Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada cinco mulheres não busca trabalho por precisar cuidar de afazeres domésticos. Contudo, não é somente por precisar, as mulheres também querem cuidar da família
Por Mirian Romão- São Paulo
O depoimento da Giane Figueiredo Cruz, para o portal iG, conta como foi a decisão de ficar em casa para cuidar de sua filha, de acordo com a reportagem, Giane ouvia amigos e familiares dizendo que “a decisão de ficar em cassa era justificativa para não trabalhar. Toda mãe deveria ter esse direito de escolher se quer trabalhar ou ficar em casa com os filhos, sem ser julgadas”.

Em épocas tão modernas onde a luta pela igualdade social e empoderamento feminino, pode ocorrer que a escolha da mulher de ficar em casa para acompanhar o desenvolvimento de seu filho seja uma justificativa para não trabalhar, como no caso de Giane.

Entretanto, as mulheres são livres para decidirem o que desejam, sem serem julgadas. Giane declarou para o portal que é “muito triste ver esse tipo de preconceito, vindo principalmente de mulheres. É uma pena, porque a gente sabe como é difícil deixar o filho na creche, trabalhar e fazer esse tipo de sacrifício”.

Até os 3 anos, ao confiar no adulto, a criança desenvolve e aprende a regular suas emoções, o contato direto com pessoas interagindo estimula as chances das crianças serem adultos positivos e seguros, segundo o Ministério da Cidadania.

Por isso, é importante a ação dos pais e o contato para a reação que a criança terá e os estímulos que os nerônios que ela precisa.

“Cada estímulo tem impacto na formação das conexões entre os neurônios e na formação do cérebro, que, aos 6 anos, conta com o dobro de conexões que o cérebro de um adulto. Esse é o melhor momento, quando o cérebro responde prontamente”, declara para o Ministério da Cidadania o médico neurocientista e diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, Jaderson Costa.

Trabalhar em casa cuidado dos filhos é um trabalho difícil, que muitos julgam como algo fácil e simples. De acordo com o desabafo feito nas redes sociais pela americana Bridgette Anne, “todo mundo acha que ficar em casa, sendo mãe em tempo integral é fácil. Que temos sorte de poder não trabalhar fora, que somos preguiçosas, que não é um trabalho “real” e por isso não temos do que reclamar, mas na verdade é solitário e esmagador”.

Segundo a pesquisa Mães Contemporâneas, realizada em 2013 pelo Ibope, cerca de 55% das brasileiras que têm filhos e trabalham fora gostariam de largar o emprego e passar todo o tempo com as crianças. Em um bate-papo com a Juliana Pratis Bravo e o Coletivo Mulheres Jornalistas conversamos sobre a experiência dela como mãe.

Coletivo Mulheres Jornalistas: O que levou a ficar mais com a família?
Juliana: Chega em um determinado tempo da nossa vida como mulher que a maternidade aflora, mesmo não sendo mãe sentimos que isso nos falta!

MJ: Desde quando pensou em se dedicar e a ter uma família?
Juliana: Cresci em uma família grande! Uma família composta por mãe e filhos, não tive o amor de pai tao perto. Isso me instigou muito a lutar por ter uma família, fazer com que eu solidasse meu casamento, criasse raízes para que minha filha viesse em um ambiente de segurança amor e respeito.

MJ: Como podemos exercer o direito da liberdade de escolha com o julgamento?
Juliana: Simplesmente quem sabe o melhor para você é você mesmo, às vezes o que para mim, é certo para você pode não ser! Infelizmente, quando nos tornamos mães passamos cada absurdo. Ficam perguntando você só é dona de casa? Não faz nada? Gente uma rotina de dona de casa e muito puxada, todos os dias tem o que fazer, e filhos requer atenção 24 horas.

MJ:Ficar em casa e se dedicar a família foi uma opção ou você não conseguiu entrar mercado de trabalho novamente?
Juliana: Ficar em casa foi uma decisão desde que planejei a Maria Eduarda, ela foi planejada. Desde que decidi ser mãe me planejei a cuidar somente dela, ser presente em tudo. Mas hoje ela com 3 anos e na escola, entrar no mercado de trabalho esta sendo muito complicado. Por exigências de disponibilidade total, quando escolhemos a maternidade isso nunca mais vai acontecer (nosso tempo sempre sera dividido para os filhos e trabalho). E as empresas não estão preparados para isso.

MJ: As pessoas a sua volta entende o quão é difícil cuidar da casa?
Juliana: Não até o momento em que se foi trocado os papeis. Eu fui trabalhar e meu marido ficou em casa com as crianças. Hoje sou mais valorizada! Hoje meu esposo percebeu o quão difícil é ser mãe e esposa, você se dedica ao extremo a ver todos bem e tudo impecável, ser mãe e esposa é árduo, mas compensador! Hoje sei o quanto sou forte, competente e não deixo que me digam o contrário amo ser mãe e mulher!