Por Giselle Cunha, Jornalista- RJ
giselle.cunha@mulheresjornalistas.com
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista

Conheça a importância e as atribuições dessa profissão que contribui intensamente nos processos agrícolas

Gente que faz! Assim podemos nos referir aos profissionais que cuidam desde o orçamento até a execução e fiscalização sobre o preparo dos solos férteis, responsáveis por movimentar bilhões de reais e garantir o sucesso de uma boa parte da economia brasileira. Estamos falando do Técnico Agrícola, a profissão parceira em todos os momentos dos agricultores rurais, que é comemorada no dia 5 de novembro e foi regulamentada no ano de 1968, porém bem antes já atuava no mercado auxiliando no desenvolvimento do ramo.

No Rio Grande do Sul, a Escola Técnica de Agricultura em Viamão (ETA) criou, no ano de 1910, um ensino técnico profissionalizante, cujo nome dado foi Curso de Capatazes Rurais. O curso foi considerado moderno e audacioso e acabou virando modelo para o ensino em todo o Brasil e na América do Sul. Atualmente, o Brasil conta com mais de 300 mil profissionais da área.

Mas você sabe quais as áreas de atuação dessa profissão?

Prestar assistência e consultoria técnicas:

Podem orientar o local para a atividade agropecuária, sobre preservação ambiental, aspectos do solo, época de plantio, formas de irrigação, entre outras várias opções.

Executar projetos agropecuários:

Cotar máquinas, insumos, coletar amostras para análise, prescrever receituário agrícola, manejar reprodução de animais, realizar cruzamentos, verificar custo-benefício para o produtor e outros.

Planejar atividades agropecuárias:

Verificar e auxiliar na capacitação tecnológica do produtor, analisar a viabilidade econômica e infraestrutura da propriedade, definir cultivares, raças e espécies, entre outros.

Promover organização, extensão e capacitação rural:

Demonstrar uso de equipamentos, organizar treinamentos e cursos, participar de eventos, organizar reuniões com produtores, apresentar resultados, sistematizar informações socioeconômicas etc.

Fiscalizar produções agropecuárias:

Fiscalizar vacinação de animais, emitir documentos referentes à produção de mudas e sementes, classificar produtos vegetais, emitir documentos à defesa sanitária e outros.

Administrar empresas rurais:

Pode divulgar produtos agropecuários, promove reuniões entre funcionários e fornecedores, administra funcionários da propriedade, assegura as condições de trabalho, fornece dados financeiros para a contabilidade, entre outros.

Recomendar procedimentos de biosseguridade:

Recomenda desde a limpeza e desinfecção de máquinas, até o uso de agrotóxicos e medicamentos veterinários, descartes de embalagens, isolamento de área, técnicas de quarentena de animais, destino de animais mortos etc.

Desenvolver tecnologias:

Adaptar instalações conforme necessidade da região e do produtor, desenvolver equipamentos para produtores, adaptar tecnologias de produção, criar técnicas alternativas para plantio e aplicação de agrotóxicos.

Disseminar produção orgânica:

Seleciona sementes para produção orgânica, dissemina produção de compostos orgânicos, produtos naturais na adubação, técnica de adubação verde entre outras técnicas, realizar capina mecânica e manual.

Existem várias modalidades dentro da profissão de técnico agrícola, cada uma delas migrou em 2020 do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para o CFTA (Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas).

São elas:

  1. Técnico Agrícola
  2.  Técnico Agrícola em Açúcar e Álcool
  3.  Técnico Agrícola em Agricultura
  4.  Técnico Agrícola em Agricultura de Precisão
  5.  Técnico Agrícola em Agrimensura
  6. Técnico Agrícola em Agroecologia
  7.  Técnico Agrícola em Agroextrativismo
  8. Técnico Agrícola em Agroflorestal
  9.  Técnico Agrícola em Agroindústria
  10.  Técnico Agrícola em Agronegócio
  11. Técnico Agrícola em Agropecuária
  12.  Técnico Agrícola em Alimentos
  13.  Técnico Agrícola em Apicultura
  14. Técnico Agrícola em Aqüicultura
  15. Técnico Agrícola em Beneficiamento/Processamento de Madeira
  16. Técnico Agrícola em Bovinocultura
  17. Técnico Agrícola em Cafeicultura
  18.  Técnico Agrícola em Carnes e Derivados
  19. Técnico Agrícola em Cervejaria
  20. Técnico Agrícola em Cooperativismo
  21. Técnico Agrícola em Equipamentos Pesqueiros
  22. Técnico Agrícola em Frutas e Hortaliças
  23.  Técnico Agrícola em Fruticultura
  24. Técnico Agrícola em Geodésia e Cartografia
  25.  Técnico Agrícola em Geologia
  26.  Técnico Agrícola em Geoprocessamento
  27. Técnico Agrícola em Gestão Ambiental
  28. Técnico Agrícola em Grãos
  29.  Técnico Agrícola em Hidrologia
  30. Técnico Agrícola em Horticultura
  31. Técnico Agrícola em Infra-Estrutura Rural
  32.  Técnico Agrícola em Irrigação e Drenagem
  33. Técnico Agrícola em Jardinagem
  34. Técnico Agrícola em Laticínios
  35. Técnico Agrícola em Leite e Derivados
  36. Técnico Agrícola em Mecanização Agrícola
  37. Técnico Agrícola em Meio Ambiente
  38. Técnico Agrícola em Meteorologia
  39. Técnico Agrícola em Mineração
  40. Técnico Agrícola em Ovinocultura
  41. Técnico Agrícola em Paisagismo
  42. Técnico Agrícola em Pecuária
  43. Técnico Agrícola em Pesca
  44. Técnico Agrícola em Piscicultura
  45. Técnico Agrícola em Pós-Colheita
  46. Técnico Agrícola em Recursos Minerais
  47. Técnico Agrícola em Recursos Pesqueiros
  48. Técnico Agrícola em Saneamento
  49. Técnico Agrícola em Topografia
  50. Técnico Agrícola em Veterinária
  51. Técnico Agrícola em Viticultura e Enologia
  52. Técnico Agrícola em Zootecnia
  53. Técnico Agrícola Florestal ou Florestas
  54. Técnico Agrícola Rural

Fonte: CTFA (https://www.cfta.org.br/index.php/profissional/modalidades-do-tecnico-agricola)

Além de todas as competências técnicas, o profissional dessa área convive diretamente com os agricultores e divide com eles cada desafio, cada desenvolvimento e cada conquista. Tornam-se figuras importantes e parceiros de todas as classes e etapas que fazem parte do processo como um todo.

