A indústria está lutando para descobrir como retomar, de forma segura, a produção audiovisual diante do coronavírus

Por Giulia Ghigonetto-São Paulo
giulia.ghigonetto@mulheresjornalistas.com

Um grupo de cineastas independentes e atores aparentemente descobriram a fórmula secreta para produzir conteúdo cinematográfico durante o isolamento social. O diretor Nick Simon e sua equipe fizeram o primeiro filme completamente desenvolvido durante a quarentena.

“O filme inteiro foi escrito, produzido e filmado durante a quarentena. Agora estamos na pós-produção”, contou o também co-roteirista Simon, para a Vanity Fair. O filme The Untitled Horror Movie (“Filme de Terror sem Título”, em português) agora está a caminho de encontrar uma distribuidora.

A comédia de terror é sobre um grupo de jovens que estrelam uma série de TV e descobrem, através de uma vídeo chamada, que o show que foi cancelado. Então, eles decidem fazer um pequeno filme de terror para continuarem nos holofotes, mas acabam realizando um ritual que acidentalmente invoca um espírito demoníaco.

Uma das curiosidades é que todos os atores que participam do filme realmente são atores de séries de sucesso tanto da TV americana, quanto mundial. Claire Holt (The Originals e The Vampire Diaries) faz o papel de uma atriz com problemas com álcool, Katherine McNamara, (Shadowhunters e Arrow), é uma novata ambiciosa, Emmy Raver-Lampman (The Umbrella Academy) é uma ex-atriz infantil acostumada a gerenciar grandes egos, Darren Barnet (Eu Nunca) é um galã que tenta provar que é um ator sério e Timothy Granaderos (13 Reasons Why), interpreta o cara legal que é amigo de todos, menos de seu ex.

O outro co-roteirista Luke Baines, também de Shadowhunters, faz parte do elenco como um dos atores recém-desempregados que é viciado em drogas.

Ele e Simon estavam engajados em outros projetos quando a quarentena foi decretada nos EUA. Enquanto muitos profissionais de Hollywood estão se preparando para o fim da pandemia, eles decidiram colocar as ideias em prática ainda durante o lockdown e convidaram atores que também estavam com seus trabalhos parados. 

“Começamos a chamar alguns atores que Luke conhece e disse: ‘Ei, estamos pensando em fazer este filme sem dinheiro, e vamos filmar nós mesmos’. E todos disseram a mesma coisa: ‘Sim, isso parece muito divertido, porque não estamos fazendo nada no momento, e isso parece uma grande distração’”, disse Simon.

Juntos, apresentaram o projeto aos produtores Bronwyn Cornelius e Marina Stabile, que ajudaram a obter o financiamento necessário e então começaram a montar a equipe.  “Nunca conhecemos o elenco e a equipe e, no entanto, todos nos ligamos praticamente por causa dessas chamadas de Zoom. É fascinante o quão conectado você pode se sentir com alguém que nunca conheceu fisicamente. Isso é outra coisa positiva, uma experiência que surgiu desse tipo de mundo novo em que estamos vivendo. Você não precisa perder a conexão. Você não precisa perder esse vínculo apenas porque não podemos estar fisicamente no mesmo espaço”, contou Cornelius.

Esse pode ser o futuro da indústria cinematográfica e televisiva ou, pelo menos, da safra de produções que serão lançados ano que vem, mas uma coisa é garantida, o cinema independente, com costume em se adaptar, parece ter tomado à frente da questão, deixando os grandes estúdios hollywoodianos para trás.