Por Melissa Rocha- RJ
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De quanto em quanto tempo é preciso fazer a mamografia? Com que idade devo começar? Para saber isso e muito mais, confira a entrevista com o mastologista Idam de Oliveira Jr

O câncer de mama é o tipo de câncer de maior incidência entre as mulheres no mundo. No Brasil, o cenário não é diferente. Somente em 2019, foram registrados 60 mil casos da doença no país. E o Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê cerca de 66 mil novos casos para cada ano do triênio 2020/2022. 

O alto número ilustra a importância da campanha de conscientização anual Outubro Rosa, criada para informar sobre o câncer de mama, formas de prevenção e para derrubar alguns mitos em torno da doença. 

Para contribuir para a campanha, o Mulheres Jornalistas entrevistou o mastologista Idam de Oliveira Jr, do Hospital de Amor, instituição filantrópica com sede em Barretos, que se dedica a realizar exames de prevenção e tratamentos e atende pacientes de baixa renda. 

Ao coletivo, Oliveira conta que um dos principais problemas enfrentados em relação ao câncer de mama é o diagnóstico já em fase avançada. Por isso, ele aponta para a importância de realizar o exame de mamografia periodicamente. 

“Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença está o envelhecimento. No Brasil, a idade mediana ao diagnóstico é de 56 anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer. O Hospital de Amor recomenda que a mulher faça o exame de mamografia a partir dos 40 anos de idade. Até os 49 anos, o exame deve ser feito de forma anual. Para a faixa etária entre 50 e 69 anos, ele deve ser feito a cada dois anos”, explica Oliveira.

O mastologista destaca que existem dois tipos de prevenção: a primária e a secundária. A prevenção primária é referente a hábitos saudáveis que a mulher pode incluir na rotina, que podem reduzir em até 30% as chances de desenvolver a doença. 

“Uma dieta balanceada, prática de atividades físicas, não fumar e evitar bebidas alcoólicas. Independentemente da idade, a prevenção primária deve fazer parte da rotina diária da mulher. Lembrando sempre que não existe alimento ou dieta milagrosa para prevenir o câncer de mama”, explica Oliveira. 

Já a prevenção secundária tem como objetivo diagnosticar o câncer de mama ainda em fase inicial. Ela abrange exames periódicos de mamografia e o autoexame. Oliveira, no entanto, alerta que o autoexame é recomendado apenas como uma forma de conhecimento do próprio corpo, o que torna mais fácil notar quando há alguma diferença nas mamas. 

“Tanto a Sociedade Brasileira de Mastologia quanto o Hospital de Amor recomendam o autoexame como uma forma da mulher conhecer o próprio corpo, devendo ser realizado quando ela se sentir confortável para tal e sem uma técnica específica. Lembrando sempre que ele não substitui, de forma alguma, o exame de mamografia”, alerta o mastologista.

Outra forma de prevenir o câncer de mama amplamente recomendada é a amamentação. Isso ocorre porque o aleitamento materno tem um papel fisiológico no aumento da proteção das glândulas mamárias.  

“Para a produção de leite, as células mamárias passam por um extraordinário processo de desenvolvimento, atingindo um elevado grau de especialização, ou seja, o ápice do desenvolvimento funcional da mama ocorre através da lactação. Com esse processo, a célula mamária ganha fatores de proteção que diminuem o risco de desenvolver câncer de mama. Mas isso não significa que a mulher que amamentou não irá desenvolver a doença. De forma geral, estima-se que o risco de desenvolver câncer de mama reduz de 4% a 6% a cada 12 meses de duração da amamentação”, explica Oliveira.

Para concluir, ele alerta para a necessidade de disseminar o máximo possível de informações corretas sobre o câncer de mama, especialmente num momento em que o número de mortes pela doença vem aumentando. 

“O câncer de mama é um problema de saúde pública e, infelizmente, a mortalidade pela doença é crescente em nosso país, diante das altas taxas de diagnóstico em fase avançada da doença. Para a mudança desse cenário, o diagnóstico em fase inicial é extremamente importante. E é com esse objetivo que surge a campanha ‘Outubro Rosa’, que a cada ano nos lembra que o combate ao câncer de mama não pode parar. Entretanto, motivadas pelo desconhecimento e por diversos mitos (‘não sinto nada em minhas mamas’, ‘não preciso fazer mamografia’, ‘não tenho caso de câncer de mama na minha família, então não preciso fazer mamografia’, ‘fazer mamografia é procurar doença’, etc) um número importante de mulheres deixa de fazer sua prevenção. É natural que tenhamos medo do desconhecido. Mas, através do ‘Outubro Rosa’, podemos e devemos disseminar informações corretas, conscientizar as mulheres sobre o câncer de mama, formas de prevenção e diagnóstico precoce para, assim, diminuir a mortalidade pela doença em nosso país”, conclui o mastologista.