Gastronomia infantil e a base de uma alimentação saudável
Por Vivian Jorge, jornalista – RS
vivian.jorge@mulheresjornalistas.com
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
A de abóbora. E de ervilha. I de inhame. O de ovo. U de uva. Quem aí já ensinou para os filhos as vogais e o alfabeto com nome de frutas, vegetais e alimentos? Por aqui é normal, ainda mais que com três anos de idade estamos na fase da alimentação da família, junto com as inúmeras birras durante as refeições. Justamente, pensando nesses momentos que todos os pais passam com os pequenos desde a introdução alimentar, a matéria de hoje traz a importância de uma alimentação saudável a partir da gastronomia desde a infância.
A introdução alimentar é a principal fase no desenvolvimento do paladar da criança. Além do leite materno, a partir dos 6 meses, a criança começa a desenvolver o paladar e inicia seus próprios hábitos alimentares. De acordo com a nutricionista, Lizahélen Morais da Silva, de 32 anos, a construção de bons hábitos alimentares começa logo na infância, desde o primeiro contato dos bebês. “A Introdução Alimentar se inicia ao completar 6 meses de vida. Nesse começo, o leite materno ou complemento (caso a mãe não amamente) segue sendo a principal fonte alimentar do bebê, pois suprirá ainda as maiores necessidades da criança. Porém, nessa fase, já são inseridas frutas e um almoço completo contemplando 1 alimento do grupo dos cereais, raízes e tubérculos; 1 alimento do grupo dos feijões; 1 ou mais alimentos do grupo dos legumes e verduras; e 1 alimento do grupo das carnes e ovos. Nessa fase, também será ofertada água filtrada ou fervida”, destaca.
Além disso, no período pré-escolar e escolar, é importante manter uma alimentação que supra todas as necessidades das crianças, sendo imprescindível ter um grande cuidado com a escolha dos alimentos. “Alimentação saudável é um ato de amor, carinho e afeto. É um ato de consciência diante do cenário que enfrentamos com o aumento do sobrepeso e obesidade infantil. Alimentação saudável é sobre nutrir vidas, é sobre plantar bons hábitos para colher saúde”, enfatiza Lizahélen.
De acordo com estudos da UNICEF/ Organização Mundial da Saúde (OMS) e/ World Bank Group (WB), apenas no primeiro semestre de 2021, 39 milhões de crianças de 0 a 5 anos de idade foram afetadas pelo sobrepeso e obesidade infantil no mundo. Porém, a questão da desnutrição não traz altos índices apenas para indicadores do excesso de peso, mas também, para o baixo peso e o nanismo.
Especialista em nutrição clínica funcional adulta e infantil, a nutricionista enfatiza que a criança só vai consumir aquilo que você permitir, então o papel de zelar pela alimentação dos pequenos é dever dos pais. “A importância da oferta desses alimentos logo no primeiro contato do bebê é fundamental, pois é partir dali que os hábitos estão sendo construídos. A criança até um ano de vida tem uma única base alimentar (leite materno ou complemento + água + frutas + almoço e jantar), posteriormente, ela vai aos poucos sendo inserida na alimentação da família. Por isso, a melhor fase é a que está construída com bons hábitos para evitar riscos de saúde no futuro”, diz.
Estimativas de desnutrição infantil para 2021
A desnutrição infantil é um grave problema mundial e uma das principais causas de morte. Não obstante, o ano de 2020 fechou com dados alarmantes para os indicadores de subnutrição e supernutrição: 149,2 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade foram diagnosticadas com nanismo; 45,4 milhões com baixo peso e 38,9 milhões com sobrepeso.
De acordo com o grupo interagências de estimativas conjuntas de desnutrição infantil do UNICEF-OMS-WB, as principais conclusões para 2021 incluem tendências globais, regionais e de países. O estudo foi realizado em 157 países e territórios, contou com cerca de mil fontes de dados cobrindo uma faixa etária de 0 a 5 anos. Somente no Brasil, até novembro de 2020, entre 6 milhões e 7 milhões de crianças menores de 5 anos podem ter sofrido de baixo peso ou desnutrição aguda, divulgou a UNICEF.
Educação alimentar a partir da gastronomia
É claro que os dados apresentados acima vêm de inúmeros indicadores como pobreza, falta de políticas públicas, doenças infecciosas, desigualdades etc. Por outro lado, alertamos aqui que é possível promover uma alimentação saudável desde a infância e em casa. Lizahélen explica que o primeiro exemplo para uma educação alimentar desde a infância é buscar ter bons hábitos a partir do que os pais costumam consumir, ou ainda despertar a visão da criança com criatividade, dedicação, paciência e repetição. “Repetição sempre, por isso nunca desista de ofertar. Minha colega e parceira do Projeto Prato de Criança, a Joice sempre fala: ‘O que leva uma criança ao consumo saudável é a exposição ao alimento.’ Por isso, comer saudável não é automático, precisa de exemplo, carinho e persistência por parte dos pais”, diz.
