Matou o filho de 5 anos

Coluna Opinião, por Letícia Fagundes Jornalista
Lembro de algumas reportagens em que policiais, ao prenderem criminosos conhecidos da mídia, usavam termos diretos ao falar sobre eles. Atualmente, tem uma turma que defende não divulgar a foto, não divulgar o nome, proteger de todas formas o vagabund0. E conforme fui trabalhando com casos de violência contra mulheres e crianças, passei a entender completamente essa postura dos policias. Porque há um limite para a educação quando estamos diante de monstruosidades.
Faço questão de divulgar a foto do criminoso, não da vítima. Temos os casos quando uma mulher, já violentada, desesperada, pede ajuda porque a justiça tirou seu filho e entregou ao agressor, estamos falando de uma tragédia anunciada.
O nome do assassino da foto é Thiago Ricardo Felber, e ele tirou avida do próprio filho, Tel, de cinco anos. Ele não é um “acusado”. Ele foi flagrado por câmeras jogando o próprio filho para a morte. Ele é um assassino. Vamos parar com esse eufemismo. Ele matou.
O crime aconteceu em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, um lugar onde, como em tantos interiores do país, crimes contra mulheres e crianças acontecem sem que a sociedade tome conhecimento. Assim como um caso revoltante que trabalhei em que um ator de novelas sobre fé e religião pagou apenas 500 reais na Justiça para encerrar um processo de estupro contra uma menina menor de idade. O juiz aceitou. O pai aceitou. Por quê? Porque, no interior, “a menina ficaria mal falada”.
A podridão do que acontece com mulheres e crianças no Brasil é revoltante. E esse doente, esse criminoso chamado Thiago, ainda teve a audácia de dizer que matou o próprio filho para se vingar da mãe.
Até quando? Quantos casos mais precisam acontecer para que mulheres sejam ouvidas quando dizem que estão em risco? Quando dizem que seus filhos estão em perigo?
Não existe um agressor que bate na mãe e que vá cuidar da criança como se nada tivesse acontecido. Isso não existe. A psicologia e a psiquiatria explicam isso muito bem: há um padrão nesses homens que descontam sua fúria em seus próprios filhos para ferir a mãe. Mas a Justiça continua fingindo que não vê.
A mulher pode ter sido espancada durante anos, mas o agressor continua sendo visto como “pai”, cheio de direitos. E depois que um crime como esse acontece, essa mãe morre junto com o filho. Ela foi destruída. Porque um filho é um pedaço do nosso coração batendo fora do corpo.
E agora? Esse assassino provavelmente passará alguns anos preso. E depois? Quantos anos exatamente? Ele sairá quando? Quem está se perguntando isso?
Onde está a indignação? Onde está a sociedade de Tramandaí agora? Ah, mas não podemos falar dessas coisas. Não podemos usar palavras duras. Temos que ser educados.
Educação tem limite. Diante da barbárie, a única resposta aceitável é algo que não poderia divulgar aqui.