Por Sara Café, jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, jornalista
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, jornalista

Os extremos climáticos têm castigado o Rio Grande do Sul nos últimos dias. A condição começou em 26 de abril, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao governo federal, emitiu um alerta de tempestades para o estado. Naquele dia, a previsão ainda era de chuvas em algumas regiões do estado. Mas o cenário foi se agravando ao longo dos dias.

Segundo os especialistas, a calamidade é efeito da soma de alguns fatores: uma corrente intensa de vento, agindo sobre a região, o que fazia com que o tempo ficasse instável; isso se somou a um corredor de umidade vindo da Amazônia, que aumentou a força da chuva; e  o cenário foi agravado por um bloqueio atmosférico, reflexo da onda de calor, que fez com que o centro do país ficasse seco e quente, deixando a chuva concentrada nos extremos.

Balanço da Defesa Civil

O Governo do Estado atualizou o balanço de vítimas e dos estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o estado nos últimos dias. Segundo o último relatório divulgado pela Defesa Civil, o número de mortes subiu para 72, segundo o balanço publicado neste domingo pela Defesa Civil Nacional (5). 

Além dos óbitos, o estado contabiliza 155 feridos. Ao todo, 707.190 pessoas foram afetadas pelas tempestades em território gaúcho, sendo que 80.573 estão desalojadas e 15.192 estão em abrigos. Mais de 400 mil pessoas estão sem energia elétrica e mais de 800 mil estão sem abastecimento de água. Também há 61 rodovias com bloqueios totais ou parciais em 113 trechos, segundo o governo do Estado.

Diante do risco de novas catástrofes, cientistas fazem o alerta. “Estamos vivendo num novo clima, cheio de ondas de calor e chuvas intensas, que trazem prejuízos socioeconômicos”, diz Paulo Artaxo, cientista que integra o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em entrevista ao jornal O Sul. “A única maneira de lidar com isso é reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, acrescenta ele, também professor da USP.

Infográfico elaborado em 02/05/2022 por G1

Comitiva de 18 autoridades federais 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) viajam neste domingo (5) a Porto Alegre para acompanhar as ações no estado, que enfrenta uma tragédia causada pelas fortes chuvas e enchentes que atingem a região.

Em uma rede social, o presidente Lula afirmou neste sábado estar em contato permanente com as autoridades locais. “Estou em contato permanente com os ministros e o comando militar que estão no Rio Grande do Sul. Retorno ao estado para acompanhar e reforçar o trabalho coordenado com o governo do estado e as prefeituras nesse momento tão difícil”, publicou o presidente.

Desde a última quinta-feira, o governo federal anunciou algumas medidas para a população do Rio Grande do Sul, entre as quais: antecipação de benefícios previdenciários; facilitação e antecipação dos pagamentos do Bolsa Família e liberação de emendas para parlamentares destinarem recursos a obras no estado.

Alerta de inundação severa

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu um alerta, na noite deste sábado (04/05), para a elevação do nível do rio Guaíba, afetado por fortes chuvas na última semana. Segundo dados da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA), em colaboração com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), neste domingo, o nível do Guaíba chegou a 5,30 metros de altura às 7h.

O alerta vai para as áreas mais baixas da Região Metropolitana, apontando para risco de “inundação severa” nas próximas 24 horas. O órgão orientou ainda para evacuação imediata de moradores das áreas de risco de municípios como Porto Alegre, Guaíba, Barra do Ribeiro, Gravataí, Canoas, Charqueadas, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Taquara. 

Para aumentar o nível de prevenção, as pessoas podem se cadastrar para receberem os alertas meteorológicos da Defesa Civil estadual. É possível se cadastrar via aplicativo Whatsapp. Para ter acesso ao serviço, é necessário se registrar pelo telefone (61) 2034-4611. 

Como ajudar? 

O governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta SOS Rio Grande do Sul. Foi restabelecida a chave pix do CNPJ 92.958.800/0001-38, a mesma utilizada no ano passado, vinculada à conta bancária aberta pelo Banrisul. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário a vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura dos municípios.

Com o canal oficial de doações, o governo centraliza a ajuda financeira, fornece segurança aos doadores e amplia a transparência da alocação do dinheiro, uma vez que a movimentação dos recursos passa por auditoria e fiscalização do poder público.

Acesse o link: https://sosenchentes.rs.gov.br/inicial 

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