Neste caso, estimular o consumo de alimentos levam as crianças a criarem gosto e sabor pelos alimentos que não costumam consumir. “Nossos legumes e vegetais têm pigmentos de cores variadas, são ricos em fibras, vitaminas e minerais, e ainda são considerados excelentes fontes antioxidantes, capazes de conter substâncias benéficas à saúde humana. Pensa em um prato com alface, tomate, cenoura e beterraba (quanto colorido lindo). Trabalhe a individualidade da criança. Quando a criança entende, faça algum tipo de combinação (tipo 2 coloridos no prato por dia). Faça a criança participar da montagem do prato, associe as cores dos vegetais ou legumes com seu super-herói favorito. Para os pequenos, fazer desenhos com os vegetais desperta o consumo. E não esqueça, pais, criança é repetição!”
Projeto Prato de Criança
Cada fase da criança precisa ter uma atenção específica às suas necessidades, pois a introdução alimentar de um bebê de 6 meses é diferente de uma criança de 1 ou 2 anos, assim como na idade escolar também será diferente. Nesse intuito, o projeto Prato de Criança, idealizado pelas nutricionistas Lizahélen Morais e Joice Silveira, surgiu com uma inquietude muito grande por parte da Joice, que, além de nutri, é professora universitária e mãe do Frederico. Assim, a ideia é ajudar mães a “descascar abacaxis”, ou melhor, dividir esse “fardo” de uma vida corrida, família e os cuidados com a alimentação infantil, principalmente, em crianças com sobrepeso, obesidade, seletividade alimentar, exames alterados etc.
Destinado a mães que enfrentam essas dificuldades, e se sentem perdidas com tantas informações na internet, o curso Prato de Criança é 100% online. Com aulas curtas e dinâmicas, que visam auxiliar de maneira saudável e sustentável a alimentação infantil e familiar, as nutris colocam a “mão na massa” e cozinham. “Temos um passo a passo que chamamos de coração do Prato de Criança, tem aula na cozinha, receitas gravadas, e-books e muitos conteúdos valiosos. O curso também passa por constantes atualizações (de acordo com as demandas das mães). Tem até aulão de emagrecimento para mães, no qual eu trago 3h de uma consulta minha junto com a Joice para dentro da plataforma. Logo teremos uma nova turma em formação, estamos trabalhando para isso nos próximos dias”, finaliza Morais.
Criando novos sabores
Você, mãe ou pai, já ouviu aquelas palavrinhas: “mamãe, quero ajudar!”. Se sim, já vivenciou essa cena também: seu filho pegando o banquinho ou subindo na cadeira para alcançar a pia ou a mesa, todo empolgado. Para a nutricionista materno infantil, Mariana Brito, de 32 anos, essas ações de exemplos provenientes da família devem ser ofertadas incansavelmente desde a infância.
Que tal convidar seu filho para cozinhar junto? Claro, com todo cuidado e higiene. A gastronomia infantil se insere desde os primeiros contatos da criança com o sabor dos alimentos, formas, aromas e texturas. “O papel primordial de formar hábitos alimentares é dos pais e família. A escola também tem um papel importante, porém não irá substituir o exemplo que a criança recebe em casa”, observa Mariana.
Assim, estabelecer uma relação com os alimentos e diversificar seu paladar desde cedo contribui no consumo de alimentos saudáveis, além de estimular a criança para novas fases alimentares de sua vida. “Nossos hábitos alimentares são formados na infância, por isso é tão importante educar o paladar da criança desde os primeiros meses de vida, apresentando alimentos variados, como frutas e verduras e evitando a oferta precoce de alimentos industrializados e açúcar. Ao longo da vida, o indivíduo até pode deixar de lado alguns hábitos, como na adolescência (fase de mais rebeldia e mudanças psicossociais), mas se a base alimentar for saudável, ao longo do tempo os hábitos são retomados”, diz a nutricionista materno infantil.
Ela também realça que o comportamento dos pais no processo alimentar de seus filhos deve ser persistente, pois as chances das crianças consumirem e gostarem de legumes, verduras e frutas, por exemplo, aumentam muito se ele for exposto desde os primeiros meses de vida. “O momento de introdução alimentar é crucial na estruturação de um bom hábito alimentar. Para nós humanos, é muito fácil gostar de açúcar e alimentos ricos em gordura, está na nossa genética, por isso é tão importante não apresentar esses alimentos muito cedo”, explica Brito.
Industrializados x Comida de Verdade
Por que é muito mais fácil ingerir produtos industrializados? O alto consumo de produtos industrializados nos afasta da “comida de verdade”, potencializa vícios desde a infância, além de impactar em longo prazo a saúde.
