8 de Março é feito apenas para mulheres heterossexuais?
Por Regina Fiore, Repórter São Paulo
Dia 8 de Março foi estabelecido desde 1975, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Dia Internacional da Mulher, uma data que já era lembrada pela luta feminista desde o início do século 20 e tem ganhado maiores proporções nos últimos anos, com o crescimento das discussões feministas na era digital.
Para quem não conhece a história, esse dia na verdade foi escolhido para relembrar várias passeatas e reivindicações feitas por mulheres durante um longo período de tempo, que começou em 1909, em Nova York, com um contingente de 15 mil mulheres exigindo melhores condições de trabalho.
Na Europa, movimentações semelhantes estavam ocorrendo durante o período. Até 1917, data que marca da Revolução Russa e a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, mulheres americanas e europeias protestavam periodicamente por melhores condições de trabalho durante a guerra, onde os homens não estavam mais sendo suficientes para a mão de obra, porque estavam em campo de batalha.
O incêndio que acabou ocupando o imaginário em torno da data de fato ocorreu, em 1911, onde 125 mulheres morreram queimadas, assim como outros 21 homens, mas as articulações em torno no Dia Internacional da Mulher já ocorriam anos antes.
É para todas?
É importante lembrar que o Dia Internacional da Mulher nasceu no contexto operário, ou seja, trabalhadoras de indústrias e fábricas se uniram para exigir melhores condições de trabalho. Todos os temas adjacentes a esse, que incluem salários iguais, respeito aos direitos reprodutivos, fim da violência sexual e doméstica, entre outras pautas, foram trazidos para o debate ao longo dos anos.
O Dia Internacional das Mulheres é uma data que inclui todas as pessoas do sexo feminino, porque trata de pautas relacionadas à opressão de gênero e pode ser usada para discutir questões particulares como a situação da mulher negra ou da mulher lésbica na sociedade.
A intenção das marchas e passeatas feitas em 8 de março por todo o mundo é retomar pautas relacionadas ao trabalho, que atinge todas as mulheres mas se agrava quando analisamos recortes como raça, o fato da mulher ser ou não mãe e a condição social.
Lésbicas no mercado de trabalho
Apesar de a diferença aparentemente positiva de salários que as mulheres lésbicas recebem, pesquisas recentes mostram que, em um mundo onde o mercado de trabalho é dominado por homens heterossexuais, elas estão mais sujeitas a assédios moral e sexual ou abusos, ao revelarem sua orientação sexual.
Seja por seu posicionamento considerado mais duro, que nada tem a ver com o fato de ser ou não lésbica, pelas roupas que usa ou pelas mulheres com quem se relacionam, as mulheres lésbicas são hipersexualizadas por alguns ou desqualificadas por outros, que alegam que elas estão tentando “ser homens” para assumir cargos mais altos.
O Dia Internacional da Mulher é também uma data para refletirmos e trazermos para o centro das discussões problemas que atingem parcelas de mulheres que são duplamente vítimas da opressão: elas fazem parte também de outros grupos minoritários em representatividade, como as mulheres LGBT ou negras.