Por Giselle Cunha, Jornalista- RJ 

giselle.cunha@mulheresjornalistas.com 

Chefe de Reportagem: Juliana Mônaco, Jornalista 

Editora Chefe: Letícia Fagundes, Jornalista 

Conheça um pouco sobre os animais que protegem nossa nação em conjunto com as tropas militares do exército

Obediência, faro, resistência, coragem, proteção e ataque são características necessárias e treinadas diariamente na vida de um animal militar. Acompanhamos a rotina e metodologia de treino desses animais nas reportagens Nem todo herói veste capa – Parte 1, falando sobre os cães da Polícia penitenciária e Nem todo herói veste capa – Parte 2, na qual contamos com a participação da Tropa Canina do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Desta vez, falaremos sobre os animais do Exército brasileiro.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

 

Conhecidos como Cães de Guerra, os cachorros que atuam na área militar foram introduzidos nas Forças Armadas Portuguesas no final da década de 50. Os primeiros cães militares foram trazidos da França e, hoje, são responsáveis por atividades como patrulhamento, guarda das instalações e também atuam em buscas e detecção de drogas e explosivos. Um diferencial desses guerreiros de quatro patas do Exército é a função de paraquedista, exercida por integrantes do 36º Pelotão de Polícia do Exército Pára-quedista.

Trata-se de uma função que exige muito preparo e coragem tanto do condutor, quanto do animal. Após o salto, o condutor libera uma corda de segurança na qual o cão fica preso aos poucos, de modo que ele toque primeiramente o chão em segurança.

Porém, as funções de faro e patrulhamento são as mais comuns na rotina de um cão militar. “O cão enxerga o que, muitas vezes, não detectamos a olho nu. Eles possuem o faro aguçado, por isso, são ferramentas fundamentais no combate ao narcotráfico”, conta a Chefe da Seção e 2º Tenente, Almara de Lucas Vargas.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

Atualmente, a Seção de Cães de Guerra do 11º Batalhão de Polícia do Exército (BPE) possui 15 cães das raças, dentre eles Pastor Alemão, Pastor Belga Malinois e Labrador. Assim como outros cães de serviço, eles iniciam seu treinamento cedo, após o desmame (45 dias). Quando filhotes, praticam a mordida com um pano macio e, após a troca dos dentes de leite, esse pano é substituído por uma luva de mordida. Outros cães chegam ao canil com menos de um ano, podendo permanecer até oito anos na função das operações militares e, após esse período, são reformados.

“Nós zelamos pelo bem-estar animal. Todos os cães têm acompanhamento médico veterinário 24hs por dia. O cão que é empregado em atividades militares é diferenciado, por isso, tem um período específico para desempenhar suas funções. Mas, se necessário for, esse animal continua conosco até o fim de sua vida, com todo suporte necessário. Porém, ele também pode ser adotado pela sociedade ou até mesmo pelo seu adestrador. Existe uma relação muito grande entre os animais e todos os integrantes militares. Percebe-se que o cão adora o que faz”, explica 2º Tenente Almara de Lucas.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

Mulheres Jornalistas (MJ): Quantos cães existem a serviço do Exército Brasileiro atualmente?

2º Tenente Almara de Lucas Vargas: Atualmente existem 516 cães no Exército Brasileiro.

MJ: Quantos canis atendem o Exército brasileiro?

Ten Almara: São 3 Centros de Reprodução e Distribuição de Caninos (CRDC) do Exército, situados em São Paulo, Brasília e Manaus. Mas os cães também podem ser aceitos por doação ou serem comprados se atenderem às exigências e ao perfil para serem Cães de Guerra.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

MJ: Existe alguma diferença ou treinamento específico dos Cães de Guerra para outros cães militares, como os da polícia ou bombeiros?

