Por Sara Café, jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, jornalista
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, jornalista

O conflito entre Israel-Palestina é uma disputa sobre a posse do território palestino e está no centro de debates políticos e diplomáticos atuais. O confronto se acirrou no fim do século XX, a partir de 1948, quando foi declarada a criação do Estado de Israel.

A atenção se voltou mais uma vez para ele após o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel no dia 7 de outubro, que surpreendeu o mundo pela facilidade de transpor as fronteiras até então vistas como intransponíveis de Israel. O ataque foi considerado um dos maiores dos últimos anos. Ao assumir a ofensiva, o Hamas afirmou que seria para o início de uma ação para a tomada de território.

Foram disparados milhares de foguetes de Gaza em direção a Israel. Militantes armados derrubaram as barreiras israelenses de alta tecnologia que cercavam a faixa, iniciando ataques por terra com reféns. Combatentes também entraram em Israel pelo mar. Jovens que estavam em um festival de música eletrônica foram atacados. O enclave foi cercado e mais de 1,1 mil palestinos morreram até quarta-feira (11/10).

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, declarou guerra e afirmou que os palestinianos pagariam um preço alto pelo ataque e que a resposta de Israel a Gaza “mudará o Oriente Médio”. Enquanto a brutalidade se alonga, com denúncias da ONU de crimes de guerra de ambos lados, historiadores e especialistas militares definem o conflito como impossível de se resolver, complexo e travado.

Estado de Israel 

Criado em 1948, após os horrores contra os judeus na Segunda Guerra Mundial, hoje conta com uma população de pouco mais de 9 milhões de pessoas. Isso gerou revolta ao lado palestino, resultando no início da Guerra árabe-israelense. 

A guerra terminou em 1949 e teve como resultado a expulsão de 750 mil palestinos que passaram a viver como refugiados em movimento conhecido como “êxodo de Nakba”. Como resultado da expulsão dos palestinos, Israel aumentou o território em 50%. A extensão de terras foi indicada pela ONU e ocupa 78% da área destinada à Palestina.

O conflito se estendeu com diversos episódios de tensão. Em 1987, ocorreu a primeira Intifada, revolta dos palestinos contra tropas israelenses.

Atualmente, a economia é pautada em tecnologia, com uma indústria baseada principalmente em inovações tecnológicas para as áreas médica, agrícola, telecomunicações, hardware e software, energia solar, processamento de alimentos e química fina. O país tem um dos maiores poderes bélicos do planeta, além de uma inteligência militar respeitada no mundo todo.

O que é a Faixa de Gaza?

A cidade de Gaza era dominada pelo Império Otomano, mas, com o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, seu domínio passou para a Inglaterra. 

A Faixa de Gaza é um território palestino composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, que faz fronteira com o Egito no sudoeste e com Israel no leste e no norte. Surgiu entre 1948 e 1949, quando a Palestina foi dividida em três partes: Estado de Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Em novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) decidiu dividir a área árabe-judaica da Palestina. Gaza e uma área do território ao redor ficariam com os árabes, enquanto o restante (hoje Israel) ficaria com os judeus. Em 15 de maio de 1948, quando acabou o mandato britânico sobre a área, começou a primeira guerra entre os dois povos.

Contrastando com Israel, a Faixa de Gaza é um dos territórios mais pobres do globo, o acesso à água é bastante escasso e as redes de esgoto são praticamente inexistentes, tem 25% do tamanho geográfico da cidade de São Paulo, não é reconhecido como país ou Estado e tem uma população maior que muitas capitais brasileiras. 

Palestina

A Palestina é uma região localizada no Oriente Médio. Historicamente, foi ocupada por diversos povos, como árabes e judeus, além de cristãos. No entanto, a partir da criação do Estado de Israel, para o povo judaico, a Palestina foi territorialmente dividida em duas porções: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Esse processo não foi pacífico e resultou em conflitos que permanecem até os dias atuais.

Seu reconhecimento enquanto um Estado não é uma unanimidade entre os países da ONU, e o governo dos territórios é hoje exercido por meio da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A população palestina atual estabelecida em Gaza e na Cisjordânia soma 5,1 milhões de habitantes.

É uma região muito pobre e historicamente problemática em termos econômicos. Os conflitos na região, em especial os decorrentes após a fundação de Israel, arruinaram a economia palestina. Na Cisjordânia, há uma estrutura de serviços mais desenvolvida, porém ainda muito precária. Essa porção da Palestina também enfrenta dificuldades estruturais e possui uma rede de atendimento para a população muito deficiente.

Hamas

Organização islâmica com ala militar, surgiu pela primeira vez em 1987 e tem como foco a luta contra Israel. Hoje, é o principal grupo político a atuar na Autoridade Nacional Palestina, a entidade responsável por administrar os territórios que são povoados por palestinos, a Faixa de Gaza e parte da Cisjordânia. Desde 2006, o Conselho Legislativo da Palestina é ocupado, em sua maioria, por políticos do Hamas.

Israel, Estados Unidos, além da União Europeia, consideram o Hamas uma organização terrorista, mas outras nações, como Rússia e Egito, não entendem o Hamas como tal. Uma parte considerável da população palestina os apoia, sobretudo pela sua atuação na luta contra Israel.

Analistas internacionais também registram que o arsenal de armamentos do Hamas é consideravelmente poderoso, incluindo diferentes tipos de mísseis que têm capacidade de alcance de até 160 km, o que ameaça todo o território de Israel. Acredita-se que o arsenal do Hamas tenha cerca de cinco mil mísseis. Além disso, estima-se que o grupo tenha cerca de 40 mil soldados. 

Religião e política

As razões para estabelecer o estado judeu na região eram baseados em fontes bíblicas. Os judeus consideram a área entre a África e o Oriente Médio, onde está a Palestina, a terra prometida por Deus ao profeta Abraão. Esta corresponde aos territórios hoje ocupados pelo Estado de Israel, Palestina, Cisjordânia, Jordânia Ocidental, sul da Síria e Sul do Líbano.

O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina. A Palestina pede a suspensão da colonização de seu território e o fim do bloqueio israelense à Faixa de Gaza. Por outro lado, Israel exige o seu reconhecimento como um estado judeu.

A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. A Autoridade Nacional Palestina reivindica a aprovação na ONU da autonomia do Estado Palestino e também exige a retirada dos assentamentos israelenses da Cisjordânia, situação condenada pelo Tribunal Internacional de Haia, mas perdura.

Já o Estado de Israel pleiteia a totalidade de Jerusalém, reivindicação que não foi aceita pela Convenção de Haia. O Governo de Israel lamentou as mortes e apontou uma falha no sistema de defesa (conhecido como “Domo de Ferro”) e também nos órgãos de inteligência do país.

O líder israelense prometeu retaliação, gerando temores internacionais de uma escalada nos conflitos e mortes de mais inocentes. Longe do fim, o conflito permanece deixando mais de 6 mil pessoas mortas e 14.245 feridos na Faixa de Gaza, conforme os últimos dados disponíveis pelo Ministério da Saúde do Estado da Palestina. 

Conforme o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado no sábado (21/10), mais de 18 mil pessoas foram feridas, sendo a maioria palestinos. Mais de 1 milhão de pessoas tiveram que deixar as próprias casas por conta do conflito.