Por Mariana Mendes, Jornalista –SP
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O futsal, ou futebol de salão, é um dos esportes amados pelos brasileiros. Sua origem aconteceu na década de 1940, como uma adaptação dos frequentadores da Associação Cristã de Moços, em São Paulo, que não conseguiam encontrar campos livres para jogar uma “pelada”. A solução que encontraram foi manter os jogos em quadras de basquete e hóquei.

Desde então, o esporte cresceu no cenário nacional, com a criação da Conselho Técnico de Assessores do Futebol de Salão em 1957. Depois de um longo caminho, encanto o mundo inteiro, o futsal foi adotado pela FIFA, com a criação da Copa do Mundo de Futsal da FIFA em 1992, campeonato que o Brasil foi campeão cinco vezes.

No Brasil, com o crescimento da visibilidade do esporte na categoria masculina, as mulheres também foram ganhando espaço e competições específicas, com início da Taça Brasil em 1992. O futsal feminino é referência mundial, com a seleção brasileira hexacampeã do Torneio Mundial.

Uma das grandes estrelas do futsal feminino brasileiro é Luana Moura. Com diversos títulos no currículo, Luana já foi artilheira do Campeonato Paulista de 2018 e esteve na lista das 10 melhores jogadoras do mundo.

Natural de Nonoai, Rio Grande do Sul, a atleta teve contato com o futsal na escola. Ganhando destaque rapidamente pelo seu talento, Luana foi contratada apenas com 14 anos pelo time Female Futsal. “Como a maioria das meninas que não tiveram a oportunidade de começar em uma escolinha, eu comecei com meus irmãos que sempre me levavam para jogar com seus amigos. Meu pai nunca gostou muito porque eu era a única menina no meio de tantos meninos, mesmo assim eu iria com todo cuidado dos meus irmãos”, relembra Luana.

Ela conta também que, ao surgir as competições escolares, finalmente entrou em uma escola de futsal, porém jogando com as atletas adultas. “Desde então, joguei bastante competição no Rio Grande do Sul, onde comecei a ser mais vista pelas pessoas e pelo Female, que foi falar com os meus pais. Desde então só busquei continuar dando meu melhor.”

Ao chamar atenção do cenário esportivo, Luana passou por um processo igual a muitos outros esportistas: ter que sair de casa. “Meu maior desafio foi ter que abrir mão de estar com minha família e ir realizar meus sonhos. Sair de casa com 14 anos não é fácil. Existe o medo, tanto meu quanto dos meus pais. E minha família não tinha condições financeiras para estar me ajudando e eu ainda não tinha uma renda através do futsal. Porém, foi através das dificuldades que eu cresci, continuei buscando realizar meus sonhos, fui tendo oportunidades e, aos poucos, conquistando meu espaço nos clubes onde passei”, conta.

Mesmo com o receio inicial do pai, Luana conta que ele sempre apoiou muito seu sonho. “Eu via ele jogando no bairro onde morávamos e foi daí que comecei a me interessar mais”. Quando não podia jogar em quadras, Luana batia bola em casa, pelo desagrado da mãe. “Eu quebrava muita coisa, mas são lembranças boas que levo sempre comigo”.

Superando um desafio de cada vez, o foco de Luana, junto com bons professores, fez com que ela chegasse ao Taboão Magnus, clube que trabalha hoje, e à Seleção Brasileira. A jogadora relembra de seu primeiro técnico, o já falecido Gringo, com quem teve os seus primeiros conhecimentos do futsal profissional.

No clube Female, Luana disputou o estadual sub15 e sub17 em 2010. Depois, ficou cinco temporadas no Barateiro, onde se destacou e recebeu a primeira convocação para a Seleção. Em 2016, foi chamada para jogar pelo Taboão Magnus e conhecer o futsal paulista. “Com toda certeza foi uma escolha muito certa que fiz em toda minha vida”, diz.

Ao falar sobre o cenário do futsal feminino no Brasil, Luana expressa a falta de visibilidade. “O fato de nem todos os clubes terem categoria de base dificulta o seu crescimento até o profissional. Infelizmente, temos pouca visibilidade, pouco investimento na modalidade. Talvez se financeiramente tivesse um pouco mais de apoio isso mudaria, e as meninas teriam mais acesso às escolinhas e, consequentemente, teriam mais oportunidade até chegar ao profissional”, finaliza.