Refrigerantes, doces, salgadinhos, bolachas recheadas, e por aí vai. A lista de produtos industrializados mais consumidos na infância é grande. De acordo com o Índice Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), a pandemia aumentou o consumo de ultraprocessados no Brasil. A pesquisa mostra que, em 2020, o consumo de salgadinhos ou biscoitos, sucos em caixinhas, refrescos em pó, entre outros, subiu em relação a 2019.
Importante ressaltar que os produtos ultraprocessados aumentam 26% os riscos de obesidade, sendo extremamente prejudiciais à saúde. Com alta concentração de nutrientes associadas a doenças crônicas, esse aumento reflete diretamente nas condições de saúde dos indivíduos.
Mariana friza que devemos estreitar os laços entre os alimentos para que as crianças deem preferência à “comida de verdade”, ou seja, alimentos in natura ou minimamente processados preparados em casa, como arroz, feijão, carnes, frango, peixe, ovos, frutas, legumes e verduras, tubérculos, cereais integrais, sementes e oleaginosas.
Por isso, dar autonomia com bons hábitos é importante na promoção da saúde da criança. Lembrando sempre que existem alimentos necessários para cada faixa etária, bem como nutrientes são necessários para o crescimento e desenvolvimento da criança, como o ferro, cálcio, ômega 3, vitamina A e Vitamina C. Tais nutrientes são facilmente obtidos em uma alimentação variada, rica em proteínas.
Mariana também é escritora e, em 2015, publicou um livro com receitas infantis: a obra “Receitas Mágicas para Crianças Espertas”, contempla uma história e receitas atrativas para as crianças prepararem com a ajuda dos pais. “Na época, as publicações eram escassas nessa área. Senti então a necessidade de ter um material para trabalhar com as crianças, tanto no consultório da Ama Nutrição, quanto nas escolas. Foi aí que surgiu a ideia do livro, que contém alimentos comumente rejeitados pelos pequenos, como frutas e verduras”, conta.
Ama Nutrição e Cozinha
À frente da Ama Nutrição, Mariana Brito e Ana Carolina Terrazzan oferecem um ambiente lúdico e interativo ao atendimento do público materno infantil. Localizada em Porto Alegre, a clínica tem associada ao consultório a Ama Cozinha, onde as nutricionistas ministram oficinas culinárias para crianças a partir dos 3 anos de idade.
O objetivo é despertar o interesse da criança por alimentos saudáveis, através de receitas lúdicas e atrativas e do contato direto com o alimento. Na cozinha experimental, são preparadas receitas como bolinhos, cookies, vitaminas, picolé, panquecas, demais alimentos que as crianças se interessam. Também são ministrados workshops destinados, exclusivamente para adultos, no qual abordam temas específicos como introdução alimentar, alimentação na gestação, lanches escolares etc. “Nossa especialidade sempre foi a nutrição materno infantil, que é uma área bem específica da nutrição. Acho que o principal atrativo é trabalhar com a prevenção. A oportunidade de prevenir doenças e contribuir para o crescimento saudável é muito estimulante”, complementa Mariana.
Profissão: MiniChef
Engana-se quem pensa que escolas e cursos culinários são apenas para adultos. Com o auge da gastronomia televisiva, a demanda infantil cresceu e muitos locais começaram a ofertar aulas que, principalmente, estimulam a vida saudável.
Em Brasília, conhecemos a Cozinha do MiniChef, destinada para crianças a partir de 4 anos e ao público adolescente. Idealizada pelos jornalistas Ana Inês, de 47 anos, e Daniel Cruz, de 46 anos, o espaço oferece oficinas de gastronomia desde massas frescas, pães, bolos, pizza, sushi kids, cardápios divertidos com frutas e hortaliças, receitas temáticas da gastronomia mundial etc.
Gastrônoma, estudante de nutrição e pesquisadora na área de Nutrição Comportamental infantil, Ana relata que as aulas são ministradas pelos próprios proprietários, auxiliares e especialistas convidados. “Pais de quatro filhos, criamos a Cozinha do MiniChef com o objetivo de familiarizar as crianças com o ambiente lúdico da Cozinha. A ideia de incentivar a vivência criativa para uma relação saudável com a comida começou com as brincadeiras na cozinha de casa, logo depois se estendeu aos filhos de amigos e, em seguida, às oficinas no ateliê. A Cozinha do MiniChef já completou 8 anos e cresce com os novos desafios”, ressalta.
