Brasil em chamas: os efeitos da passagem da boiada
Queimadas deixam um rastro de destruição no Pantanal, na Amazônia e no Cerrado. Saiba como ajudar a mitigar os efeitos da devastação causada pelo fogo
Comentarista Melissa Rocha- RJ
melissa.rocha@mulheresjornalistas.com
Vegetação em chamas, céu coberto por uma densa fumaça, animais mortos queimados ou fugindo desesperadamente de labaredas que se alastram dia após dia. As queimadas que afetam três importantes biomas brasileiros – o Pantanal, a Amazônia e o Cerrado – são o principal tema dos noticiários nos últimos dias.
A velocidade com que o fogo avança é tamanha que torna difícil até mesmo mesurar a quantidade da área devastada. Assim como o número de casos e mortes por Covid-19, a quantidade de novos focos de incêndios precisa de atualização constante, e parece sempre abaixo do número real.
É importante dizer que a devastação não se restringe somente ao Brasil. Ao redor do globo, queimadas também varrem vegetações em diferentes países, como no oeste dos EUA e na Argentina, por exemplo. As queimadas envolvem vários fatores, mas compartilham um ponto em comum: são alimentadas pelas mudanças climáticas, que a cada ano tornam o planeta mais quente e os períodos de seca mais severos.
No recorte do Brasil, elas são agravadas por aumento sem precedentes nas queimadas criminosas, feitas para abrir áreas de pastagem para gado. Tais queimadas ocorrem com a chancela de um governo federal que tem zero compromisso com o meio ambiente e promove um desmonte na política ambiental. Jair Bolsonaro, inclusive, afirmou há poucos dias que “o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente”. Das duas uma: ou faltou ao presidente informações sobre a realidade atual ou sobrou um senso de humor de mau gosto, que, sinceramente, não cabe na situação.
Mas se não podemos contar com o governo, o que podemos fazer para ajudar os biomas afetados pelas queimadas? Uma das formas de ajudar é por meio de doações. Algumas organizações vêm recolhendo doações para cobrir os custos de tratamento dos animais resgatados e de logística de brigadistas que atuam na linha de frente contra as chamas. A organizações AMPARA Animal e AMPARA Silvestre, por exemplo, criaram uma campanha virtual, chamada Pantanal em Chamas, para angariar recursos para manter a operação do Posto de Atendimento Emergencial a Animais Silvestres – PAEAS Pantanal, criado pelo Comitê do Fogo para tratar de animais resgatados. Além dela, também estão recolhendo doações as organizações Instituto Arara Azul e a SOS Pantanal.
Outra forma de ajudar é ouvir os mais jovens, que serão os mais afetados pelas mudanças climáticas. É inegável o protagonismo da nova geração no debate sobre as mudanças climáticas. Inspirados por ativistas como a sueca Greta Thunberg, a ugandense Vanessa Nakate e a alemã Luisa Neubauer, jovens da chamada Geração Z – sucessores dos Millennials – chamaram para si o debate sobre a crise climática e organizam mobilizações como a Greve Geral pelo Clima, realizada em março do ano passado, que promoveu marchas em 82 países, incluindo o Brasil. Também no ano passado, em setembro, jovens promoveram passeatas pelo clima, em 150 países, na véspera da Cúpula pelo Clima da Organização das Nações Unidas. A mensagem aos líderes que participariam da cúpula era clara: cortem as emissões de carbono.
O envolvimento dessa nova geração, de forma tão intensa, no debate climático é um sopro de esperança no combate ao negacionismo que hoje é usado como arma política por governos populistas.
Por último, mas não menos importante está o voto. Este ano, o Brasil terá eleições municipais para escolher prefeitos e vereadores. O pleito é visto como um ponto de partida para as eleições de 2022, ou seja, há muito em jogo. Na hora de escolher seus candidatos, procure saber qual o posicionamento dos mesmos em relação à agenda climática. Confira se o candidato já divulgou alguma fake news sobre o tema e se o seu plano de gestão contém alguma proposta sustentável para sua região.