Por Vivian Jorge, jornalista – RS
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Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista 
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista

Aprenda a fazer uma sopa de feijão deliciosa

Tá frio aí? Aqui no Sul, as temperaturas despencaram e, logo, as sopas entraram para o cardápio. E sopa alimenta? Pois, saiba que sim! Apesar da discussão gastronômica que muitos levantam, com os ingredientes certos podemos fazer sopas, caldos e cremes nutritivos e saborosos. Agora, se você é do time que acha que “sopa não é janta” ou “sopa não alimenta”, te convido a continuar lendo este texto, pois vou te contar que sopa alimenta, é janta, é almoço… é até lanche! E benéfica para o bom funcionamento do organismo.

Com a chegada da estação mais fria do ano, é normal os cardápios caseiros e de restaurantes incrementarem as sopas. Apesar de ser uma refeição leve, ela pode trazer saciedade, nutrição e uma sensação de aconchego o ano todo. Mas, por que esse tipo de alimento é mais comum em baixas temperaturas?

No inverno, nosso corpo tende a gastar mais energia para que consigamos manter a temperatura corporal e, com isso, nosso apetite aumenta. Para a nutricionista Bianca Pinheiro, de 47 anos, sopa é questão de gosto, pois muitas pessoas não gostam de legumes quentes, ou da consistência de determinadas sopas, além da não saciação do indivíduo por muito tempo, por terem baixas calorias. Isso pode fazer com que o consumo diminua em outras estações.

Sopa, caldo ou creme?

Existe diferença? Sim! Sopa de capeletti, sopa com massa, sopa com arroz, canja, creme, caldo de legumes etc. As nomenclaturas e sabores são inúmeros, bem como os tipos e modos de preparos. Mesmo assim, há quem duvide que essa refeição possa ser atraente. Como pode? Elas são práticas, leves, fáceis de fazer e se adaptam com verduras, legumes, queijos, temperos e carnes.

Bianca trabalha como Personal diet, prestando consultoria online e doméstica. Na sua rotina, organiza a alimentação individual ou familiar, através de planos alimentares personalizados de acordo com hábitos, preferências, e estilo de vida de cada um. Nesse processo nutricional de seu cliente, a gastronomia se inclui desde a compra do alimento em supermercados e feiras, até o preparo e, finalmente, o consumo. Assim, ela nos explica que os caldos podem ser feitos de legumes, frangos, carnes e até peixes, e neles acrescentamos, além da água, cebolas, cenouras, salsão, ramos de salsinhas, louro, pimentas do reino, e carne de gado ou frango, de preferência com osso. “São ingredientes para poder obter mais sabor, deixando ferver em fogo baixo por mais tempo, até reduzir pela metade. Esse líquido do caldo é coado e os sólidos são descartados, podem ser armazenados em geladeira por uma semana desde que sejam devidamente vedados.  São geralmente usados para a produção de outros alimentos, e não consumidos sozinhos”, explica.

Já as sopas são a mistura do caldo com alguns legumes de sua preferência, uma proteína – podendo ser frango ou carne – e, muitas vezes, um carboidrato como o arroz ou massa. Diferentemente, os cremes basicamente são os purês, de verduras ou legumes, são bem cremosos e pouco aguados, como o clássico purê de batata ou de moranga. Também podem ser feitos de tubérculos, deixando-os cremosos.

Para Lucas Braga, de 21 anos, gastrônomo, a única característica que os aproxima é o fato de que os três são um tipo de redução, por isso contam com técnicas semelhantes. “Um caldo é uma base que é usada para saborizar os preparos, essa base é preparada tendo algum ingrediente principal que vai desde o feijão a proteínas como o frango ou carne vermelha. A sopa, por exemplo, pode ser um desses preparos saborizados por essa base. Os cremes também são reduções, mas geralmente um pouco mais consistentes e usados como acompanhamentos ao invés de pratos principais. Um creme de frango, por exemplo, vai diferir em sabor, ingredientes e consistência de uma sopa de frango”, diz.

Benefícios para a saúde

As sopas são feitas a base de legumes, hortaliças, verduras e muita água, por isso possuem baixa calorias. Por serem fonte de vitaminas, minerais, cálcio, ferro, fibras e muitas vezes proteínas, trazem benefícios em um único prato. Então, se você é do time das sopas vai gostar de saber que elas trazem muitos benefícios à saúde. Entre eles, aumenta a saciedade, hidrata, fonte de fibras, faz bem para o funcionamento do organismo e, ainda, tem baixa caloria.

Segundo a personal diet, os próprios ingredientes das sopas, geralmente, são legumes, verduras, e hortaliças, insumos nutritivos que dificilmente combina acrescentar alimentos de calorias vazias, ou com gorduras demasiadas. “Podemos ainda acrescentar temperos de nossa preferência e ervas aromáticas. Mas, atenção aos temperos prontos e, até mesmo, às sopas prontas, pois elas trazem uma quantidade alta de sódio, corante e aditivos. Fora isso, elas abrem o apetite, são leves e ao mesmo tempo fortalecem. Dão energia e confortam a alma, além de ser um alimento que qualquer um pode preparar. São práticas, fáceis, rápidas, podendo ser simples ou mais sofisticadas”, esclarece Bianca.

