Luiza Esteves, Repórter RJ
 
Uma nova iniciativa sustentável pode revolucionar a experiência do consumidor. O projeto desenvolvido por estudantes universitários prevê a identificação de alimentos estragados a partir da mudança na coloração da embalagem.
 
A startup formada por seis alunos e ex-alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criou o produto chamado Plasticor, feito de plástico biodegradável e biossensor. Com o objetivo de diminuir o desperdício de comida e auxiliar os consumidores, a tecnologia permite mudar a embalagem de cor para verde ou rosa caso o alimento esteja impróprio para o consumo.
 
Esse processo ocorre devido à presença na embalagem de um pigmento chamado de antocianima. A substância sofre alteração da sua cor quando há mudança no pH do produto, passando do pH ácido para o básico. Assim, por meio dessa substância é possível medir o grau de acidez e basicidade do alimento e, a partir daí, determinar se o produto está em processo de deterioração.
 
A inovação sustentável pode funcionar nos mercados de duas formas: O Plasticor usado como embalagem para produtos à venda ou feito em formato de fitas para que o cliente confira a procedência do alimento. A startup pretende futuramente acrescentar à embalagem tecnologias sustentáveis que prolonguem a vida útil dos produtos.
 
Em 2017, durante o evento de empreendedorismo Hackathon, o Plasticor foi considerado o melhor projeto de sustentabilidade na área de alimentos pelo Sebrae. A premiação garantiu também o serviço de consultoria para a startup. Desde então os alunos trabalharam nesse projeto no laboratório da UFRJ, polo Xerém. Dentre os integrantes estão estudantes das áreas de Nanotecnologia, Biofísica, Biotecnologia e Design.
 
Até agora a equipe tem como apoiador o Sindicato de Alimentos da Baixada Fluminense (Simapan), que tem mais de cinco mil empresas associadas. Entre elas, mais de 2.350 padarias na região. O presidente do Simapan, Henrique Seita, destaca a importância do projeto para ajudar também na questão do desperdício de alimentos.
“Essa indicação por meio da cor, inclusive, vai evitar que se perca produtos por causa da validade. O empresário vai conseguir observar o real estado do produto com mais facilidade e, se for o caso, pode fazer uma promoção, por exemplo, para acelerar a venda e evitar que o alimento tenha que ser descartado”, explica Henrique.
 
Além da questão do desperdício de alimentos, a startup também levou em conta o aspecto da sustentabilidade e da redução do lixo. Pensando nisso, as embalagens produzidas possuem curto tempo de degradação comparadas com as sacolas plásticas convencionais. Contudo, a startup ainda precisa se formalizar e receber a certificação do Ministério da Cultura e da Vigilância Sanitária para poder entrar em vigor no mercado, processo que dura em média dois anos.