Luiza Esteves, Repórter Mulheres Jornalistas – RJ
Mulheres Indígenas rumo à brasília
A Primeira Marcha das Mulheres Indígenas acontece nesta semana até o dia 14 de agosto com o lema “Território: nosso corpo, nosso espírito”. Lideranças de todo o país, organizadas pela Articulação Brasileira dos Povos Indígenas (Apib), estão se reunindo em Brasília com o objetivo de fortalecer a identidade da mulher nas comunidades indígenas.
No Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado no dia 9 de agosto, deu-se início a Marcha que já conta mais de 2 mil mulheres aldeadas e de contexto urbano de diversas etnias. O movimento acontece em no Acampamento Terra Livre (ATL), montado no gramado da Funarte e a programação prevê debates sobre temas como violação de direitos e empoderamento político, além de shows e caminhadas pelas ruas da capital.
Dentre as pautas citadas pelos integrantes da Marcha das Mulheres estão: A Luta pela demarcação dos territórios, a defesa de uma política nacional de atendimento à saúde indígena, a busca por políticas públicas que atendam a comunidade indígena, a luta pelo fim do genocídio e o fim do desmatamento desenfreado.
Em entrevista ao programa Auditoria Cidadã da rádio Mundial News FM, Marise Vieira de Oliveira da etnia Guarani comentou sobre a Marcha. “As mulheres indígenas lutam pelo território, pois a partir dele nós temos a manutenção da nossa cultura, dos nossos filhos e do nosso povo. A mulher também quer fazer com que os homens a ouçam então eles também participam desse seminário”, comenta Marise.
Ela também explica como foi o surgimento desse movimento durante a entrevista. “Todos os anos temos o Acampamento Terra Livre em que diversas etnias se encontram em Brasília para discutir políticas públicas. Nesse último ATL foi definido que precisávamos de um espaço nosso onde a gente fosse para um seminário discutir com as mais de 2 mil mulheres que estarão lá para dizer o que está faltando, o que tem acontecido nas aldeias. Muitos pistoleiros de mineradoras invadem as aldeias e estupram as mulheres.”, diz Marise.
A Marcha das Mulheres Indígenas visa empoderar mulheres para que elas possam desconstruir estereótipos sobre o lugar da mulher nas comunidades. Os papeis de liderança indígena ainda costumam ser ocupados por homens. O descredito às mulheres e à violência sexual e psicológica afeta inúmeras índias. Aos poucos ao homens vão participando desses debates e a mulher ganhando mais espaço.
Falar sobre os povos indígenas é algo raro, mas necessário. Conhecer a história de quem realmente conhece o Brasil é imprescindível. Esse ano a ONU decretou como o ano internacional das línguas indígenas, mas hoje nós temos aproximadamente 100 línguas que estão em processo de desaparecimento. Antes da colonização os indígenas contavam com 1.400 etnias. Devido aos inúmeros genocídios esse número reduziu drasticamente para 305 etnias.