O Museu do Isolamento Brasileiro veio para suprir virtualmente o espaço deixado pelos locais de físicos de exposições

Por Giulia Ghigonetto- São Paulo

Por Giulia Ghigonetto- São Paulo

A quarentena provocou alterações no cotidiano de todos, com restaurantes, cinemas, bares e até museus fechados para conter o coronavírus. A partir daí, diversos projetos foram criados para ocupar o ócio e trazer a cultura para dentro de casa, como tours virtuais pelo Louvre, em Paris, pelo Van Gogh Museum, em Amsterdã e o pioneiro espanhol, Covid Art Museum, que reúne um acervo virtual com trabalhos de artistas que se inspiraram no isolamento para a criação de suas obras. 

Indo na mesma linha, mas sem se limitar a arte diretamente ligada ao Covid-19, a relações públicas Luiza Adas desenvolveu o Museu do Isolamento Brasileiro, o primeiro online do país que busca difundir artistas que perderam seu espaço de divulgação devido a pandemia. 

“Me preocupei com eles e também com a sanidade mental das pessoas que muitas vezes não poderiam sair, então a ideia veio nesse contexto de tentar escutar as necessidades dos artistas e de quem consome arte”, contou a paulistana. 

A seleção dos trabalhos compartilhados leva em consideração aspectos como temas que estão sendo debatidos na sociedade, as pautas políticas, trazendo uma diversidade de linguagens seja fotografia, pintura, bordado e pintura digital, tentando sempre incluir pessoas de diferentes regiões do país. Ela também analisa o perfil de cada artista para entender o objetivo de suas produções (profissional ou hobbie), para ajudar a dar visibilidade para quem precisa desse espaço, mas sem excluir aqueles que produzem arte por entretenimento. 

A iniciativa deu tão certo que em dois meses, o perfil do Instagram do Museu chegou a mais de 54 mil seguidores, entre eles a famosa dupla Ana Vitória, e mais de 800 obras postadas. 

Inicialmente, para inscrever sua arte no projeto era só marcá-la na rede social com a #museudoisolamento, mas devido a grande demanda, Adas precisou criar um formulário para as inscrições. 

E o fim da quarentena não significa o término do projeto, pois para a idealizadora, o objetivo do museu nunca foi exclusivamente sobre o isolamento social. Ela explica que “ele é justamente uma plataforma para dar protagonismo aos artistas e trazer reflexões para que pessoas consigam se enxergar por meio das artes”, e a também artista complementa, “quero continuar colorindo a vida das pessoas para que elas continuem se nutrindo de arte brasileira”.

FlorindoLinhas 

Apaixonada por arte, o Museu do Isolamento Brasileiro não foi a primeira iniciativa de Adas para fomentar a arte através da comunicação. Ela também é responsável pela página FlorindoLinhas, que surgiu depois de uma temporada em Boston, onde teve contato com muitos eventos culturais. 

O perfil fala sobre arte de modo acessível e divulga atividades culturais em São Paulo para pessoas que se interessem sobre o assunto, mas não sabem como encontrar esse tipo de informação.  

“Comecei a notar que quando você tem acesso a informação sobre arte e cultura, você se engaja mais, então o FlorindoLinhas foi fruto disso”, disse ela. 

Inspirada em escutar histórias contadas por meio de formas, cores, pinturas, peças de teatro, músicas e diversas outras linguagens que auxiliam as pessoas a entender melhor os aspectos que compõem a nossa sociedade e a nossa história, Luiza desenvolve vários projetos de fomento a arte como um podcast e em breve lançará um ebook chamado “Manual Prático de Expansão da Criatividade”, para ajudar as pessoas a encontrarem por dentro das artes e campos criativos, como podem se inserir nesses contexto. 

Além de um conteúdo de qualidade, o Museu do Isolamento e o FlorindoLinhas são iniciativas que mostram que, apesar do momento em que o mundo está passando, a criatividade e a arte podem ser um meio de sanar a solidão e de compartilhar histórias.