Pelo, pele, conexão e estilo
Como a moda passou a fazer parte da rotina dos animais e como o mercado investe na área
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Estima-se que os cães surgiram há mais de 100 mil anos, na era glacial, descendentes dos lobos, que na época eram atraídos pelo cheiro da comida. Inicialmente, o propósito era auxiliar os humanos durante as caçadas, porém essa parceria deu tão certo que hoje são conhecidos como o melhor amigo do homem.
A conexão dos peludos conosco é tão intensa que são considerados membros da família, além de executar funções importantes como a participação em terapias. Cães que apresentam capacidade para tal função são treinados desde novos e os resultados são surpreendentes em colégios, hospitais, casas de idosos e centros penitenciários. Eles ajudam a combater problemas motores (cão guia e fisioterapias), transtornos de desenvolvimento, atraso mental, paralisia cerebral, autismo, entre outros.
Veja algumas características necessárias para a Terapia Assistida por Animais (TAA ou Cinoterapia):
Ser tranquilo, sereno e equilibrado.
Ser controlável e previsível
Precisa transmitir segurança
Estar forte e saudável
Ter contato social
Apresentar obediência e conhecer as principais ordens de modo
Em 2015, a Universidade Emory, nos EUA, monitorou o cérebro de cachorros expostos a várias amostras olfativas (cheiros de cães desconhecidos e conhecidos, humanos desconhecidos, deles mesmos e de seus donos). Foi constatado que, no momento em que os cães sentiam o aroma dos donos, uma parte do cérebro chamada núcleo caudado (que é associado ao prazer e às primeiras fases do amor) apresentava uma atividade mais intensa.
Essa parceria de sucesso também assumiu forma através da moda e hoje vemos um segmento específico para combinações de estampas e temas para humanos e seus Pets.
O Mulheres Jornalistas entrevistou Aline Ferreira Martins, mamãe da Luna Ferreira, de 11 anos e Beatriz Ferreira, de 6 anos. Aline e as meninas são as tutoras da cadelinha Nala, achada embaixo de um carro em Irajá, em 2020, e hoje reina na casa com muito charme junto das suas irmãs.
Mulheres Jornalistas (MJ): Qual a relação das meninas com a Nala no dia a dia?
Aline Martins: Elas têm uma relação de irmã mesmo. Nala e elas amam uma bagunça e são muito agarradas.
MJ: As meninas que escolhem os acessórios e roupas da Nala?
Aline Martins: Elas escolhem alguns sim, mas a Nala ganha algumas coisas também. Já cheguei em casa e a Nala estava fantasiada de princesa.
MJ: Como foi a reação delas ao saber que era possível usar a mesma estampa em roupas e acessórios que a Nala? Você acredita que isso faça com que ela fique mais inserida na família?
Aline Martins: Elas amam se vestir igual a Nala. Se sentem fazendo parte e querem mostrar para todo mundo, tirar fotos etc. A Nala não sente a diferença, mas isso tem um efeito psicológico nas crianças de pertencimento a um núcleo familiar que é lindo de ver.
Essa conexão traz à tona os melhores sentimentos e sensações, foi cientificamente comprovado que essa relação e convívio libera dopamina, ocitocina e endorfina (conhecida por seu efeito analgésico), além de diminuir os índices de cortisol, o hormônio do estresse. Os cães fazem parte da história da humanidade. Também morreram nas grandes pandemias, como a Peste Negra, participaram de guerras, ajudam no combate ao tráfico de drogas e estão ao nosso lado nos melhores e piores momentos da nossa vida.
A psicóloga Mariana Sessa conversou com o Mulheres Jornalistas para explicar melhor como essa relação ocorre.
Mulheres Jornalistas (MJ): Como você avalia essa relação cada vez mais próxima entre seres humanos e seus Pets?
Mariana Sessa: O ser humano se mantém através das relações, constituímos e somos constituídos por elas. A relação com os pets aproxima o indivíduo dele mesmo. No processo terapêutico, por exemplo, o ideal é que, com o auxílio do psicólogo o paciente aprenda a se relacionar melhor consigo mesmo e com tudo que é importante para si. No meio desse caminho, caso descubra que se relacionar com os animais torna a vida melhor, por que não o fazer?!
MJ: Existe algum limite a ser estabelecido nesse tipo de relação?
Mariana Sessa: Assim como toda relação, é necessário que sejam estabelecido limites. E quem determina esses limites? A própria pessoa que escolhe ter um animalzinho, porque quando a gente fala de limites precisamos entender que cada um tem o seu. Não dá para estabelecer um limite saudável entre dono e seus bichinhos, que sirva para todas as pessoas. Precisamos entender e respeitar que o que é bom para o outro não necessariamente será bom para mim. Isso acontece também nas relações humanas. A orientação é que em toda relação haja equilíbrio, para não invadir o espaço do dono, tampouco o dos pets.
O mercado pet apresenta cada vez mais opções variadas de cores e estampas em roupas, coleiras e outros acessórios para agradar tutores e permitir que o animalzinho transpareça as preferências e tendências daquele núcleo de convívio. A empresa FreeFaro é um exemplo de negócio voltado para esta área desde 2017. O coordenador criativo da marca, Hiago Fernandes Matiello, nos conta um pouco sobre a trajetória e as expectativas futuras da instituição.
Mulheres Jornalistas (MJ): Qual o propósito da marca FreeFaro?
Hiago Matiello: A FreeFaro tem o propósito de democratizar a moda pet através de acessórios e produtos de extrema qualidade com preços e custo benefício acessíveis.
MJ: Vocês investem em algum tipo de pesquisa para lançar as coleções e estampas da marca?
Hiago Matiello: Hoje os pets fazem parte da família de seus tutores. Muito mais que o melhor amigo do homem, os cães se tornaram uma extensão deles. Por isso, os processos de lançamento e criação das coleções não vão muito longe do processo de uma coleção para humanos. São consideradas tendências de moda cores e novidades para acessórios pets, porém, sempre priorizando a segurança e o conforto, tanto do animal, quanto de seu dono. O processo se torna um pouco diferente quando tratamos de coleções licenciadas. Hoje nós possuímos licenciamento com Warner Bros, que nos possibilita produzir acessórios de personagens, como Batman, Mulher Maravilha e Scooby-Doo, e de grandes times de futebol, como Flamengo, Fluminense e Corinthians. No caso desses licenciados, o processo se torna menos amplo por se falar de um público específico, mas a cobrança para um resultado satisfatório é muito maior.
MJ: Quais os planos futuros da empresa para esse mercado de moda Pet?
Hiago Matiello: Desde 2018, quando iniciamos nossas vendas no E-commerce, a FreeFaro não parou de crescer, conseguimos fechar grandes parcerias comerciais, licenciamentos, aumentar nosso portfólio de produtos e, claro, que tudo isso ao mesmo tempo. A mudança cultural do papel dos pets dentro dos lares brasileiros tem refletido diretamente nos shoppings centers, parques e outros espaços de lazer. Ter um estabelecimento Pet Friendly é a tendência para um novo normal. Estamos executando um plano de franquias para ocupar cada vez mais esses espaços, por isso em um futuro não distante será possível se deparar com lojas e quiosques FreeFaro em várias cidades e com muito mais frequência.