Apesar de parecer um prato simples, elas são muito nutritivas e de baixo custo. “A sopa é um alimento muito antigo e usada em mesas de famílias de alto e baixo poder aquisitivo, por ser muito versátil”, diz a nutricionista. Contudo, devemos prestar atenção se for adicionado proteína animal, pois ela costuma deixar a sopa mais calórica dependendo da quantidade de carboidratos e o quanto ingerimos por porção. Por ser um alimento que agrega, aconchega e reúne as pessoas, Bianca atenta para o modo de preparo: “o modo de preparo é importante também, o que deixa uma sopa calórica são os pães, massas, proteína animal, creme de leite, leite de coco, óleo ou azeite de oliva”.

Que ingredientes utilizar?

Agora, pegue sua caneta e papel e anote alguns ingredientes necessários para produzir uma sopa saudável.

Água é um dos principais elementos, com certeza! Legumes e verduras coloridas também podem reunir importantes nutrientes. Se puder, evite óleos e azeites, dê preferência a uma proteína com um pouco de gordura. As combinações para sopa, caldos ou cremes podem ser direcionadas conforme suas necessidades e objetivos nutricionais, bem como varia muito do gosto de cada pessoa.

Formado em gastronomia, Lucas Braga, ressalva que a sopa é um dos preparos mais versáteis que possibilita trabalhar a criatividade. “São muitas possibilidades de ingredientes: carboidratos, legumes, leguminosas, proteínas e outros inúmeros, que vão desde reaproveitamento integral a uso exclusivo. A saudabilidade do preparo não se limita apenas a um tipo de ingrediente, mas se dá justamente pela junção dos mesmos”, observa.

Importante é ficar atento a uma composição balanceada com uma proteína como frango, peixe ou carne bovina. Também, dê preferência a alimentos bioativos como couve, couve-flor ou brócolis. Se acrescentar carboidratos como arroz, batatas ou massas, cuidado com as quantidades. Cuidado, ainda, com adicionais como queijos, bacons e linguiças, são porções gostosas, mas calóricas. Consuma-os com moderação!

Saiba que legumes, leguminosas e grãos são bem-vindos na sua sopa: inhame, cenoura, ervilha, abóbora, lentilha, grão-de-bico etc. Mestrando em gastronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Lucas avalia que as sopas diferem de região para regiões, de acordo com os ingredientes e técnicas usadas. “O objetivo de nutrir, com certeza, é contemplado. Logo, isso pode ir variando de acordo com o uso de ingredientes que a pessoa vai preferindo, para assim resultar em um preparo que, além de satisfazer necessidades biológicas, também seja adequado ao nosso paladar e preferência”.

Sopa é universal

De norte a sul, do Oiapoque ao Chuí, essa refeição é deliciosa. Todos nós, de certa forma, crescemos conhecendo e explorando sabores e ingredientes. Pinheiro lembra que a alimentação e as sopas, em especial, sempre se fizeram presentes na sua vida, desde a infância por influência de sua avó paterna.

Estima-se que a sopa é um dos maiores inventos de toda a história da humanidade, tendo sido descoberta no final do período quaternário, com o fogo, de acordo com informações da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Imagina-se que, na época, um caldo feito com pedaço de carne em água quente foi o ponto inicial. “Segundo o livro ‘História da Alimentação’, os caldos precederam as sopas. Dividiam-se em dois tipos: os caldos doces, elaborados com vegetais frescos no seu estado natural, e os caldos ácidos, obtidos com plantas ácidas como as urtigas ou por fermentação alcoólica ou láctea”, divulga.

Braga, também, desde a infância e por influência do pai, já se interessava pela área da gastronomia. Quanto às sopas, apesar de prepará-las pontualmente, recentemente participou de um projeto onde comandou uma cozinha colaborativa e, apenas em um dia, produziu mais de mil sopas.

O projeto Auê do Amor reuniu inúmeras pessoas em meio à pandemia, com o objetivo de alimentar famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social. De acordo, com Lucas, foram várias cozinhas espalhadas em diferentes regiões de fortaleza, inclusive, o chef liderou uma delas que contou com cerca de 15 cozinheiros.

Em prol da cozinha colaborativa feita com amor, a organização sem fins lucrativos aceita doações de alimentos e mantimentos de higiene. Informações no link acima.

Soparia Amazônica

Para comprovar que sopa não se consome só no inverno e em dias frios, conversamos com os proprietários da Soparia Amazônica, localizada em Ponta Negra, em Manaus – AM.

Marcela e Vitor, micro empresários, são proprietários da Soparia Amazônica. Ela conta que, em 2017, das experiências que cada um já teve com a área de alimentação e da necessidade de criar um “plano B”, resolveram empreender. Inicialmente, eram oferecidas apenas sopas. “Na região Norte, tem-se o costume de consumir sopas e caldos independente do clima”, registra Marcella.

