Por Silvana Cardoso, Jornalista – RJ
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista

Atendente de bar, assistente de almoxarifado, jogador de handebol, professor de educação física, cenógrafo, trapezista… Domingos Montagner trilhou um caminho improvável até chegar à televisão aos 46 anos. Mas entre as muitas atividades que exerceu, nada lhe dava mais orgulho do que ser palhaço e ter o circo como seu palco principal. Escrita pelo jornalista Oswaldo Carvalho, a biografia Domingos Montagner – O espetáculo não para (Editora Máquina de Livros, 2022) narra a trajetória de Domingos desde a infância no Tatuapé, em São Paulo, até se consagrar como um dos maiores atores brasileiros deste século. A história de Domingos se confunde com o renascimento do circo no Brasil entre o fim dos anos 1980 e 1990. Oswaldo traz o leitor para o dia a dia de Mingo – como era chamado na infância – e sua inquietação até descobrir o mundo artístico. As primeiras experiências no teatro amador, o talento para criar e manipular bonecos, as aulas na Circo Escola Picadeiro, as dificuldades enfrentadas como artista de rua e as viagens pelo mundo em festivais, tudo é contado em detalhes, recheado de diálogos, situações inusitadas e episódios nunca revelados.

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Capa Domingos Montagner: o espetáculo não para, Crédito Máquina de Livros

Oswaldo também reconstrói histórias do cinema e da TV, quando Domingos se tornou pivô de disputas ferrenhas entre diretores, ao mesmo tempo em que encantava colegas pela humildade e generosidade num meio habituado a estrelismos. Sua morte no Rio São Francisco, nos últimos dias de gravações de “Velho Chico”, em que interpretava o protagonista da trama, chocou e comoveu o país. O espetáculo não para foi escrito a partir de vasta pesquisa documental e de entrevistas com mais de 80 parentes, amigos, artistas, diretores e profissionais que participaram de todas as fases da carreira de Domingos. Desde o inseparável parceiro Fernando Sampaio e o saudoso Luiz Gustavo (que fez um texto especialmente para Domingos, reproduzido no livro) até estrelas com quem contracenou, como Antônio Fagundes, Lilia Cabral, Ingrid Guimarães, Cauã Raymond, Maria Fernanda Candido, Gabriel Leone, Camila Pitanga e muitos outros. O texto da orelha é da atriz Denise Fraga, amiga que conviveu de perto com Domingos. O espetáculo não para traz mais de 150 fotos, muitas delas inéditas, do acervo pessoal do ator, cedidas pela esposa Luciana Lima e pelo irmão Francisco Montagner. O leitor ainda tem a chance de conhecer o talento de Domingos como desenhista (outra das atividades que exerceu), a partir de ilustrações que fez ao longo da vida. O resultado é uma biografia repleta de imagens, narrada como se fosse um romance, com reviravoltas, surpresas e passagens emocionantes.

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Foto Ilustração de palhaço feita pelo ator Domingos Montagner – Arquivo Pessoal/Luciana Lima

A trajetória do Domingos parece uma sinopse de filme: um palhaço trapezista que vira galã de novelas prestes a completar 50 anos. Durante as pesquisas e as entrevistas, ficou claro que ele foi um dos protagonistas da virada na história do circo. Graças a artistas como Domingos, voltamos a assistir espetáculos circenses inovadores – conta Oswaldo, que levou três anos trabalhando no livro.

Eventos especiais de lançamento acontecem nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, com a presença da família do ator e do seu grande amigo e parceiro, Fernando Sampaio. Em São Paulo, o lançamento ganha apresentação especial da companhia criada por Domingos e Fernando, a Cia La Mínima, com o espetáculo que deu à dupla um inédito Prêmio Shell para dois palhaços – A noite dos palhaços mudos. Domingos Montagner – O espetáculo não para é uma grande homenagem ao ator que partiu de forma inesperada, no auge do seu sucesso que, de forma romanceada, o autor também apresenta um apanhado de histórias curiosas, relacionadas abaixo.

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Foto Domingos Montagner e Fernando Sampaio na primeira montagem do La Minima, As bailarinas; (arquivo La Mínima)

Tempo de produção: Preparado durante três anos, a publicação contou com apoio irrestrito da família do Domingos, particularmente de Luciana Lima, viúva do ator e que também era artista de circo e produtora. Ela abriu todo o acervo de Domingos, cedeu fotos inéditas e está coordenando o lançamento em São Paulo, com uma apresentação de “A noite dos Palhaços Mudos”, montada especialmente para o lançamento da biografia e com Fernando Sampaio à frente do elenco. Tanto Luciana quanto Fernando também estarão no lançamento do Rio, dia 3 de maio.

Entrevistas: Oswaldo Carvalho entrevistou quase uma centena de pessoas, entre elas os principais nomes do circo e do teatro em São Paulo, como Cacá Rosset, Beto Andreetta e Zé Wilson Moura, e grandes nomes do cinema e da TV que contracenaram com Domingos, entre eles Lilia Cabral, Antonio Fagundes, Debora Bloch, Camila Pitanga, Marcelo Serrado, Cauã Raymond e Ingrid Guimarães.

