Por Regina Fiore, Jornalista- SP

Editora Chefe: Letícia Fagundes, Jornalista

Como os jovens que entraram para o mercado profissional nos últimos 10 anos podem reencontrar a satisfação em novas oportunidades no mercado de trabalho

Desde 2020, muitas pessoas têm enfrentado mudanças radicais em suas vidas profissionais. A maioria das mudanças estão relacionadas à falta de empregos formais nas áreas de atuação, o que leva grande parte da população de desempregados a buscar outras formas de renda como meio de subsistência. Outras pessoas, mesmo que não estejam completamente satisfeitas em suas carreiras, buscam neste momento de crise manterem seus empregos formais, ainda que em situações dificultadas pelo home office.

Para além do cenário de pandemia, uma pesquisa realizada em 2020 pelo aplicativo Survey Monkey pontuou que nove em cada dez brasileiros estão infelizes em seu atual ambiente de trabalho. Outra análise do consultor de carreiras Fredy Machado, realizada em 21 estados brasileiros, constatou que 64% das pessoas gostariam de fazer algo diferente do que fazem hoje para serem mais felizes, ou seja, mudar de carreira.

A opção de transformar a vida profissional por vontade própria e não por imposição da crise, da falta de emprego que atualmente atinge mais de 14 milhões de pessoas no Brasil ou da necessidade de garantir o mínimo para sobrevivência parece cada vez mais distante, principalmente entre jovens adultos de classe média-alta, que tiveram acesso a educação de qualidade, mas seguem infelizes na escolha da profissão que fizeram.

Economistas apontam que os jovens que entraram no mercado de trabalho entre a crise de 2008 e a atual crise causada pela pandemia do novo coronavírus são os que mais terão dificuldade no futuro de alcançar uma vida mais estável e equilibrada, tanto financeiramente quanto psicologicamente.

A flexibilização das leis trabalhistas trouxe consequências sérias que prejudicam os trabalhadores, principalmente os ingressantes no mercado de trabalho. Porém, a flexibilização das carreiras, outra face da mesma moeda, pode acalmar a ansiedade do jovem adulto em relação ao futuro profissional. Para você, que está infeliz na escolha da sua carreira, ainda existe luz no fim do túnel.

Nathalia Ranucci Iunes, 29 anos, faz parte desta geração que cursou o Ensino Superior nos anos 2010, pode escolher a carreira que imaginou que lhe traria sucesso profissional e, no meio do caminho, descobriu outras possibilidades para além da sua formação profissional. Bacharel em Design de Moda com foco em Estilismo, Nathalia queria trabalhar na área de criação do mundo fashion: desenho de roupas, sapatos e bolsas, desfiles, semanas de moda, grandes marcas, grifes internacionais, tudo isso fazia parte do repertório de Nathalia quando saiu da Faculdade.

“Durante o primeiro ano da faculdade eu comecei a entender melhor o mercado da moda e descobrir novos caminhos e me apaixonei pela possibilidade de trabalhar com produção de moda dentro de grandes revistas”, conta Nathalia, que teve a oportunidade de buscar cursos fora da faculdade para entender melhor o mercado de comunicação. “Acabei fazendo um curso de curta duração de Jornalismo de Moda e outro curso, focado em Produção de Moda. Me identifiquei muito mais com a comunicação do que com o estilismo”.

Nathalia, então, ingressou no mundo da comunicação por portas não convencionais: trabalhou em duas assessorias de imprensa focadas em moda e beleza e depois foi contratada por uma grande rede aberta de televisão para a equipe de figurino de programas de entretenimento.

“Vi novas possibilidades quando fui contratada por uma agência de relações públicas multinacional onde tive contato com diversas outras áreas da comunicação que me ajudaram muito a trilhar o caminho que estou hoje”, lembra Nathalia, que hoje é Gerente de Marketing de Influência e atende um dos maiores players mundiais de jogos para computador e console.

Além da diferença óbvia do produto, a jovem executiva vê com entusiasmo as novas possibilidades dentro da área de games. Ela trabalha diretamente com influenciadores digitais que passam horas jogando e compartilham com seu público suas preferências em canais como Instagram, Youtube, Tik Tok e Twitch. “O mundo gamer é um mercado que existe possibilidade infinitas, ainda mais nos dias de hoje que os jogos eletrônicos são protagonistas nas gerações que são super engajadas e conectadas”, explica Nathalia.

Estilista por formação, ela ainda aponta que seu conhecimento sobre personalidades, influenciadores e formadores de opinião, incluindo jornalistas e apresentadores de programas de TV, agrega muito em seu trabalho diário, já que muitas dessas pessoas também têm como opção de lazer jogar videogame. Para se reinventar na carreira, Nathalia considera a vocação, a atitude e o conhecimento as ferramentas mais importantes. “Cada vez mais mulheres estão se reinventando em suas carreiras profissionais por meio da busca por informações relevantes e inovadoras”, conta.

Em um futuro próximo, Nathalia espera chegar a ser diretora de área dentro do mercado de Marketing de Influência, que, de acordo com pesquisa da Revista Forbes, já movimenta mais de US$ 10 bilhões por ano e vai crescer vertiginosamente até 2025. O mercado da moda atualmente fatura mais de US$ 300 milhões por ano, muito por conta do trabalho de profissionais como a Nathalia, que enxergam nos influenciadores a possibilidade de atingir o público que esteja disposto a pagar pelos produtos, sejam eles roupas de alta-costura ou o novo jogo da FIFA.

Nathalia ainda deixa, de acordo com sua experiência profissional, algumas dicas para jovens adultos que gostariam de mudar de carreira mesmo depois de formados e com experiência em um mercado específico: “Buscar se aperfeiçoar e despertar novas habilidades, se manter ativo no mercado e participar de projetos são alguns caminhos. Procurar referências ou mentores também pode ser de grande ajuda, mas também é fundamental se relacionar bem com as pessoas do seu meio e fora dele”, explica.

Para ela, no entanto, o mais importante é tentar acalmar a ansiedade e aproveitar o que cada carreira ou emprego tem para ensinar. “Na minha visão, o mais importante é não ter pressa. Respeitar seu tempo e ter paciência para que a mudança seja natural e benéfica ajuda a enxergarmos as novas possibilidades com mais clareza”, finaliza.