Pioneiro do Centro Nacional de Cães de Detecção do Mapa, Léo se aposenta aos nove anos
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Labrador de dez anos foi homenageado no Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília
Léo, um dos mais emblemáticos cães de serviço do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), se aposentou nesta semana. Na quarta-feira (29), ele e outros 24 integrantes do Centro Nacional de Cães de Detecção (CNCD), que prestavam serviços a diversas instituições, foram homenageados no Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), em Brasília (DF). Agora, a expectativa é de que o cão curta a aposentadoria ao lado do seu treinador, o auditor fiscal federal agropecuário Romero Teixeira, que pretende adotá-lo.
CNCD é a unidade do Mapa responsável pela aquisição, treinamento e emprego operacional dos cães de detecção, bem como pela seleção e capacitação de seus operadores. Nele, são formadas as Equipes K9, que desempenham um papel estratégico na defesa do país. Elas atuam com os profissionais da carreira em portos, aeroportos, postos de fronteira, divisas e unidades de movimentação de cargas e encomendas por meio da inspeção e detecção de produtos de interesse agropecuário em bagagens, o que por sua vez, mitiga riscos sanitários e contribui para a segurança biológica do Brasil.
Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), Léo, um labrador chocolate nascido em 9 de outubro de 2014, teve uma trajetória de trabalho excelente durante os nove anos em que atuou pelo Mapa. Por isso, foi inspiração para a ilustração dos personagens que compõem a carreira.
“Ele foi basicamente um cão modelo para nós, visto que na época, a técnica de treinamento do faro do cão ainda estava em fase de aperfeiçoamento. Ainda assim, foi uma experiência muito gratificante, pois era possível perceber que todos os passos dos processos de treinamento que adotamos foram compreendidos e desenvolvidos por ele no trabalho, apurando a sistemática de faro propriamente dito”, explicou Teixeira.
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Segundo o auditor fiscal federal agropecuário, com a ajuda de Léo, foi desenvolvido um trabalho junto aos colaboradores das companhias aéreas, no aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. O objetivo era evitar que práticas dos profissionais pudessem confundir o faro do cão.
“Logo no início do nosso trabalho aqui em Brasília, tivemos essa ocasião em que, num voo proveniente de Buenos Aires, Léo indicava que todas as malas que ele estava farejando tinham algum produto de interesse agropecuário. Passava uma e ele indicava, a próxima também e mais uma, e assim por diante. Nessa hora, eu pensei que havia algo de errado, porque de fato, nós temos um alto índice de voos cujas bagagens contém produtos de interesse agropecuário, mas não tão alto assim. Então eu caminhei ao longo da esteira e notei que o rapaz que colocava as malas ali estava com um sanduíche de presunto e queijo na mão e, ao mesmo tempo em que ele comia, também manuseava a bagagem. Isso estava induzindo o Léo a indicar todas as malas, já que tanto o queijo quanto o presunto são itens de interesse agropecuário que os cães de detecção são realmente treinados para indicar”, contou Teixeira.
Ao longo de sua notável carreira, Léo ainda foi mobilizado para outras unidades estratégicas do país, apoiando ações de defesa agropecuária em momentos importantes para o País. Entre eles, estão a fiscalização durante a edição de 2018 dos Jogos Militares do Exercício Cruzeiro do Sul (Cruzex), uma atividade multinacional e operacional organizada pela Força Aérea Brasileira (FAB). Na ocasião, Teixeira e o labrador foram convidados a visitar a Praia da Barreira do Inferno, uma área militar em Parnamirim (RN), cujo acesso é reservado a grandes chefes de estado.
“Nesse dia, o Léo foi agraciado com a permissão de poder tomar banho de mar numa praia acessível só às mais altas autoridades brasileiras e nós fizemos um vídeo dele correndo na areia para registrar esse dia fenomenal” afirmou Teixeira.
Novo lar
Pronto para acompanhar seu amigo e agora ex-colega de trabalho em uma nova fase da vida, Teixeira conta que fará todo o procedimento legal e administrativo necessário para que possa adotar o Léo, que já tem uma amiga à espera dele. “Eu fui a pessoa que treinou o Léo e que mais tempo trabalhou com ele ao longo desses nove anos. Agora temos a expectativa de que ele continue a vida de diversão comigo em um outro ambiente, com uma companheira que ele também gosta muito, a Cacau, minha outra cachorra.”
Além de Cacau, as filhas do auditor fiscal, Isabela e Daniela, também estão animadas com a chegada de Léo, ansiosas por muita diversão em família. “Comigo não era só trabalho, era diversão também, e a consequência disso era um trabalho muito bem feito”.
O Anffa Sindical parabeniza Léo por seus anos impecáveis de atuação na defesa agropecuária brasileira e deseja que a aposentadoria seja um período de muita diversão junto à nova família.
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