Ten Almara: Os cães militares podem ser empregados em várias funções, como guarda pessoal; guarda de instalações; detecção de explosivos, munições e narcóticos; busca e captura de pessoas; patrulhamento; entre outros. Logo, alguns treinamentos poderão ser semelhantes entre essas instituições, mas isso dependerá muito da função que o cão irá exercer. Por este motivo, as instituições também podem e utilizam o apoio mútuo quando necessitam de algum treinamento mais específico.

MJ: Quais as principais missões em que Seção de Cães de Guerra do 11° BPE participou?

 

Ten Almara: A Seção de Cães de Guerra realiza diariamente patrulhamento na Vila Militar e presta apoio com cães a várias Organizações Militares (OM) do Rio de Janeiro. Participou da Copa do Mundo FIFA de 2014, eventos-teste para os jogos RIO 2016, Olimpíadas Rio 2016, Paraolimpíadas Rio 2016, Intervenção Federal no RJ em 2018 e Grande Operação de Segurança da Força-Tarefa Conjunta Capixaba em 2017.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

Os cavalos também fazem parte dessa rotina de patrulha militar. Acredita-se que um povo chamado Botai foram os primeiros a domesticá-los, após uma análise genética realizada em ossos de 13 cavalos sacrificados por nômades citas há mais 2 mil anos. Essa ossada foi encontrada na área do Cazaquistão, com mandíbulas danificadas pelo uso de freios e objetos que indicam a prática.

Já no Brasil, desde os tempos do Império, o cavalo tem sido utilizado nas Forças Armadas para mobilidade ou ação de choque às tropas. Com o passar dos anos, ganharam o papel como alternativa terapêutica, uma das formas de preservação das tradições militares, atividades de desportos e, ocasionalmente, integrantes de operações de controle de distúrbios.


O Instituto Mulheres Jornalistas entrevistou Alison Maia Bila, Comandante do 2° Regimento de Cavalaria de Guarda.

Mulheres Jornalistas (MJ): Não só os cães auxiliam os militares, mas existe um suporte realizado com cavalos também. Quando se inicia o treinamento com os equinos?

CMDT Alison Maia Bila: Os equinos utilizados pelo Exército Brasileiro são produzidos em uma Unidade da Força, chamada Coudelaria do Rincão, localizada nos arredores da cidade de São Borja (RS). Nesse local, são realizadas todas as fases de adestramento até a doma e, ao completarem três anos, os animais são enviados para os diversos rincões do país.

MJ: Assim como o cão, o equino possui somente um condutor até sua aposentadoria?

CMDT Alison: Embora haja um esforço para a manutenção da dupla cavalo-cavaleiro, destaca-se que o equino não possui a mesma especificidade do cão no tocante ao vinculo com o adestrador. Nesse contexto, todos os militares da Organização Militar (OM) são capazes de empregar os cavalos de forma semelhante.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

MJ: Quais as raças de equinos mais utilizadas?

CMDT Alison: Atualmente, o Exército Brasileiro utiliza, principalmente, os cavalos Brasileiro de Hipismo (BH) e os cavalos Sem Raça Definida (SRD). Entretanto, o plantel da Força também conta com cavalos Crioulos e Percheron.

MJ: Quais os tipos de missões para que esses animais são direcionados?

CMDT Alison: Existem três vieses principais para o emprego de cavalos no Exército Brasileiro. O primeiro é o operacional, no qual os animais são adestrados a fim de atuarem em Operações de Controle de Distúrbio e Patrulhamento Ostensivo. Em segundo lugar, há o viés cerimonial, no qual o animal é utilizado em atividades, cuja finalidade é exaltar as tradições da Força Terrestre e manter vivo o elo entre o passado e o presente. Por fim, existe o viés esportivo, com destaque para as modalidades de hipismo, dressage, concurso completo de equitação (CCE) e polo.

Foto: Divulgação/Exército Brasileiro/11º Batalhão

MJ: Qual é o equino mais premiado na Instituição?

CMDT Alison: Num horizonte curto, ressalta-se os feitos do cavalo Escudeiro do Rincão que, junto do Coronel Sgnaolin, competiu na modalidade CCE nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

Créditos fotos: Divulgação