Por Mariana Mendes, Jornalista –SP
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Brasileiras batem recorde de Pequim 2008 e sobem no pódio nove vezes

           Um dos destaques dos Jogos Olímpicos de Tóquio foi o recorde de mulheres competindo. Superando a marca de Londres 2012, o Japão teve quase 50% de mulheres nas delegações participantes. E isso refletiu no desempenho das atletas do Time Brasil. Ao total, foram 21 medalhas conquistadas para o país, sendo nove delas por mulheres. O recorde anterior era de Pequim 2008, com sete pódios. Além disso, três das sete medalhas de ouros do Brasil foram das mulheres: Rebeca Andrade, Martine Grael e Kahena Kunze, e Ana Marcela Cunha.

Em números exatos, isto mostra a melhor participação delas em Jogos Olímpicos. Porém, suas conquistas representaram feitos históricos para o esporte brasileiro. Em Tóquio 2020, Rayssa Leal se tornou a brasileira mais nova a subir no pódio, com 13 anos. No último dia de competições, a atleta mais velha do Time Brasil em 2020 também conseguiu a tão sonhada medalha olímpica: Carol Gattaz. Após anos buscando uma vaga na Seleção Brasileira, a atleta, que completou 40 anos durante o evento, conseguiu o maior feito de um atleta.

Rebeca Andrade encantou o Brasil e o mundo com o seu talento na ginástica artística, sua humildade e seu carisma. “Essa medalha não é minha, é de todo mundo”, agradeceu a atleta após levar a medalha de prata no individual geral. Só neste dia, ela já tinha gravado seu nome no esporte, sendo a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica na ginástica feminina. Entretanto, dois dias depois, ela coletou o ouro merecido no salto. A primeira medalhista da ginástica também se tornou a única mulher brasileira a subir no pódio duas vezes em apenas uma edição dos Jogos. O legado de Daiane dos Santos foi finalmente concretizado.

No tênis, Luisa Stefani e Laura Pigossi traçaram a trajetória mais improvável do esporte brasileiro e, em um jogo impressionante, venceram a dupla russa e conquistaram o bronze. A primeira medalha para o Brasil neste esporte e chegou com duas mulheres que souberam dias antes do início do evento que iriam competir. Sem treinamento, uma das últimas opções nas listas das convocadas, a força de vontade de duas mulheres criou um momento inédito nas Olimpíadas.

Mayra Aguiar também voltou para o Brasil com mais uma medalha de bronze. A judoca subiu ao pódio em Londres 2012 e Rio 2016 e, em Tóquio, se tornou a primeira mulher a ter três medalhas olímpicas em esporte individual no currículo. Mesmo no esporte que provavelmente decepcionou mais o brasileiro pela tradição no evento, o judô fez mais uma atleta mulher entrar para história.

Martine Grael e Kahena Kunze se tornaram bicampeãs olímpicas na vela, mostrando para o mundo que são as melhores na sua categoria. Também foi no mar de Tóquio que Ana Marcela Cunha, eleita seis vezes a maior maratonista aquática do mundo, conquistou a tão sonhada medalha de ouro na competição de águas abertas (10km). Foi a primeira medalha da natação conquistada por uma mulher em Jogos Olímpicos para o Brasil. Além disso, parte do simbólico time LGBTQIA+ no evento, ela participou das 11 medalhas de ouro conquistadas por atletas abertamente homossexuais, bissexuais, trans, queer e não binários.

Por fim, o boxe, junto com o skate, se consagrou o esporte que trouxe mais medalhas para o Brasil em Tóquio 2020, com a prata de Beatriz Ferreira na categoria até 60kg. Dona da melhor campanha de uma mulher brasileira no boxe, a pugilista mostrou sede pelo ouro e garantiu correr atrás do lugar mais alto do pódio em Paris 2024. A seleção feminina de vôlei conquistou sua primeira medalha de prata em Tóquio, após perder para as americanas, fechando a contagem de nove pódio das mulheres do Time Brasil.

O histórico das mulheres brasileiras em Jogos Olímpicos

            A caminhada para chegar no histórico evento de 2021 foi longa. Maria Lenk, que dá nome ao Centro de Treinamento do Time Brasil de natação, foi a primeira mulher sul-americana a disputar uma prova olímpica, em Los Angeles 1932. Com apenas 17 anos, ela nadou três provas: 100m livre, 100m costas e 200m peito. A atleta não ganhou medalha, mas é a única da natação brasileira que possui um lugar no Hall da Fama do esporte.

Desde Moscou 1980, o número de mulheres participantes cresce constantemente. E, em 1996, em Atlanta, as brasileiras subiram no pódio. Das 15 medalhas, 4 foram das mulheres: ouro e prata no vôlei de praia, prata no basquete e bronze no vôlei de quadra. A porcentagem desde então ficou entre mais de 40% de mulheres nos Jogos Olímpicos. Completando 41% das medalhas conquistadas em Tóquio, o feito deve ser comemorado por todas as atletas do país.