Dia-do-técnico-agrícola
Entrevistada Técnica agrícola Letícia Zancanaro. Foto: Acervo Pessoal/Letícia Zancanaro

O Instituto Mulheres Jornalistas acompanhou a história da professora, técnica agrícola especializada em agropecuária, Letícia Zancanaro. A professora relata que “entrou no ramo por influência familiar, mas que é apaixonada pelo o que faz”. Assim como em outras profissões, a mulher ainda enfrenta desafios e desigualdade no meio. Letícia relata que o maior desafio é provar ser capaz e ter conhecimento tanto quanto um homem, ou seja, é necessário medir forças diariamente. Segue esperançosa dizendo que “espera no futuro ver mais mulheres atuando na área agrícola, sendo devidamente valorizadas e podendo desenvolver atividades com autonomia e perfeição”

“Atualmente atuo como professora no curso técnico em agropecuária, porém procuro atender meus alunos da melhor maneira possível, tirando dúvidas e buscando aprender junto com eles”, diz Letícia.

Tecnologia e Inovação

De acordo com um levantamento realizado pela McKinsey e Company em 2020, 85% dos nossos produtores utilizam aplicativos como o WhatsApp diariamente para assuntos relacionados à agricultura e 71% dos agricultores utilizam os canais digitais no cotidiano para o cultivo e ganho de informações.

A Embrapa aponta que 84% dos agricultores utilizam alguma tecnologia seja no processo de cultivo para compra de produtos ou para a venda da produção, no mapeamento da lavoura e da vegetação, na prevenção de riscos climáticos, no bem estar animal, na certificação ou na rastreabilidade dos alimentos.

Entrevistamos também Adeilson Pereira Miranda, que é técnico agrícola e atua no ramo há 26 anos.

Dia-do-técnico-agrícola
Entrevistado Técnico agrícola Adeilson Miranda. Foto: Divulgação/Assessoria Aliare

Mulheres Jornalistas (MJ): Porque você escolheu essa profissão?

Adeilson: Desde os meus 11 anos, tive vocação para a área agropecuária. No ano de 1988, iniciei o quinto ano escolar na Escola Municipal Agrícola de Cassilândia – MS e concluí o ensino fundamental na mesma escola no ano de 1991. A partir de então, eu tinha convicção que me formaria como Técnico Agrícola e atuaria nesta área após minha formação que ocorreu no ano de 1994, na Escola Agrotécnica Federal de Rio Verde – GO.

MJ: Qual o maior desafio na área?

Adeilson: Reconhecimento da capacidade profissional. Por um bom tempo, pude notar que existia, infelizmente, um certo preconceito sobre a formação de Técnico Agrícola. Felizmente, após a criação do conselho próprio dos Técnicos Agrícolas, o CFTA mudou muito esta situação, ou seja, somos melhores vistos no mercado de trabalho.

MJ: Qual suporte seria necessário para melhorar a qualidade e os resultados dos atendimentos?

Adeilson: Posso confirmar que houve um avanço muito grande das instituições de ensino na formação dos Técnicos Agrícolas, e quanto ao próprio conselho CFTA, desta forma somos muito bem assistidos. No meu ponto de vista, o que precisa são mais pessoas quererem esta formação e investir nela, pois o agronegócio brasileiro tem um potencial muito grande para absorver esta mão de obra capacitada dos Técnicos Agrícolas.

MJ: Relate um fato marcante na sua vida relacionado à profissão?

Adeilson: Há mais de 18 anos, trabalho com legislação, comércio e uso de defensivos agrícolas, diretamente com Receituário Agronômico/Receituário Agrícola, e atualmente a plataforma AgriQ é a mais utilizada para atender a demanda a nível nacional.

Dia-do-técnico-agrícola
Layout do software AgriQ. Foto: Divulgação/Assessoria Aliare

MJ: Como surgiu o AgriQ?

Adeilson: No Brasil, sendo um grande produtor de grãos, usa-se muito defensivos agrícolas para eliminação de plantas daninhas e para proteger as plantas de ataques de pragas e doenças. Dessa forma, necessita-se de uma solução segura e inteligente para ajudar o profissional na prescrição da receita agrícola. Por isso, vimos uma grande oportunidade para oferecer nossos serviços, via plataforma web, API de integração ou aplicativo mobile. Então, nasceu o AgriQ com uma solução inovadora, veloz, prática e segura.

MJ: Como a liberação das assinaturas eletrônicas facilita a demanda de atendimento?

Adeilson: Dispensa o presencial e a impressão da receita agrícola para assinatura do profissional, ou seja, após a visita a campo e identificar o diagnóstico, o Técnico Agrícola pode fazer prescrição da receita agrícola e, quando tiver internet, realizar a assinatura digital do documento e compartilhar com o produtor rural via aplicativo de mensagem ou e-mail, para que o mesmo possa se dirigir a um comércio e realizar a compra do produto recomendado na receita agrícola.