Trabalho remoto se consolida como tendência do mercado global
Por Sara Café, jornalista
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Chefe de reportagem: Juliana Monaco, jornalista
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, jornalista
O trabalho em home office está se consolidando como uma mudança permanente e positiva no panorama profissional, embora ainda apresente desafios que precisam ser superados para seu sucesso contínuo
A transformação do cenário profissional é impulsionada por tendências e mudanças sociais, refletindo o dinamismo das relações de trabalho. Desde a pandemia da covid-19, o trabalho remoto se tornou a realidade de muitos colaboradores de todo o mundo que optaram por manter essa forma mesmo após o fim da emergência sanitária.
“O trabalho remoto tornou-se uma tendência global, impulsionado principalmente pela revolução digital e a pandemia. No Brasil, embora algumas áreas ainda enfrentam desafios de infraestrutura, a modalidade ganhou força e é cada vez mais adotada. A flexibilidade que oferece aos profissionais e a possibilidade de acessar talentos em qualquer lugar fazem dele uma realidade promissora”, analisa Giancarlo Signore, mentor de carreira e consultor empresarial.
No entanto, o chamado home office ainda não é realidade para a maioria dos brasileiros. Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), a modalidade à distância foi adotada por cerca de 10% dos trabalhadores do País – sendo que a concentração foi forte nas regiões mais ricas e urbanizadas, como as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Para descobrir qual é o panorama atual dos modelos de trabalho e mapear as novas tendências e perspectivas que desenham o futuro do trabalho, a WeWork entrevistou mais de 10.000 colaboradores em cinco países da América Latina.
A pesquisa “Tendências e Perspectivas do Trabalho” aponta que a modalidade híbrida realmente é a nova realidade.
- Trabalho presencial: A pesquisa indica que o trabalho presencial cresceu de 10% para 18% após a pandemia. No entanto, essa ainda é a preferência de uma minoria dos entrevistados.
- Trabalho híbrido: A opção híbrida, que combina trabalho presencial e remoto, continua sendo a preferência de 64% dos entrevistados, embora tenha diminuído em 14%.
- Trabalho remoto: O trabalho em casa cresceu de 12% para 18%, refletindo a crescente aceitação do modelo.
43% dos trabalhadores se demitiriam com o fim do home office ou trabalho híbrido
Segundo uma pesquisa encomendada pelo Grupo QuintoAndar, a possibilidade de ser obrigado a trabalhar exclusivamente em regime presencial desagrada 2 em cada 5 trabalhadores totalmente remotos ou híbridos, porém de um perfil específico: aqueles na faixa dos 35 a 44 anos. Já entre os mais jovens, na faixa dos 18 a 24 anos, o percentual que tomaria essa decisão é de 39%, segundo o levantamento.
“Comando equipes de forma totalmente remota no Brasil e no exterior, e essa experiência tem sido incrivelmente enriquecedora. Os benefícios são claros, como a redução significativa de custos com escritório e transporte, além da flexibilidade de horários para a equipe”, comenta João Carlos, fundador da Meleon Influ.
Diante disso, as empresas seguem em busca do híbrido ideal: cerca de 55% dos entrevistados no modelo híbrido relataram ter experimentado mudanças nos requisitos de presença no escritório nos últimos seis meses. Revelando, assim, que as empresas estão, ainda, promovendo experiências e testes para se adaptar às expectativas da organização e dos colaboradores.
Para o mentor de carreiras Giancarlo, o trabalho híbrido no Brasil representa o equilíbrio entre a flexibilidade do remoto e a colaboração presencial.
“Os benefícios são vastos. Para as empresas, há redução de custos operacionais, maior acesso a talentos geograficamente dispersos, aumento da satisfação e produtividade dos colaboradores. Para os trabalhadores, oferece uma melhor qualidade de vida, eliminação de deslocamentos excessivos e a possibilidade de adaptar o ambiente de trabalho às suas necessidades pessoais.”
Claro, o trabalho remoto também apresenta desafios que precisam ser superados para seu sucesso contínuo. O empresário João Carlos relata que definir objetivos claros, garantir uma comunicação eficaz, gerenciar o tempo e enfrentar o isolamento social são alguns desafios identificados.
“As desvantagens do trabalho somente remoto surgem na implementação de processos e na construção de uma cultura forte. A dificuldade em estabelecer sinergia com o time e criar conexões mais pessoais, indo além do profissionalismo, é um desafio constante quando operam no regime 100% on-line”, diz.
Equilíbrio com home office gera produtividade
De acordo com o cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil tem 20,4 milhões de pessoas com ocupações que podem ser adaptadas para o home office, o que equivale a 24,1% do mercado de trabalho.
Mesmo assim, muitas companhias têm deixado de lado a opção do modelo remoto, alegando motivos como área de atuação e mais produtividade. “No momento estamos vivendo um retrocesso, pois muitas empresas que defendiam o home office estão regredindo. Para mim são gestões desatualizadas, onde falta competência em gestão remota”, afirma Giancarlo.
Já para o fundador da Meleon Influ, embora ainda não tenha alcançado o mesmo nível de desempenho com equipes 100% remotas, percebe-se um aumento na produtividade em comparação com equipes totalmente presenciais. “É importante destacar que a dinâmica 100% on-line tem funcionado bem para desenvolvedores que têm um papel direto na criação das nossas tecnologias.”
A ascensão do trabalho remoto tem uma estreita relação com a Open Talent Economy, um modelo que cria novas possibilidades de contratação de profissionais, com redução de custos para a empresas e aumento de ganhos financeiros e de qualidade de vida para talentos, que podem aplicar sua expertise técnica e repertório para solucionar desafios e colaborar em mais de uma empresa.
Dados da consultoria McKinsey e do Google Trends “Global workers” apontam um crescimento de 20% da modalidade de trabalho As a Service em 2024.
Tendências
O trabalho remoto está se consolidando como uma mudança permanente e positiva no panorama profissional. Em 2024, espera-se ver essa modalidade de trabalho se fortalecer ainda mais, à medida que empresas e profissionais abraçam a flexibilidade e os benefícios que ela oferece.
É um novo horizonte se abrindo, redefinindo a maneira como encaramos o trabalho e a vida profissional. Conheça 3 tendências do trabalho remoto que vieram para ficar:
– Nomadismo Digital & gentrificação
Essa modalidade, que nada mais é do que depender apenas de internet para trabalhar, vem ganhando adeptos e tornou-se desejo de muitos trabalhadores: 72% dos entrevistados disseram que gostariam de ser nômades digitais.
– Inteligência Artificial
Em 2023, a IA foi a tendência mais discutida do ano. Quando perguntados, 44% dos entrevistados afirmaram que já utilizam IA no seu dia a dia e, aproximadamente, 33% das pessoas só não utilizam por falta de conhecimento. Apenas 23% afirmam não considerar necessário. Entretanto, 94% dos entrevistados concordou que a IA é algo positivo para o mercado de trabalho.
– Semana de quatro dias
Apesar de já validada em diversos países, a semana de 4 dias está começando os testes oficialmente neste ano em algumas empresas da América Latina e ainda é alvo de curiosidade, dúvidas e desejo entre os trabalhadores.
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