POR SILVANA CARDOSO DO ESPIRITO SANTO

Muitos meses já se passaram desde a primeira live, quando os artistas democratizaram suas artes e abriram suas casas para apresentações intimistas e online, logo no início da pandemia. De lá para cá, quase nada mudou para os profissionais de eventos e da indústria do entretenimento, mas uma lei foi criada para amenizar o impacto da pandemia no setor da cultura do Brasil. Foi batizada com o nome do poeta e compositor carioca Aldir Blanc (1946-2020), vítima da Covid-19, uma das primeiras perdas para a classe artística do país. Com o intuito de apoiar produtores e artistas em uma retomada, mas como o pós pandemia ainda parece distante para o setor do entretenimento, a Lei Aldir Blanc vem sendo utilizada por artistas e produtoras neste início de 2021 no formato online.

E foi a partir da Lei Aldir Blanc que nasceu a primeira edição do Instrumental Brasileiras, evento online que reúne mulheres da cena da música instrumental brasileira. Reconhecidas no Brasil e no exterior, produtoras da riquíssima e diversificada cena, unidas para promover conhecimento gratuito. Fazem parte da programação oficinas de música e engenharia de áudio, produção musical e parte técnica de show e eventos, lives com aulas abertas pelo YouTube, Podcasts sobre álbuns de mulheres compositoras que atuam na cena instrumental brasileira,  e um videoclipe em homenagem a Léa Freire, uma das maiores flautistas brasileiras.

Com extensa programação, o Instrumental Brasileiras promove e amplifica a mulher na cena instrumental brasileira como cantoras, instrumentistas, técnicas de áudio e produtoras, como Indiara Belo, idealizadora e produtora do evento. Com o desafio de realizar com a Jasmim Manga uma programação com aulas abertas e oficinas, um videoclipe, o evento online pode ser conferido até o dia 31 de março. 

 “O projeto nasceu em 2020, durante a pandemia. Então acabou sendo natural abarcar múltiplas possibilidades desde o começo. Mas a primeira ideia para o Instrumental Brasileiras foi para um festival presencial em Paraty.”, reflete Indiara Belo.

Programação completa e inscrições para as oficinas estão no site e nas mídias digitais da produtora, Com base em Paraty, cidade histórica do Rio de Janeiro, conhecida por sua vocação para grandes eventos, como a FLIP (Feira Literária de Paraty) e o Bourbon Festival Paraty.  

“Acabamos nos surpreendendo positivamente com o resultando, pois o online nos permite romper as fronteiras geográficas, aproximar pessoas de territórios distantes. Estão sendo muitos os encontros e a partilha. E é essa a nossa intenção, aproximar, na intenção de que o Brasil conheça o Brasil.”, complementa Indiara, que conta com uma equipe feminina que pretende explorar as várias etapas da construção da música instrumental.   

Mariana Zwarg. Foto: Reprodução/Elisa Toledo
Ana Malta. Foto: Reprodução/Dani Gurgel

São elas: a cantora Ana Malta (oficina: voz instrumental e improviso vocal com ênfase nos ritmos brasileiros), a multi-instrumentista Carol Panesi (oficina: Improvisação e Criatividade), a baterista e percussionista Georgia Câmara (oficina: Percussões no som instrumental) e a multi-instrumentista, Mariana Zwarg (oficina: Arranjo para iniciantes). Além da parceria com o Mulheres do Áudio, coletivo que promove ações de valorização das mulheres que atuam nas diversas áreas de engenharia de áudio, que ministrarão as oficinas de áudio, com as profissionais: Daniela Pastore, Florencia Saravia, Gabriela Terra e Beatriz Paiva Lino. 

Georgia Camara. Foto: Reprodução/Erick Dau
Carol Panesi. Foto: Reprodução/Priscila Prade

E a democratização dos eventos online fortalece e aproxima o universo da música instrumental e das mulheres que nele atuam, para que o Brasil reconheça a música do Brasil.