Por Silvana Cardoso, Jornalista- RJ
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista

Falar de cultura nos últimos 18 meses é falar de reinvenção. E o ganho neste quesito foi mundial, com a possibilidade de assistir a uma variedade de eventos gratuitos por streaming. Mas, com o início da abertura dos espaços para a cultura, ainda vale o formato híbrido, parte presencial com as restrições, parte virtual, com transmissão, algumas realizadas ao vivo nas mídias digitas. É o que acontece com a décima edição do Paralelo 16º Mostra Internacional de Dança Contemporânea, que chega no formato híbrido – presencial e virtual – a partir de 5 de novembro de 2021, com apresentações de nove companhias de dança, sendo três internacionais.

Mostra que nasceu por Vera Bicalho, diretora e idealizadora do Paralelo 16º, e diretora geral do Quasar Cia de Dança, grupo que construiu sua trajetória de prestígio nas últimas três décadas, criado em Goiânia em 1988. Com sua última edição no ano de 2018, naquela ocasião o Paralelo 16º aconteceu nos teatros, ruas e bares, surpreendendo passantes distraídos, com cenas aéreas e ocupações de espaços pouco usuais para a cena artística.

Agora, com os motivos que trazem a mostra para o formato híbrido, Vera reflete: “Em um mundo pós-pandêmico, acreditamos que novas linguagens cênicas devem surgir, baseadas justamente nessas novas relações virtuais, nascidas da necessidade de distanciamento social. Para nós, a arte sempre se renova e sempre reflete o mundo psicossocial em que estamos vivendo, e só ela é capaz de ressignificar essas relações. Por isso mesmo, garantir a continuidade do Paralelo 16, mesmo que de forma virtual, traz à tona mais esse debate e novas possibilidades de criação.”

Para a diretora, uma das vantagens de realizá-lo por meios digitais de comunicação é a possibilidade de atingir ainda mais pessoas, das mais diversas regiões do planeta. Isso, na perspectiva da diretora, de certa forma, democratiza o acesso aos bens culturais que o evento traz para esta paleta de composições cênicas, escolhida sempre de forma consciente e lúcida, para oferecer ao público um caleidoscópio de linguagens e possibilidades artísticas. E foi o que o novo formato proporcionou, como alguns reencontros, dentre eles, a participação do Grupo Cena 11, de Florianópolis/SC, que esteve em uma das primeiras edições e agora está de volta com uma obra recém criada. Outro artista que volta à sua terra natal de forma virtual é o intérprete-criador Ederson Xavier, que já fez parte das primeiras formações da Quasar Cia de Dança, ainda na década de 1990, e que hoje realiza seu trabalho de dança na Holanda.

Também aberta ao mundo as cenas inéditas do Grupo Corpo, de Belo Horizonte/MG e do Corpo de Dança do Amazonas, de Manaus/AM. Na programação que acontece até 15 de novembro, apresentações do Quasar Cia de Dança (GO), com o seu aplaudido “Estou Sem Silêncio”; Ateliê do Gesto (GO), que apresenta ao público o seu primeiro espetáculo infantil de dança, “Fica Comigo”; a Giro 8 Cia. De Dança (GO), que apresenta sua “Teia”, além de três grupos estrangeiros, o grupo Modern Table (Coreia do Sul), apresentando “Ham:Beth”, Art Project BORA (Coreia do Sul) trará aos palcos “Somoo” e Emerson Xavier, vindo da Holanda, apresentará “Things are Perfect & 12”.

Apresentações internacionais serão transmitidas ao vivo no YouTube, enquanto as presenciais, transmitidas diretamente do Teatro Goiânia, terão ingressos trocados por alimentos não perecíveis na bilheteria do teatro. As demais atrações serão gratuitas. Duas das transmissões contarão com audiodescrição. Nesta edição, o Paralelo 16º conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura de Goiás. Abaixo, programação completa da Mostra que, nesta décima edição, está bem próxima apenas por uma conexão digital. Vale conferir!

Espetáculos presenciais no Teatro Goiânia, com transmissão pelo YouTube:

05/11, às 20h, Grupo: Quasar Cia. De Dança (GO) – Espetáculo: Estou sem silêncio

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Foto: Layza Vasconcelos

Sinopse: Tudo começa a partir do ponto em que quatro mulheres se alinharam em cena, no ano de 2009, sob luz difusa e esverdeada de um dos refletores do espetáculo Céu na Boca, e ao som de Ray Conniff se transformaram em estereótipos do que seriam comportamentos femininos. A partir daí, cria-se um parênteses. Abrir uma fresta no espaço-tempo, descerrando uma janela que permite espiar um pouco mais aquele instante, desta vez ampliando as diversas camadas que compõem uma cena aparentemente cômica e banal.

