pouco mais de abertura para que eu possa retomar algumas coisas que eu deixei em stand by ou venho fazendo com menos velocidade. Hoje, eu estou podendo me dedicar mais à minha carreira como atriz, retomar a minha carreira solo de cantora, fazer todas coisas que eu tenho pra fazer dentro da arte. Por isso que hoje eu falo que sou uma artista, não sou só uma atriz ou só uma cantora, ou ‘só isso’ ou ‘só aquilo’. Eu desempenho todos esses papéis, cada um por vez, mas paralelos. Todas as vias de uma vez só.

MJ: Você vai rodar um longa na Bahia, numa fazenda de cacau. Me fala um pouco dessa retomada que, mais uma vez, chegou com a cantora Isabel Fillardis e ganhou as telas da TV e do cinema.

Isabel Fillardis: Pois é… Estou aqui de volta, praticamente 30 anos depois, na Bahia, pra rodar um longa, retomando a minha carreira de cantora. Que coisa curiosa, né?! Parece que dei uma volta de 360 graus e tô retomando de onde parei. Pode ser que sim, pode ser que não. Eu percebo algumas situações parecidas, mas de uma forma muito diferente. Hoje, eu sou uma mulher de 48 anos, em outro lugar, mais madura, mais certa daquilo que quer, mais realizada, mais certa pra onde vou.

MJ: Isabel hoje, a mãe, a mulher madura e a artista. Quem continua sendo e quem são as suas referências de hoje?

Isabel Fillardis: Eu quero ressaltar uma pessoa, uma figura. Vou chamá-la de artista porque ela é atriz, apresentadora, é uma mulher de negócios, empreendedora, mas não é cantora. É a Oprah Winfrey. É uma referência pra mim. A quantidade de coisas que ela faz, administra, é escritora… E daqui a pouco, está saindo uma biografia minha. Então a Oprah é uma figura que me inspira. Existem várias outras pessoas que também me inspiram, na música (daqui a pouco direi quem são). Tem tanta gente, mas eu quis ressaltá-la porque ela é uma p* de uma mulher, de verdade.

Isabel Fillardis é uma mulher com talento, coragem, amor e beleza, que vence os desafios como uma brasileira que busca o seu lugar, como na música, que diz: … A vida não é tão ruim / Um dia a gente encontra a paz  / A solução tá num sorriso fácil / A esperança mora num abraço / Coloco amor em tudo que eu faço / E deixo acontecer.

Para seguir Isabel no Instagram: @fillardis.