Luiza Esteves, Repórter do Rio de Janeiro
 
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, no dia 26 de junho, a medida que determina a substituição e recolhimento das sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais. A Lei 8006/2018 prevê multa de até R$ 43 mil para quem não cumprir a norma.
 
As sacolas feitas a partir de derivados do petróleo serão substituídas por outras feitas de fibras vegetais, como a cana e o milho. Dessa forma, os mercados deverão disponibilizar sacolas confeccionadas com mais de 51% de materiais derivados de material biodegradável. A expectativa é de que os supermercados ofereçam um Ponto de Entrega Voluntário (PEV) para que os clientes possam deixar seu lixo reciclado.
 
As sacolas terão cores diferentes para facilitar a identificação de quais serão encaminhadas às centrais de triagem de coleta seletiva. A verde será destinada ao lixo reciclável (metal, papel, plástico e vidro) e a cinza para o destarte do lixo comum (restos de comida, papel higiênico, bitucas de cigarro, fraldas e lâmpadas).
 
A recomendação da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj) foi de fornecer gratuitamente apenas 2 bolsas por compra para cada cliente e cobrar o preço de custo da bolsa a partir da terceira unidade. De acordo com a associação, o consumo de sacolas caiu da média de 77 milhões por semana no período anterior à vigência da lei para 53 milhões, entre 26 de junho e 3 de julho.
 
“Percebemos que muitos consumidores já chegaram preparados com suas sacolas retornáveis logo no primeiro dia da lei e essa foi uma surpresa muito positiva”, comentou Fábio Queiróz, presidente da Asserj.
 
Segundo o relatório da World Wide Fund for Nature (WWF), o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de EUA, China e Índia. O nosso país gera 11,3 milhões de toneladas por ano. Por conta dessa situação sabemos da importância que a medida de redução do plástico significa para o Brasil, contudo devemos levar em consideração algumas observações.
 
Uma forma mais eficiente de reduzir o desperdício de sacolas plásticas e usá-las como saco para guardar o lixo, por exemplo, de modo a reutilizar o material. Mas apesar dessas ações a situação do país é bem mais complexa e apenas a redução das sacolas é uma ação relativamente pequena.
 
Se todos os países do mundo proibissem as sacolas plásticas, elas representam menos de 0,8% da massa do material nos oceanos. Mais de 70% de todos os plásticos que flutuam nos oceanos, cerca de 190.000 toneladas, vêm da pesca, com boias e linhas compondo a maioria.
 
Para resolver essa questão ambiental devemos focar na mudança que poderá gerar um impacto mais significativo no país. Um dos problemas que mais prejudica o Brasil em relação aos resíduos é o baixo investimento em usinas de reciclagem e tratamento de lixo, o que gera os chamados “lixões” a céu aberto.