07/11, às 17h, Grupo: Ateliê do Gesto (GO) – Espetáculo infantil: Fica comigo

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Foto: Lu Barcelos

Sinopse: “Fica Comigo” é a estória de um Senhor Guardador de Memórias que passou a vida encaixotando suas lembranças na sua imaginação. Muitas histórias acumuladas na caixola, quando decide reviver momentos especiais de sua vida. Para isso, conta com a ajuda de três bonecos que ganham vida e, juntos, mostram todas as suas emoções através de uma inesquecível aventura em forma de dança.

Com transmissão pelo YouTube:

04/11, às 20h, com transmissão ao vivo do Teatro Amazonas, Grupo: Corpo de Dança do Amazonas (AM) – Espetáculo: TA | Sobre ser grande

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Foto: Michael Dantas

Sinopse: “TA” significa Grande para os Tikunas – povo originário do Amazonas. Sons do ambiente fazem parte do idioma, roncos, chiados e tantos quantos conseguem escutar, define onde vivem como “TA”. É o motor dessa nave, que busca explorar o entorno, alcançar horizontes, deslizando ou em um mergulho por águas profundas e abundantes, atravessando por frestas, por festas, atentos aos caminhos da floresta.

06/11, às 20h, Grupo: Modern Table (Coréia do Sul) – Espetáculo: Ham:Beth

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Foto: Divulgaçao/Paralelo 16 10ª edição 2021

Sinopse: Hamlet e Macbeth, paradigma de duas vidas trágicas, dilemas tão antigos e dramas tão atuais, que bem poderiam representar o que alguns de nós vivemos hoje em dia. O solitário Ham; Beth em sua loucura, questiona a si mesmo sobre a vida e a morte, e agindo por conta própria, com suas próprias leis, se transforma em herói e tirano de sua própria vida. A obra desenha com o movimento/dança os sentimentos mais profundos. Busca a cura de sua alma, E lhe dedica uma triste homenagem.

11/11, às 20h, Grupo: Giro8 Cia. De Dança (GO) – Espetáculo: Teia

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Foto: Layza Vasconcelos

Sinopse: Na era da comunicação, em que o mundo integra-se como uma imensa rede, presenciamos os maiores problemas de convívio humano. Este e outros temas urgentes da contemporaneidade são a tônica de “Teia”. Por meio da metáfora do emaranhado que tece laços e que aprisiona o inimigo, a companhia reflete sobre os vários tipos de relações humanas, tais como amores, desamores, desentendimentos, afetos, alegrias e tristezas.

13/11, às 20h, Grupo: Grupo Corpo (MG) – Espetáculo: Gira

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Foto: Jose Luiz Pederneiras

Sinopse: Ritos da umbanda, a mais cultuada das religiões nascidas no Brasil, são a grande fonte de inspiração da estética cênica de Gira. Exu, o mais humano dos orixás – sem o qual, nas religiões de matriz africana, o culto simplesmente não funciona – é o motivo poético que guia os onze temas criados pela banda paulistana Metá Metá para Gira. A trilha conta com as participações especiais do poeta, ensaísta e artista plástico Nuno Ramos e da cantora Elza Soares.

14/11, às 20h, Grupo: Art Project Bora (Coréia do Sul) – Espetáculo: Somoo

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Foto: GumoKim

Sinopse: liderado por Kim Bora, que emergiu nos últimos anos como a coreógrafa mais destacada da Coreia. Desafia as restrições rígidas da lógica e dos conceitos, criando um banquete de imagens e sentidos, a partir da dança contemporânea, abrange diferentes campos, como artes visuais, filmes, arte performática, música e moda. O objetivo é descobrir uma linguagem expressiva única.

15/11, às 20h: Grupo: Ederson Xavier (Holanda) – Espetáculo: Things are perfect & 12

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Foto: Hans Gerritsen

Sinopse: Criado especialmente para a programação Twools 16ª edição do Scapino Ballet Rotterdam, onde vários coreógrafos renomados e inovadores são convidados a compartilhar uma noite. É uma colaboração entre o compositor Arnold Marinissen e o coreógrafo Ederson Xavier, onde explora em movimentos e gestos dinâmicos, mas ainda flexíveis, que se dialogam com a percussão e melodia produzida ao vivo pela violoncelista Katharina em um só espaço, em meio deste diálogo virtuoso, mas uma questão ainda se mantém: As coisas são simplesmente perfeitas do jeito que estão?

Com transmissão pelo Vimeo:

12/11, às 20h, Grupo: Cena 11 Cia. De Dança (SC) – Espetáculo: Matéria Escura

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Foto: Karin Serafin 8 B

Sinopse: Um nome próprio. Um vestígio de Futuro. Um devir de Passado. Seus fundamentos artísticos se amparam na detecção de uma força através dos sintomas que esta força acusa nos corpos atravessados por ela. Um corpo invisível, que vincula sua aparência à modificação de outros corpos para manifestar sua existência. Ferramentas novas correlacionam presença, virtualidade, arquivos, memória e toda espécie de transdução que escorre destes contatos.

A programação também pode ser conferida no Instagram da Mostra @paralelo16danca.