Por Giselle Cunha, Jornalista- RJ
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Como os animais também podem se beneficiar deste tratamento tão tradicional

Há mais 5 mil anos atrás, surgia, na China, essa técnica terapêutica capaz de tratar o sistema respiratório, distúrbios gastrointestinais, distúrbios neurológicos, entre outras enfermidades. São cerca de 350 doenças indicadas para tratamento pela MTC (Medicina Tradicional Chinesa).

No Brasil, a técnica foi implantada por imigrantes, por volta do ano de 1812, que chegaram com a autorização de D. João VI. Foram cerca de 2 mil chineses que vieram para cá destinados às plantações de chá do Jardim Botânico e da Fazenda Imperial, no Rio de Janeiro.

No dicionário, a palavra vem de acus (agulha) e punctura (punção). A acupuntura para os animais tem o mesmo objetivo que a acupuntura para os humanos, proporcionar alívio das dores, mais qualidade de vida e, até mesmo, equilíbrio emocional. O bem estar tem ganhado uma atenção especial dos tutores, e demos algumas dicas sobre esse assunto nas reportagens Pet Friendly: mais que um conceito, um estilo de vida e Olha a Água: quais os tipos de água mais indicados para oferecer ao seu pet.

Existem, pelo menos, 112 pontos em animais de pequeno porte, como cães e gatos, que são catalogados para produzir os resultados necessários em diversos tratamentos. Esses pontos também podem ser combinados para alcançar efeitos diferentes.

O Instituto Mulheres Jornalista entrevistou o Dr. Allan Castro de Carvalho, médico veterinário formado pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e acupunturista formado pelo IARJ (Instituto de Acupuntura do Rio de Janeiro).

Mulheres Jornalistas (MJ):Para que serve a técnica da acupuntura em animais?

Dr. Allan Castro: A acupuntura é uma técnica derivada da Medicina Tradicional Chinesa, uma medicina muito antiga que se utiliza não só de aspectos físicos, como também de energéticos.

Sendo assim, a acupuntura tem diversas aplicações. Uma vez que a Medicina Chinesa interpreta a doença como um desarranjo energético, a acupuntura vai ajudar a reequilibrar esse desarranjo através da inserção das agulhas em pontos estratégicos do corpo. Atualmente o uso mais comum é para dores, problemas osteoarticulares e neurológicos.

MJ: Qualquer espécie está apta a fazer esse tipo de tratamento?

Dr. Allan Castro: Com toda certeza! Todos os animais podem se beneficiar e todos eles possuem os canais energéticos utilizados na acupuntura.

MJ: Quantas sessões, em média, são necessárias para começar a ver os resultados?

Dr. Allan Castro: Eu sempre gosto de começar com uma sessão por semana e observar a melhora em torno de 4 a 8 semanas. Isso porque, nesse estágio inicial, eu experimento técnicas e pontos diferentes que vão ter resultados melhores individuais.

Tem animais que respondem bem à moxabustão (uso da queima da erva artemísia em pontos específicos para gerar calor), enquanto outros respondem bem com eletroacupuntura.

MJ: Quais as complicações mais recorrentes que levam os tutores a buscar esse tipo de tratamento para seu Pet?

Dr. Allan Castro: Normalmente, displasia coxofemoral, hérnia de disco, espondilite, bico de papagaio, doenças neurológicas e sequelas de cinomose.

MJ: Existe alguma restrição de idade ou condição física para seguir essa técnica?

Dr. Allan Castro: A acupuntura com agulhas não é muito indicada em filhotes, mas há técnicas diferentes que podem ser usadas sem agulhas. Em gestantes também deve ser feito com cautela, pois há pontos que estimulam a função uterina.

MJ: Já teve alguma situação inusitada nas sessões?

Dr. Allan Castro: Definitivamente, quando o animal é muito agitado, acaba tirando todas as agulhas. Depois de um tempo estimulando uns pontos, eles costumam se acalmar.

MJ: O atendimento é realizado a domicílio ou em consultório?

Dr. Allan Castro: Em ambos. Não é uma técnica que exige muitos aparatos, então pode ser feita com facilidade a domicílio.

MJ: Para esse tipo de tratamento, recomenda-se uso contínuo ou estipula-se um período?

Dr. Allan Castro: Depende do caso. Existem animais em que a condição pode ser curada ou chega-se num ponto em que se sabe que não tem como melhorar mais a condição. Porém, tem pacientes que precisam fazer pro resto da vida. Já atendi um cão que respondia super bem, mas na semana que eu não fazia acupuntura nele, ele não andava.