As organizações não governamentais, também conhecidas como ongs, muitas vezes são a única via de esperança para animais que sofrem maus tratos, negligência e até humilhação

Por Rita Santos- Santa Catarina
rita.santos@mulheresjonalistas.com

Apesar da consciência planetária estar em plena transformação, visto que estamos vendo crescer os movimentos como vegetarianismo, veganismo e só aumentam as notícias de ativistas que lutam pela preservação do meio ambiente, ainda temos que lidar com muita crueldade contra os animais. Como já falamos em matérias anteriores, são histórias de maus tratos, abandono, rituais religiosos, competições, rinhas, enfim, são várias as práticas que põem em risco a vida dos animais. Eles realmente não têm como se defender, e, em casos como esses, dependem totalmente da ajuda de pessoas e organizações engajadas em pôr um fim em tudo isso. Normalmente essas pessoas e entidades atuam sem nenhum tipo de incentivo, contam com o apoio social para se manter.

É o caso da ong Santuário das Fadas, que existe desde 2008, fundada pela médica veterinária Patrícia Fittipaldi. Patrícia nos conta que tudo começou pelo amor à causa, em princípio, de uma maneira informal, com a compra de um sítio na região serrana do Rio de Janeiro para colocar os animais de fazenda que resgata. Com o tempo foi necessário formalizar todo o processo, e a organização, então, passou a existir como uma associação sem fins lucrativos. Atualmente cerca de 200 animais vivem no Santuário das Fadas, mas já passaram por lá cerca de cinco mil ou mais animais, contabiliza Patricia.

Essas pessoas que se dedicam à causa animal, geralmente, não tem hora nem dia para atuar, trabalham 24h. Patrícia explicou que muitas vezes eles precisam acordar no meio da noite, de madrugada, para tratar de animais doentes, dar remédios, então, acaba sendo dedicação total mesmo. “Geralmente, mal vejo minha família, como não posso me ausentar muito, eles vêm aqui me ver. E, por conta da pandemia, não vejo os meus pais há meses”, relata a administradora, responsável pela associação, que nos confessou que “dorme quando dá”.

Embora não tenha tempo para si e a vida pessoal seja intimamente ligada ao dia a dia na organização, sentimos que o trabalho é realizado com muita alegria, uma verdadeira inspiração para quem os vê em ação. Vontade de ajudar e amor aos animais são as bases para administrar um organização que não recebe apoio de governos e nem contribuição financeira fixa. Sendo assim, a captação de recursos é de longe o maior desafio encontrado pelas ongs, e o voluntariado nesse setor é fundamental para o trabalho existir. Em tempos de vida virtual as mídias digitais têm dado um super apoio para tornar essas instituições mais conhecidas e serem reconhecidas captando os recursos necessários para continuar sua jornada, que, para Patrícia Fittipaldi, é uma missão de vida.

Há quem torça o nariz para o terceiro setor, no entanto, como o braço do governo não alcança os mais vulneráveis, nesse caso, animais em situação de risco, essas organizações acabam tendo um papel importante na vidas desses bichinhos. Devemos sim apoiar a cultura de que, além do governo, a comunidade também tem que assumir a responsabilidade por problemas socioambientais. 

Apesar de estarmos precisando de leis mais severas para inibir ações maldosas contra seres indefesos, é tempo de maturidade. Vamos mudar o paradigma de ficar esperando pelas autoridades tomarem providências ou investirem recursos em questões como essa e agir. A proposta é investir na frequência de mudança que nos torna uma sociedade capaz de se auto gerir e cuidar dos seus problemas, sem que um ou outro seja responsável, afinal, todos somos. Hoje em dia temos a possibilidade de viver essa mudança, só precisamos nos responsabilizar.