Um quarto dos brasileiros vivem com menos de R$420 per capita por mês

Por Clara Maria Lino, Repórter BA
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que em 2018, 13 milhões de pessoas foram identificadas em condição de extrema pobreza. Baseado no critério estipulado pelo Banco Central, para ser considerado extremamente pobre, o cidadão possui renda mensal per capita inferior a R$145 ou US$1,9 por dia.
 
A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) aponta que a desigualdade social no Brasil se torna mais concreta ao observar a posição das mulheres negras ou pardas neste grupo. Elas representam a maior quantidade de pessoas em situação de carência. De acordo com o Banco Central, está nesta condição quem possui rendimento diário inferior a US$5. Ao todo, em números absolutos, são 27 milhões de mulheres em situação de miséria. Entre toda população negra ou parda este número sobe para 38 milhões de cidadãos e representa quase 73% dos pobres.
 
Em 2018, 47% dos brasileiros que estavam abaixo da linha de carência se encontravam na região Nordeste do país. Tanto essa região quanto o Norte expressam indicadores acima da média brasileira. O Maranhão é o estado com maior índice de pessoas em situação abaixo da linha de pobreza. Cerca de 53% em relação aos outros estados da região.
 
Enquanto a parte de cima do mapa apresenta indicadores em progressão, as regiões Sul e Sudeste indicam taxas menores. Santa Catarina foi o estado menos desigual e com a menor taxa de pobres. Já o Sudeste registrou 714 mil pessoas que saíram dessa condição. Só em São Paulo foram 623 mil brasileiros fora dos índices.
 
A SIS aponta ainda que aproximadamente 52 milhões de brasileiros vivem com menos de R$420 per capita por mês. O que representa menos da metade do salário mínimo (R$998). Comparado a 2017, o índice caiu de 26% para 25% em 2018, mas ainda está distante do menor percentual alcançado na série, em 2014, de 22%.
 
Além da ausência de políticas públicas, o país atualmente possui 12 milhões de desempregados e a cada 10 trabalhadores, seis estão em ocupação informal. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), no segundo trimestre de 2015, quase 79 mil pessoas trabalharam como ambulantes no Brasil. Hoje, 478 mil representam essa função. Um aumento de 510%.
 
Com o desemprego, falta comida na mesa brasileira. De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica mais cara do país é a da cidade de São Paulo que custa, em média, R$522 e as mais baratas se encontram em Salvador, R$ 396 e Aracaju, R$404.
 
Para suprir as necessidades básicas de uma família com três ou quatro pessoas, o cidadão paulistano precisaria ganhar cerca de R$4.385,75. Esse número equivale a 4,4 vezes o valor do salário mínimo e a quase 9 vezes o valor de meio salário mínimo que corresponde ao que um quarto dos brasileiros ganham, em média, atualmente.