Por Mariana Mendes, Jornalista -SP

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Editora: Letícia Fagundes

No último domingo (18), aconteceu a final do CBLoL, o Campeonato Brasileiro de League of Legends, principal competição de eSports do país. Com grande público e prêmio de R $70 mil para o vencedor, fica claro que os jogos eletrônicos são parte do futuro dos esportes e entretenimento no mundo todo. Cada ano em mais evidência, o eSports também é um mercado que reflete a desigualdade de gênero e a luta das mulheres por espaço.

O número de jogadoras profissionais cresce a cada ano. Uma das mulheres com grande potencial no eSports é Rafaela de Oliveira Miranda, de 19 anos. A jovem conta ao Instituto Mulheres Jornalistas um pouco sobre sua carreira e como é ser mulher neste ambiente predominantemente masculino.

Rafaela – ou apenas “Miranda” como é conhecida -, mora em São Paulo e é estudante de psicologia. Jogadora profissional do time feminino da INTZ, Miranda se tornou a primeira mulher da história a disputar o Brasileirão de Rainbow Six.

Foto: Divulgação/ INTZ

A jovem conta que começou no mundo gamer por influência de seu irmão mais velho, Rafael. “Ele é 11 anos mais velho, então desde pequena eu já o via jogando FPS com os amigos e sempre pedia para que ele me ensinasse.” Assim, ela criou amor pelos games, jogando desde os 11 anos de idade até hoje.

Miranda começou a realizar lives de jogos na plataforma Twitch e se tornou conhecida no mundo dos eSports. Com isso, a profissionalização veio no fim do ano passado: “Nem sempre sonhei em me tornar pro, sempre tive mais vontade de fazer lives e me tornar bem sucedida através disso. Decidi tentar a carreira de player profissional em dezembro de 2020, e então me candidatei.” Hoje, com quase quatro mil seguidores no site de streaming, Miranda é uma de muitos gamers que buscam  reconhecimento e patrocínio através da transmissão de video games.

Sobre ser a primeira mulher no campeonato nacional de RB6, Miranda conta emocionada: “Foi uma sensação de ‘dever cumprido’. Não tenho palavras para descrever o significado disso tudo, mas sei que foi uma oportunidade tão linda para mim, quanto para outras mulheres que sonham com isso. Sei que, de alguma forma, inspirei muitas pessoas e isso é o mais importante para mim.”

O mercado de esportes eletrônicos está mudando devido ao impacto gerado por coletivos e ações, como Sakuras eSports, Projeto Valkírias e You Go Girls, que dão visibilidade, apoio e preparação para garotas no cenário competitivo de games. Além disso, dados da Pesquisa Game Brasil (PGB), divulgado em junho de 2020, revelam que a maioria do público gamer do país é feminino, totalizando cerca 53% dos jogadores de eSports, mostrando que este é, sim, um universo para mulheres.

O MJ perguntou a Miranda qual conselho daria para meninas que procuram se profissionalizar neste mercado. “Nunca desistam. Elas enfrentarão diversas pessoas que tentarão dizer que ali não é o lugar apropriado, que elas não podem jogar videogames ou até mesmo que não tem capacidade para isso. Mas peço que nenhuma, jamais, desista dos seus sonhos e lute diariamente por isso.”, diz.

Sobre o preconceito e o machismo encontrado dentro do eSports, Rafaela diz que já se magoou com alguns comentários, mas nunca se deixou abalar. “Claro, já me magoei bastante com algumas palavras, mas sei que nenhuma delas me descreveram. A única forma de abrir espaço [para outras mulheres] é o respeito.”

Acerca do futuro, Rafaela é otimista. “Meus próximos passos serão focados em dar meu melhor nas lives, para atrair mais o público e conseguir ter um contato direto com aqueles que me apoiam, e também me esforçar diariamente para que meu gameplay esteja cada vez melhor e de alto nível.”, conclui.