Por Stephane Paula

Pesquisa da Universidade da Califórnia aponta que até níveis baixos de poluentes estão associados a alterações no desenvolvimento neurológico infantil


Uma nova pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia (Davis) revelou que a poluição do ar externo, mesmo em níveis abaixo dos padrões governamentais de qualidade, pode causar alterações significativas no desenvolvimento cerebral de crianças. O estudo revisou 40 pesquisas empíricas de diferentes continentes e encontrou associações preocupantes entre a exposição à poluição e mudanças em volumes de substância branca no cérebro, importantes para a função cognitiva, além de marcadores precoces para doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

De acordo com a pesquisa, as crianças expostas a altos níveis de poluição apresentaram diferenças na estrutura cerebral em comparação com aquelas em áreas de menor exposição. Essas alterações incluem impactos na substância branca e na conectividade cerebral, fatores essenciais para o desenvolvimento neurológico saudável. Os pesquisadores alertam que essas mudanças podem ocorrer mesmo em regiões onde os níveis de poluição são considerados seguros pelas autoridades.

Crianças e adolescentes são mais vulneráveis à poluição devido ao tempo que passam ao ar livre e à maior absorção de contaminantes, em proporção ao peso corporal, comparado aos adultos. O estudo reforça a necessidade de ações preventivas, como a instalação de purificadores de ar em escolas e residências próximas a áreas de maior poluição.

O neurologista Maciel Pontes comentou os achados da pesquisa: “Crianças expostas a altos níveis de poluição apresentam diferenças estruturais no cérebro que podem comprometer o desenvolvimento cognitivo e neurológico. É um fator que não pode ser ignorado, pois afeta a saúde mental a longo prazo”.

Pontes também ressaltou a situação alarmante no Brasil: “A poluição do ar que estamos vivenciando em 2024 está associada a um risco crescente de problemas neurológicos. Temos visto estudos que ligam diretamente a qualidade do ar ao aumento de doenças como AVC e também às mudanças cerebrais nas crianças”.