Por Mariana Mendes, Jornalista -SP

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Editora: Letícia Fagundes

O futebol feminino profissional ainda é uma área esportiva a ser lapidada no Brasil. Apesar de um aumento de interesse pelo público, refletidos no crescimento de 30% na audiência da Copa do Mundo da França de 2019 em relação a última edição, ou até nas altas em vendas das camisetas femininas do Brasil, foi apenas em 2020 que a CBF determinou que o salário dos atletas da Seleção Brasileira feminina e masculina seria igualado.

E se no futebol brasileiro não há investimento o suficiente, outros países buscam as joias brasileiras. Kathleen Cruz, 20 anos, era jogadora do São Paulo quando recebeu a proposta de ir para Israel, jogar no Hapoel Beer-Sheva FC. Desde do começo deste ano no país do Oriente Médio, Kathleen conversou com o Instituto Mulheres Jornalistas sobre sua carreira.

A atleta é da capital de São Paulo e começou a jogar bola ainda quando criança. “Comecei a jogar com os meninos na rua e em um projeto da comunidade num campinho de terra aos seis anos de idade”, diz. Pegando o gosto pelo esporte, aos 11 anos ela foi chamada para participar de uma peneira no Centro Olímpico.

O Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP) é referência em formar atletas de alto rendimento. A estrutura do futebol feminino existe há nove anos e vem provando ser um dos maiores centros de revelação de jogadoras, com 70 atletas convocadas pela Seleção Brasileira adulta e de base.

Após ser selecionada na peneira do COTP, ela fez parte do clube por cinco anos. “Depois joguei uma temporada no Tiger/Corinthians. Quando retornei ao Centro Olímpico, eles fizeram uma parceria com o São Paulo e a partir de tantos títulos eles nos contrataram. Joguei 2 temporadas na base e uma no profissional.”, conta.

No São Paulo, Kathleen se consagrou parte do time campeão do Campeonato Paulista Feminino Sub-17 em 2018. Ainda com o clube, a lateral foi campeã do Brasileirão Série A2. Esse destaque chamou atenção dos israelenses e com isso, a jogadora foi convidada a integrar o Hapoel Beer-Sheva FC.

Sobre esse processo, Kathleen conta: “Eles mandaram um pessoal pra assistir os meus jogos no Brasil, mas pela pandemia eu acabei jogando apenas um. Depois de um tempo os meus empresários conversaram comigo e me passaram a proposta, o projeto do time e aceitei”.

Kathleen começou sua jornada no país estrangeiro em meio à crise sanitária mundial. Ela contou como foi participar desse momento no meio de uma pandemia. “No começo da temporada fazíamos os testes do Covid-19 algumas vezes, tinha que ter um cuidado especial para que ninguém testasse positivo e atrasasse os jogos. Também tinha lockdown intenso e jogo sem torcida, que era ruim para mim”., diz.

Após mudar para Israel, Kathleen conta como foi o ajuste em um país tão diferente do Brasil. “A mudança foi tranquila pra mim, a adaptação também! Sim, aqui tem alguns costumes diferentes, mas nada que não conseguimos nos adaptar. O idioma é difícil, mas a maioria das pessoas falam inglês e isso ajuda bastante!”, conclui.

Ela destaca ainda sobre a situação atual do país, que possui mais de 50% da população vacinada contra a Covid-19. “Nós estamos levando uma vida normal, os jogos não pararam, torcida nos estádios, sem precisar se preocupar muito com o vírus”.

Kathleen também destacou as diferenças de como o futebol feminino é tratado no Brasil e internacionalmente.  “O mercado internacional funciona mais como um mercado mesmo, são vendas de atletas. Já no Brasil, a maioria são apenas transferências, não tem muito isso do “Vender” a atleta. Mas está mudando e num futuro breve será um mercado!”, ela destaca.

Para aquelas que buscam um sonho de se tornarem jogadores profissionais, Kathleen aconselha: “Corram atrás de seus sonhos e acreditem! Tem que se dedicar e passar por diversas dificuldades, mas têm que correr atrás de seus sonhos porque ninguém vai correr por elas. Tem que ir pra cima!”, incentiva.