Giselle Cunha, Jornalista- RJ

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Dicas sobre as melhores práticas e soluções pra você e seu peludo aproveitarem o novo lar da melhor maneira possível

O impacto financeiro gerado pela pandemia da covid-19 atingiu todas as camadas sociais e, diante dessa nova realidade, famílias precisaram readequar seus custos, o que inclui, em muitos casos, a moradia.

Essa movimentação de mudança deixa qualquer um de cabelo em pé, não é verdade? Embala daqui, separa dali, liga pra cá, procura de lá. Enfim, é tanta correria que a gente acaba não se dando conta que os animais sentem todo esse ambiente e o quanto é importante tomarmos certos cuidados para que esse novo local os façam se sentir alegres e seguros.

Um ponto muito importante é procurar não mudar a rotina do animalzinho. Mantenha os horários das refeições, dos passeios e das brincadeiras. Tente agir naturalmente e dê tempo ao tempo, mas saiba que, ainda assim, eles podem apresentar características de ansiedade (dependendo do grau que esse comportamento se apresente, procure um veterinário da sua confiança).

Para quem tem gatinhos, uma casa com bastante enriquecimento ambiental será bem-vinda. Solte sua criatividade e explore cores, alturas e texturas diferentes. Isso vai deixar o bichano bem envolvido nas brincadeiras e aumenta as chances dessa adaptação ser bem sucedida. Para mais dicas, confira a reportagem “Como entender seu gato – Parte 2“.

Assim que chegar, faça uma vistoria na casa, na parte externa, e observe todo o percurso em que será realizado os passeios. Isso é importante para prevenir acidentes, fugas e surpresas indesejáveis.

O olfato dos animais é em torno de 40 vezes mais sensível que o olfato humano, portanto evite lavar objetos como cama, brinquedos, cobertas e peças que tenham o cheiro do local de origem. Isso vai ajudá-los a não perder a referência e se sentir mais seguros.

Por último e mais importante: no dia da mudança, leve os pets para bem longe da confusão. Se puder deixá-los em algum hotelzinho, de preferência que tenha recreação para permitir que brinquem e gastem bastante energia, melhor ainda. No caso dos gatos, se tiver dificuldade para encontrar algum local específico, outra opção seria colocá-lo em um cômodo tranquilo e devidamente identificado na porta para evitar que alguém abra e permita que o animal saia assustado.

Entrevistamos Henrique Perdigão, médico veterinário e adestrador renomado há 17 anos, conhecido nas redes sociais como PerdigaVet.

Foto: Reprodução/Acervo pessoal/Henrique Perdigão

Mulheres Jornalistas (MJ) – Uma das principais preocupações dos tutores de cães de porte grande, ao se mudar de uma casa com quintal para um apartamento, é com a adaptação do pet referente ao espaço e a perda na qualidade de vida. Como podemos facilitar esse processo e evitar grandes impactos na saúde física e psicológica do animal?

PerdigaVet – Essa é uma preocupação muito frequente, mas que não necessariamente é um problema. Quando a pessoa mora em uma casa, ela naturalmente opta por menos passeios, achando que o ambiente grande é suficiente para o cão, mas a pandemia nos mostrou que todo mundo se cansa de ficar dentro de casa e se torna monótono quando não há algo diferente para se fazer.

Quando o cão vai para o apartamento, aumenta o comprometimento do dono com o gasto de energia do animal, aumentam os passeios, a rotatividade de brinquedos e creche. Em muitos casos, acaba melhorando a qualidade de vida do cão por ter um convívio mais próximo com o seu dono.

MJ – Um cão adulto, acostumado a fazer suas necessidades fisiológicas no quintal, consegue se adaptar para fazê-las no tapete higiênico?

PerdigaVet – É possível sim, só não é tão simples e frequente. Pois, na verdade, o tapete higiênico não é um banheiro natural para o cão como o gramado. Geralmente, molhando o tapete higiênico com o próprio xixi dele, ajuda a criar uma referência para que seja feito ali.

MJ – Ao chegar em um ambiente que já exista outro Pet, seja cão ou gato, qual a melhor maneira de administrar essa aproximação?

PerdigaVet – No caso de cão com cão, a melhor forma sempre é em ambiente neutro, na rua se possível com dois condutores. Já se for cão com gato, colocar o cão na coleira ajuda o gato a se sentir mais seguro, entendendo que o cão não pode invadir seu espaço.

MJ – Para mudanças de estados ou países, existe algum procedimento prévio para adaptá-los?

PerdigaVet – A melhor forma é adaptar o quanto antes o cão com a caixa de transporte ou bolsa de transporte em que ele vai viajar. Brinquedos, comida, petiscos, tudo dentro da caixa de transporte, sem a sua porta.

MJ – Em relação aos animais sem histórico de agressões ou abandono e que ainda assim apresentam medo constante de qualquer aproximação a terceiros no passeio. Tem alguma maneira de socializá-los e melhorar esse comportamento?

PerdigaVet- Muitas vezes, esse comportamento é originado de um hiper apego dos donos e uma falta de socialização dos cães. Criar referências positivas, sejam verbais ou alimentares na presença dos estranhos, ajuda muito. Lembrando que não devemos invadir o espaço físico de um cão inseguro! É importante respeitar seu distanciamento para evitar acidentes.

MJ – Qual a importância da participação do tutor no processo de adestramento?

PerdigaVet – A importância é total. Se ele não participar, o cão vai obedecer somente ao adestrador. Por isso, ao invés de educar o cão, educo os donos a educarem seus cães, porque sei que vou embora para minha casa e o dono terá que saber lidar com os problemas do cão dele.

MJ – Com o término do ciclo das aulas de adestramento, muitos tutores param de praticar os exercícios, pois acreditam que não se faz mais necessário. O que você acha sobre isso?

PerdigaVet – Isso vai contra todo e qualquer processo educacional. Seja humano ou canino, tudo na vida é condicionamento e repetição. Se você parar de exercitar seu inglês, você vai esquecer. Se você parar de usar sua cabeça para fazer contas, você vai perder o raciocínio rápido. Devemos sempre estar em constante aprendizado para manter o que foi aprendido.