Repórter Regina Fiore- São Paulo

O pós-parto pode ser uma fase estressante para a mulher. Saiba como amenizar as preocupações do puerpério. O momento de transformação psíquica, social e corporal que a gravidez representa na vida de uma mulher vai muito além da concepção do filho, que por si só já é transformadora. O pós-parto representa um momento delicado e, por vezes, de muita insegurança e um certo apagamento. Quando a mulher engravida, amigos e familiares voltam sua atenção para ela e para os cuidados com a gravidez.

Depois que o bebê nasce, toda a atenção, inclusive da própria mulher, se volta para o recém-chegado, fazendo com que a mãe que também acabou de nascer se sinta negligenciada. Tal sensação pode causar à mulher a necessidade de voltar rapidamente para as mesmas condições, principalmente físicas, que estava antes de engravidar. O resultado é uma pressão enorme para dar conta do recém-nascido e ao mesmo tempo retomar todas as tarefas anteriores à gravidez.

Mudanças no espelho Em um documentário lançado em 2019, Beyoncé conta que estava pesando quase 100 kg quando deu a luz a gêmeos. Pouco mais de 6 meses depois, ela seria a principal atração do festival Coachella, um dos maiores do mundo. Beyoncé conta que começou uma dieta extremamente restritiva e uma rotina de exercícios que chegava a queimar 2 mil calorias por dia para voltar ao peso. Resultado? A cantora concluiu que nunca mais vai colocar seu corpo em uma situação tão extrema.

Se uma das maiores popstars do mundo – que dispõe de nutricionistas, equipe completa de personal trainers e acompanhamento 24h por dia – considera arriscado ter exigido de si tanto esforço, a reflexão deve passar também em torno de todas as outras mulheres.

Mariana Fischer Costa, ginecologista parceira da clínica Fleurity, explica que o período dos 40 dias após o parto, conhecido como puerpério, é onde acontecem as maiores mudanças no corpo da mulher. “O útero está voltando para seu lugar, o que causa grande desconforto. Todos os órgãos internos também estão voltando, já que cederam lugar para o crescimento do bebê. As pernas e mamas incham bastante, mas começam a voltar ao normal em 15 dias”, explica a ginecologista No entanto, o que mais costuma incomodar as mulheres é a questão estética.

Mariana Rosário, ginecologista, obstetra e mastologista, comenta que as principais mudanças aparentes são o ganho de peso, o aumento do tamanho do quadril e a flacidez da barriga por conta da distensão, que pode demorar para desaparecer.

Além disso, pode ocorrer o aparecimento de estrias e celulite em diversas partes do corpo. “A mudança do estilo de vida e a queda da produção hormonal depois do parto também são fatores determinantes para o bem-estar da mulher. Durante a gravidez muitos hormônios são produzidos e depois são bruscamente interrompidos. Pode ocorrer também queda intensa de cabelo, que chamamos de eflúvio telógeno”, explica Mariana Rosário.

Pressão estética: como evitar?

A urgência para que o corpo volte ao que era antes da gravidez passa não só pelo estranhamento em relação às mudanças, mas também pelo casamento. De acordo com Mariana Rosário, muitas mulheres sentem medo de serem deixadas pelo companheiro ou marido porque seus corpos não são mais os mesmos.

Ambas as profissionais alertam, no entanto, para as possíveis neuras que podem acabar afetando a saúde mental da mulher e dão algumas dicas para evitar que isso se torne um problema constante nos pensamentos da mulher. “Esse tipo de pressão acaba contribuindo para agravar problemas psicológicos, como a depressão no pós parto”, conta Mariana Fischer Costa.

1) Dar menos atenção às opiniões alheias.  Cada corpo é único, tem tempos diferentes e só a mulher e os profissionais que a acompanharam durante a gravidez sabem o que é melhor para a fase do pós-parto, que é fundamental.

2) Cuidar-se durante o período da gravidez.  Seguir as principais recomendações médicas vai tranquilizar a mulher em relação aos efeitos da gravidez.

3) Descansar a mente: Sempre que possível e aproveitar os momentos de sono do bebê para dormir também, já que as noites de sono serão comprometidas principalmente nos primeiros meses.

4) Viver a transformação com tranquilidade: As mudanças no corpo são completamente normais e, de fato, ele nunca mais será o mesmo. É importante aceitar que as transformações fazem parte da vida, principalmente ao conceber outra vida.

5) Curtir o filho (ou filhos): Acolhendo com com amor e abraçando o novo momento. A via do parto, normal ou cesárea, não define se a mulher será uma mãe melhor ou pior, nem a questão da amamentação. Lembre-se que só a mulher é capaz de gerar uma vida em si e esse momento pode ser aproveitado com leveza e saúde.