Por Mirian Romão- São Paulo

O Brasil sempre teve que enfrentar o desmatamento ilegal, principalmente na Amazônia, onde muitos consideram o pulmão do país. 
 
O desmatamento é um dos mais graves problemas ambientais da atualidade, a perda de florestas proporciona uma série de prejuízos ao meio ambiente, com grandes perdas da biodiversidade, a degradação do solo, redução da umidade do ar, o aterramento de rios e lagos e a desertificação. 
 
As principais causas para o desmatamento ilegal acontecer estão relacionados com extração de madeira, expansão agricultura e pecuária, construção de estradas e incêndios. 
 
Em meio a pandemia causada pelo novo coronavírus, durante os 7 primeiros dias de maio, o desmatamento no Brasil aumentou 64% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com o G1
 
Mesmo com o avanço do coronavírus no país, o crescimento da destruição da floresta continua. Desde o início de 2020, foram 1.536 km² desmatados na Amazônia, segundo o alerta do WWF-Brasil. 
 
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) informou que de janeiro de 2019 e abril deste ano, cerca de 40% do desmatamento no bioma amazônico ocorreu ilegalmente, em terras públicas. 
 
Entretanto, pouco se faz para diminuir o desmatamento e preservar a floresta. O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em meio a crise do coronavírus, propõe usar a pandemia com oportunidade para encobrir o projeto de destruição do governo e avançar com medidas anti-ambientais. 
A medida anti-ambiental do governo Bolsonaro, tem resultado no aumento expressivo do desmatamento da Amazônia, de acordo com o Green Peace, “um Ministro de Meio Ambiente, condenado por improbidade administrativa, que usa o sofrimento e a morte das vítimas da pandemia para avançar de forma violenta com uma política de destruição e de forma deliberada, dolosa e declarada, e atenta contra a própria pasta não tem moral para ocupar o mais alto cargo ambiental do país que abriga enorme porção da maior floresta tropical do mundo”. 
Em 2019, 99% do desmatamento no Brasil foi ilegal, de acordo o MapBiomas. Em Altamira, no Pará, as áreas desmatadas estão sendo invadidas por madeireiros, muitas delas são habitadas por índios isolados, extremamente vulneráveis. 
De acordo com a nota técnica de pesquisadores do INPE/CMADEN,  “Entre 1 de agosto de 2019 e 14 de maio de 2020, definido no texto como ano de referência 2019/2020), o Sistema DETER (INPE, 2020), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, contabilizou uma área acumulada de 6.059 km2, associada com os alertas de desmatamentos na Amazônia Brasileira. Esta área é aproximadamente 1,7 vezes maior que a média entre 2016 e 2018 (3.582 km2) e do que a área no ano de referência 2018/2019 (3.647 km2) para o mesmo intervalo de tempo, afirma o Secretário Geral da SOS Amazônia, Miguel Scarcello para o Coletivo Mulheres Jornalistas. 
 
O MapBiomas é um sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento, degradação e regeneração de vegetação nativa, lançado em junho de 2019. 
 
No sistema é possível visualizar o ranking com os dez municípios que mais desmataram entre 2019, os cinco primeiros da lista são: Pará, Amazonas, Bahia, Mato Grosso e Rondônia. 
 
Segundo o Uol Eco, o desmatamento no país pode ter levado o coronavírus da cidade, para as aldeias indígenas de Roraima. 
 
Em abril, a covid-19 matou cerca de 34 indígenas até 22 de maio. As aldeias Yanomami e Raposa Serra do Sol estão entre as mais desmatadas em abril, e são as mais vulneráveis no avanço do coronavírus. 
 
Na terra indígena, Raposa Serra do Sol, 1 quilômetro quadrado de terra foi devastadas em um mês. Um levantamento da Agência Pública mostra que mais de 2 mil propriedades privadas foram declaradas ao governo, onde estão terras indígenas. Em 500 delas, vivem indígenas isolados. 
 
De acordo com a Uol Eco, o Brasil perdeu em um mês o equivalente à cidade de Porto Alegre em vegetação na região amazônica. Os dados foram registrados pelo instituto Imazon
Com o aumento dos invasores ilegais, não há indício de que estão respeitando as orientações de higienização para que não propague o coronavírus nos índios que vivem isolados. 
O pesquisar Antonio Oviedo, coordenador do programa de Monitoramento do ISA, acredita que o desmatamento abre caminho para a doença se propagar e afetar os indígenas idosos. 
 
“Os idosos são os tesouros vivos da cultura dos povos indígenas. Imagina entrar em uma aldeia e esse vírus se espalhar. Como fica a continuidade da memória cultural de um povo que cultua seus idosos, se a doença matá-los”, questiona Oviedo. 
Uma das saídas para o desmatamento é engrossar a fiscalização, para o instituto Imazon, seria fundamental cruzar as imagens de satélites com os dados de cadastro de donos de terras para saber se as informações se encaixam.