Contudo, as massas entraram bem depois como opção no cardápio. “O que mais vendemos, depois das sopas, são os pratos regionais. Oferecemos dos mais variados tipos, das tradicionais às mais elaboradas, temos diariamente as sopas tradicionais (como canja, carne com legumes, sopa de mocotó, caldo verde, tucupí) e as sopas especiais que mudamos todos os dias (como bacalhau, carangueijo, abóbora com carne seca, palmito com alho poró etc.)”, fala a administradora de empresas Marcella.

Como mencionamos no início do texto, muitas pessoas não gostam de sopa ou dizem que “não alimenta”. Marcella observa que, provavelmente, essas pessoas não tiveram esse costume inserido na sua infância ou, mesmo depois de adultos, nunca tiveram o hábito de tomar sopas. “Sopas são refeições versáteis, nutritivas, funcionais, leves. Algumas receitas podem ser mais calóricas, mas tudo depende de como se prepara. Cada ingrediente tem uma função em nosso organismo, você pode inserir a sopa na sua alimentação para suprir uma necessidade do seu organismo, por exemplo,”.

Hoje, a soparia abre todos os dias com atendimento no salão e delivery, das 18h às 23h. Já as receitas usadas são feitas de acordo com o preparo caseiro, enfatizando a culinária da região norte.

Marcella fala que, com a chegada da pandemia, precisaram fazer algumas mudanças em alguns pratos regionais, acrescentaram, ainda, novidades para aumentar o ticket médio de consumo dos clientes.

A sopa pode ser consumida à noite, por ser leve e de fácil digestão; no almoço como prato principal, por ser rica em nutrientes; em todas as estações com opções quentinhas e frias. Na Soparia Amazônica, por exemplo, você pode conferir a sopa de carne com legumes, o caldo verde, a sopa de mocotó, a canja, a sopa de legumes especiais, entre tantos outros pratos preferidos pelos clientes.

Depois de todas essas informações, você tem dúvidas que as sopas são, sim, um sucesso e benéficas no dia a dia?

Agora, pegue sua colher e confira as dicas que preparamos para você deixar sua sopa ainda mais saudável e saborosa. E lembre-se: “um prato de sopa pode salvar vidas e nunca será um vilão”, finaliza Bianca Pinheiro.

Dica da nutri Bianca: Sopa de Feijão

Por ser adepta à nutrição ayurveda, a nutri compartilhou uma dica do livro: Culinária Ayurvédica para o seu dia a dia, de Kete O’Donnell.

Ligada a uma boa nutrição e uma boa digestão, a ayurveda, por ser uma ciência da índia, mostra o equilíbrio e o desequilíbrio do nosso corpo. Preparar refeições fáceis e práticas, porém funcionais para o organismo. São receitas adaptáveis para as 4 estações do ano e voltadas para o corpo e para mente. É um estilo de refeição simples e sem grandes elaborações, ao mesmo tempo eficaz.

Ingredientes:

3 xíc. de feijão preto cozido

1¹/² xíc. de água do cozimento do feijão, ou caldo de legumes

2 cenouras grandes picadas

2 folhas grandes de acelga picadas

1 col. chá de cúrcuma em pó

1 ¹/² col. chá de semente de cominho

1 col. de sopa de ghee

1 col. chá de coentro em pó pra quem gostar ou substituir por temperinho verde.

¹/² col. chá de sal

 

Opção para acompanhar: (escolha 1)

Fatias de abacate

Coentro picado ou temperinho verde

Ovos picado

1 porção de iogurte ou creme de leite para aquela pessoa que precisa de mais calorias

 

Modo de preparo:

Numa panela grande, coloque o feijão, a água ou caldo, as verduras, os legumes e a cúrcuma em pó e deixe ferver em fogo alto. Depois, tampe e cozinhe em fogo baixo por 15 a 20 minutos até os legumes ficarem macios.

Enquanto o feijão e os legumes cozinham, aqueça o ghee numa frigideira em fogo médio, junte as sementes de cominho e refogue, de 2 a 3 minutos, até sentir o aroma das ervas, retirando logo em seguida. Acrescente o ghee temperado e o coentro em pó à panela com o feijão e continue cozinhando em fogo brando por mais 5 minutos. Retire do fogo e acrescente sal.

Use um processador manual de imersão para processar a sopa até obter a consistência desejada, se bater apenas a metade dos grãos, verduras e legumes sua sopa ficará cremosa e com uma textura encorpada.

Sirva em uma tigela com fatias de abacate, tomates picados ou uma porção de iogurte de leite fresco e polvilhe com coentro picado.

Obs: para não ter problemas com gases do feijão, cozinhe por mais tempo até os grãos começarem a desmanchar. O feijão nutre tanto as camadas superficiais dos tecidos como as mais profundas, além dos tecidos musculares.