Todas as receitas são desenvolvidas e assinadas com o devido conhecimento nutricional e gastronômico, que também norteiam a dinâmica prática de cada oficina. Já a dinâmica de cada oficina se traduz no lema do ateliê: o sabor de brincar é a premissa para o despertar da consciência alimentar. “Por isso, nossa ideia é fazer os pequenos colocarem a mão na massa e preparar receitas que despertam a curiosidade e o apetite de toda a família. Assim, buscamos criar o ambiente perfeito para que as crianças soltem a imaginação com segurança: equipamos as bancadas com todos os utensílios apropriados ao manuseio das crianças e, com o material em mãos, aventais coloridos, chapéus de Chef e muita disposição; as crianças são acompanhadas por nossa equipe em cada etapa da preparação”, ressalta a jornalista.
Daniel também é gastrólogo, com especialidade em Cozinha Argentina, e junto com Ana, durante a pandemia, tiveram de interromper as oficinas. Porém, hoje o ateliê se prepara para voltar às atividades com algumas mudanças na dinâmica de atendimento, com respeito a todos os protocolos estabelecidos pelas autoridades de saúde pública. Além do uso de máscaras e EPIs pela equipe, a principal mudança está no número de participantes. “Cada oficina contava com até 12 crianças ou adolescentes; agora as oficinas serão individuais, ou agendadas para pequenos grupos de até 4 participantes que já convivam em seu dia a dia, como irmãos e primos. Outra novidade, respondendo a pedido dos clientes, é que agora a brincadeira também poderá se estender aos pais que desejarem se inscrever para participar da oficina junto aos filhos”, revela Ana.
Muitos pais buscam essas atividades para possibilitar que seus filhos tenham opções de criar novos sabores e consciência de uma alimentação saudável, de forma que o alimento e todo processo de produção do prato seja prazeroso. “A melhor forma de estimular uma alimentação saudável desde a infância participando do processo, tornar prazeroso o envolvimento com a comida, desde a introdução alimentar, até o despertar da autonomia na cozinha que, com certeza irá fortalecer, também, o exercício de independência na vida adulta. Digo sempre que a consciência alimentar é um aprendizado exercitado em todas as idades, mas, quando cultivado desde a infância, gera bons frutos para garantir a saúde física e psicológica nas várias fases da vida”, enfatiza a pesquisadora.
Pais ou responsáveis têm papel fundamental sobre a formação dos hábitos da criança. Os responsáveis pela Cozinha do MiniChef avaliam a alimentação infantil para muito além de “colocar a comida na mesa”. “Eles são a âncora dos sentimentos e da construção da personalidade. Hoje, há um maior entendimento sobre a importância de pensar a comida além do nutriente, pois uma boa relação com a comida é algo moldado de forma mais ampla, a partir, por exemplo, do momento das refeições em família, quando se estabelecem comportamentos e reflexos”, finaliza a jornalista.
Que tal começar aí na sua casa a pôr em prática algumas destas informações que trouxemos na pauta?
Aproveita e confere 3 dicas que a Ana e o Daniel nos passaram de como cozinhar em casa com crianças.
– Minha primeira dica geralmente é o convite à brincadeira: convide a criança ou o jovem para um momento descontraído na cozinha. Fazer um bolo no fim da tarde, cookies para presentear um amigo, uma salada no almoço ou mesmo montar a mesa em um momento especial;
– Observe o que eles gostam e respeite o que ainda não agrada ao paladar deles, mas sempre ofereça ingredientes variados para preparos diversos;
– Incentive as crianças a ter o mínimo de autonomia no momento de separar os ingredientes e utensílios necessários no preparo da receita: separe uma caixa ou gaveta com utensílios que possam ser utilizados de forma segura por eles e permita que os pequenos tenham acesso. Os utensílios de livre acesso também devem evoluir conforme idade e conquista no manuseio. Na lojinha de nosso site, existem algumas boas opções, mas você já pode começar separando o que tem em sua própria cozinha.
Dica de receita da Nutri Mariana Brito para você e seu filho(a) e prepararem juntos:
Muffin de cacau e abobrinha
Ingredientes:
1 xícara (chá) de farinha de trigo
½ xícara (chá) de farinha de trigo integral
1 xícara (chá) de açúcar demerara
1/3 xícara (chá) de cacau em pó
½ colher (chá) de fermento em pó
1 ½ xícara (chá) de abobrinha ralada
½ xícara (chá) óleo
3 ovos inteiros
Modo de Preparo:
Em uma tigela, peneire todos os ingredientes secos e reserve. Misture os ovos com o óleo e acrescente a abobrinha ralada. Junte a mistura de abobrinha aos ingredientes secos e misture com uma colher até que estejam bem incorporados. Coloque a massa em fominhas de muffin, preenchendo aproximadamente ¾ da forma. Leve ao forno preaquecido a 180°C até que os bolinhos fiquem assados. Rende 14 unidades.
Obs: as crianças podem ajudar a peneirar, misturar e colocar a massa nas forminhas.