Movimento circense de São Paulo: Em paralelo à trajetória do Domingos, o livro é quase também uma biografia do movimento circense e teatral em São Paulo nos anos 1990 e 2000. Domingos foi da Pia Fraus e depois fundou a La Mínima, com Fernando Sampaio. Mas durante todo o livro a trajetória de outras trupes e companhias importantes como Parlapatões, XPTO, Nau de Ícaros, Acrobático Fratelli e, claro, a pioneira delas, o grupo Ornitorrinco, do Cacá Rosset.

Novo Circo: A história (com todas as suas dificuldades e crises) da Circo Escola Picadeiro, que formou muitos artistas dessas companhias, assim como do Circo Zanni, criada por Domingos e outros artistas, é detalhada num panorama profundo, que mostra como o movimento desses artistas revitalizou o circo no Brasil e, especialmente, em São Paulo.

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Domingos Montagner, Foto de Carlos Gueller, em Abril 2016

Designer: Domingos foi responsável pelo material gráfico dos dois primeiros espetáculos que participou, ainda de forma amadora: “Adolescentes”, em que dirigiu seus alunos de educação física na Escola Pacaembu, em 1987; e “Maroquinhas Fru-Fru”, encenado pela diretora Myrian Muniz em 1989 e que marcou sua estreia nos palcos.

Aulas na França: Entre 1995 e 1996, Domingos estudou em uma das mais importantes escolas de circo do mundo, fundada há quase cinco décadas: a Académie Fratellini, em Saint-Denis, cidade vizinha de Paris, na França.

Mestres palhaços: Domingos aprendeu a arte da palhaçaria em 1989 com Roger Avanzi, o lendário Picolino II, e teve duas temporadas de treinamento com Leris Colombaioni, descendente de famílias de saltimbancos medievais, os Delacqua e os Travaglia. O pai de Leris, Nani Colombaioni, referência do teatro cômico mundial, prestou consultoria técnica para o filme “I clowns”, do diretor italiano Federico Fellini.

Estreia na TV: Antes de chegar às novelas da Globo, numa participação no seriado “Força-tarefa” em 2010, Domingos já tinha feito dois trabalhos para a TV: o seriado “Mothern”, da GNT, em 2007, e o telefilme “Paredes nuas”, de Ugo Giorgetti, da TV Cultura, em 2008.

Surpresa no camarim: Quando convidou Domingos para fazer o teste que o levou para a Globo, Zeca Bittencourt, pesquisador de elenco da emissora, procurava atores cômicos e foi assisti-lo em um espetáculo de palhaçaria. Ao vê-lo tirar a maquiagem no camarim, Zeca ficou espantado com aquele novo galã: “Você no palco parecia uma criança grande e agora estou vendo o nosso Russell Crowe”.

Peça de museu: Os collants das primeiras apresentações da La Mínima, em que Domingos e Fernando Sampaio faziam duas bailarinas atrapalhadas, estão guardados como relíquias no Centro de Memória do Circo, no Largo do Paissandu, em São Paulo.

Luzes, câmera, ação!: As gravações de “Cordel encantado”, primeira novela de Domingos, eram dignas dos filmes de ação de Hollywood. A mula que o ator montava o derrubou longe e ele só não se machucou porque aprendera a cair em pé no circo. Mais tarde, teve ferimentos leves com seu figurino, um pesado gibão de couro cravejado de adornos em metal, numa cena de luta entre o Capitão Herculano e Jesuíno, vivido por Cauã Raymond.

Professor de trapézio: Foi o próprio Domingos que treinou Ingrid Guimarães para as cenas de trapézio no filme “Um namorado para minha mulher”, de 2016. A atriz morre de medo de altura, mas se acalmou com as aulas que recebeu.

Shazan e Xerife: Domingos estava cansado de ser chamado apenas para papéis de galã na TV. No início de 2016, meses antes de morrer, ele tinha acertado com o diretor Maurício Farias o seu primeiro papel cômico na Globo, no remake de “Shazan, Xerife & Cia”, infantil estrelado por Paulo José e Flávio Migliaccio em 1972.

O livro teve patrocínio da Harsco Environmental e da Secretaria de Cultura e de Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro e projeto da Sábios.

 

FICHA TÉCNICA

Título: Domingos Montagner – O espetáculo não para

Autor: Oswaldo Carvalho

Editora: Máquina de Livros

Preço: R$ 69 (impresso) e R$ 49 (e-book)

Páginas: 352

Gênero: Biografia

 

LANÇAMENTO NO RIO

Data: 3 de maio de 2022 (Terça-feira)

Horário: A partir das 19h

Local: Livraria da Travessa do Shopping Leblon

Endereço: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, 2º piso

 

LANÇAMENTO EM SÃO PAULO

Data: 4 de maio de 2022 (Quarta-feira)

Horário: A partir das 18h

Local: Centro Cultural Fiesp | Teatro do SESI-SP

Endereço: Avenida Paulista, 1313

*Às 19h, haverá apresentação do espetáculo “A noite dos palhaços mudos”, da Companhia La Mínima