Como sair do clichê numa época tão clichê?
Por Adriana Buarque, Jornalista – SP
E-mail: adriana.buarque@mulheresjornalistas.com
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Sim, este é um texto sobre final de ano. Provavelmente não trará nenhuma novidade, até porque o tema envolve retrospectivas, sentimentos aflorados, consumo, família para uns, solidão para outros, crenças pessoais ou ausência delas, consumo, comida, gostos e preferências.
Fato é que ninguém passa incólume. O calendário indica que um período termina e incentiva a renovação de votos e sonhos, entretanto, e se não houvesse a pontuação dos dias corridos? Se houvesse apenas o dia e a noite e a passagem do tempo não tivesse o referencial que conhecemos?
Longe de fazer uma análise minuciosa ou provocar crises existenciais, cada um sabe do corre de cada dia para dar conta e talvez não tenha tempo ou não queira parar para perceber o que está ao redor – ou seja, o famoso piloto automático. Ultimamente fala-se muito sobre o autoconhecimento, olhar para dentro de si para depois olhar para fora, positividade, felicidade e soluções que, espera-se, não sejam placebos pra a vida.
Fechar para balanço, no sentido financeiro ou emocional, é parte do roteiro. Ver o planejamento feito no início do ano para checar se as metas foram batidas chega a ser surpreendente. No caso da pessoa que escreve estas palavras, os objetivos foram superados de forma inesperada: por mais que haja a tentativa de traçar linhas no longo prazo, vem a vida e muda o script que torna o desenrolar mais interessante e, por incrível que pareça, acaba levando ao destino almejado.
Infinitas comemorações, reuniões, festas e outros ajuntamentos revelam quem é quem, desde os mais “animadinhos” depois de uns goles a mais até os que no fundo querem sumir da muvuca, passando pelos espectadores que apenas observam a movimentação. Sem falar da fartura gastronômica que pode trazer a glutonaria latente, quando é praxe meter o pé-na-jaca e cair de boca nas delícias da ceia.
Na onda dos ajuntamentos, alguns espíritos altruístas surgem para mostrar que nem tudo é consumo desenfreado: diversas iniciativas procuram compartilhar o universo de festividades com quem não tem acesso ao banquete de final de ano e aos presentes trocados. Entidades assistenciais, organizações sem fins lucrativos se reúnem para dar dignidade aqueles que nada tem, procurando exercer um pouco de justiça social num mundo desigual.
No final, a essência deste período do ano mostra quais são as crenças de cada um. Deste Cristo até o Papai Noel (que muito adulto ainda acredita, pasme!), passando pela ausência de significado da data de Natal, levando à renovação da esperança do ano que se aproxima até o ceticismo de que nada vai mudar: são muitas as leituras que o momento traz.
Entre tantas opções que podemos encontrar, o que importa mesmo é que a vivência seja real, independente do olhar alheio. Depois de um período de pandemia em que a máscara foi fundamental para a proteção de si, que o julgamento do outro não seja arma que nos force a usar armaduras.
Boas Festas!