Países como Alemanha e França possuem pouca quantidade de vacinas e as dificuldades em atender a demanda do primeiro grupo tem sido um obstáculo para estes países

Por Daniele Haller
daniele.haller@mulheresjornalistas.com

A Alemanha tem anunciado um grande aumento no número de infecções desde novembro do ano passado e, mesmo com as medidas de isolamento impostas pelo governo, o número de infecções continua subindo, chegando a um total de 48. 997 casos de morte e uma média de 873 mortes diárias. (Dados do Instituto Roberto Koch)

O país iniciou a vacinação no dia 27 de dezembro com a vacina da Biontech, cerca de duas semanas mais tarde do que nos EUA e no Reino Unido. Segundo o jornal alemão 2DF, desde o início da campanha de vacinação, o progresso no país tem sido lento. Há poucas vacinas, a distribuição tem sido demorada e a programação é, por vezes, caótica. Até agora, 1,3 milhões de doses da vacina da Biontech e da Pfizer foram distribuídas em todos os estados. Assim como a maioria dos países, a Alemanha segue um cronograma de vacinação dividido por grupos, onde as primeiras doses devem ser aplicadas em pessoas acima de 80 anos, profissionais da área de saúde que estão na linha de frente no combate ao vírus e profissionais de geriatria, assim como cuidadores de pessoas com necessidades especiais.

Para facilitar a organização com o início da vacinação, o país disponibilizou linhas diretas e sites onde é possível marcar uma data e horário exato para cada pessoa, no entanto, segundo a imprensa local, inúmeros cidadãos estão tendo dificuldade em conseguir atendimento pelas linhas telefônicas e através dos sites.

No último dia 15, a Pfizer anunciou um atraso na entrega das próximas doses de vacina, devido uma reforma no prédio de uma de suas fábricas, localizada na Bélgica. Segundo a empresa, a reforma irá aumentar a capacidade de produção nos próximos meses. Com a notícia, alguns estados da Alemanha decidiram diminuir o ritmo de aplicação nos centros de vacinação e dar prioridade aos lares de idosos, afirmou o ministério da saúde alemão.

Mesmo com o imprevisto com relação à data de entrega, segundo o Instituto Robert Koch, órgão responsável pelo controle e prevenção de doenças, o país já vacinou mais de 1.297.000 pessoas.

Foto: Arquivo Pessoal dos Entrevistados

Na fila de espera para a vacinação , o casal Iramaia e Manfred Kotschedoff aguardam a carta para o agendamento da vacina. Segundo a brasileira que vive na Alemanha há 40 anos, a partir do 25 de janeiro, o governo deverá enviar um
comunicado aos próximos a serem vacinados para que possam marcar a data para receber suas doses. Apesar de ainda não ter sido vacinada, ela relata a expectativa com o início da imunização: “Sim, estava esperando ansiosamente pela notícia. Não vejo a hora de receber minha cartinha com as orientações sobre onde e quando
poderei receber minha vacina”, comenta Iramaia.

Com relação ao cronograma de vacinação na Europa, o casal se mostra confiante e esperam que as expectativas do governo alemão sejam alcançadas: “Confiamos no sistema de vacinação da Alemanha. Está previsto que até junho de 2021, quem quiser ser vacinado terá a oportunidade. Uma pena uma parte da população ser contra”, lamenta a brasileira. Na Alemanha, grupos como Querdenker protestam contra a vacinação e realizam manifestações contra as medidas de prevenção determinadas pela Chanceler Angela Merkel.

França inicia vacinação para público a partir de 75 e “grupos de alto risco”

No último dia 18, o ministro da saúde, Olivier Véran, anunciou que a França tem a meta de vacinar um milhão de franceses até o final do mês de janeiro. Segundo Véran, a maior dificuldade será ter o número suficiente de doses para vacinar toda a população francesa.

De acordo com o jornal Le Monde, muitas pessoas têm relatado o stress e as dificuldades que encontraram em marcar uma consulta para se vacinarem contra o Covid-19. Desde o 19 de janeiro, os sites disponíveis para o agendamento mostram a mesma mensagem para quem deseja marcar um horário: “Devido a uma demanda
muito alta e um estoque limitado de vacinas, não há mais agendamento disponível”.

No momento, o ministério da saúde anuncia que 2 milhões de agendamentos já foram feitos. Logo que o país receber novas doses, mais pessoas poderão continuar a fazer novos agendamentos, informou o ministro da saúde. “Eu entendo a impaciência dos franceses e a compartilho, chegaremos lá”, declarou Véran.

O IFOP, Instituto Francês de Opinião e Pesquisas, divulgou que 54% dos franceses desejam ser vacinados, quinze pontos a mais do que os dados divulgados em dezembro. Segundo o Instituto, esse aumento deve-se ao fato de as pessoas sentirem-se mais confiantes após as primeiras doses terem sido aplicadas, no entanto, ainda existe uma parcela de céticos com relação à vacina. A este grupo, pertencem particularmente mulheres, jovens, grupos da classe trabalhadora e pessoas que desconfiam das instituições, informou o instituto.

A França mantém o plano de desconfinamento anunciado em novembro do ano passado, no entanto, a população ainda deve respeitar o toque de recolher às 18h, em todo território nacional. Apesar do número de infecções ser inferior aos da Alemanha, os casos continuam subindo, totalizando cerca de 300 mortes diariamente.

Diante da situação com o aumento de casos e para acelerar o calendário de vacinação, líderes da União Europeia buscam meios de diminuir o impacto da pandemia, para isto, aguardam a aprovação da vacina AstraZeneca, que deve ser aprovada pela agência europeia de medicamentos até o 29 de janeiro. A meta é que até o verão de 2021 os países membros do bloco europeu tenham vacinado 70% de sua população adulta.

Outro ponto que passa por análise da União Europeia, é a criação de um certificado de vacinação que facilitaria a circulação de pessoas pelos países europeus, com o certificado, os viajantes não precisariam mais realizar o teste ou ficar de quarentena após a viagem. Enquanto a maioria da população não estiver vacinada, os países europeus devem seguir com as limitações e controle de acordo com o aumento ou a queda no número de casos.