Por Sara Café, jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, jornalista
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, jornalista

O final de ano é como uma linha de largada, um momento ideal para ganhar impulso, iniciar novos projetos e expandir equipes. Para quem deseja empreender, essa época oferece inúmeras oportunidades. É um período em que as pessoas estão mais abertas a mudanças, refletindo sobre o que realizaram e traçando metas para o ano que está por vir.

Isso acontece porque o final do ano é repleto de ocasiões que impulsionam as vendas. Dezembro concentra eventos marcantes como o recebimento de parte do 13º salário, férias escolares e compras de presentes para o Natal e o Réveillon. Além disso, ocorre logo após a Black Friday, o que permite aos empreendedores estender promoções e fortalecer o relacionamento com seus clientes.

Segundo dados do DIEESE, o 13º salário injetará 312,4 bilhões de reais na economia, sendo 61% provenientes de trabalhadores do mercado formal e 38,3% de aposentados e pensionistas. Margareth Carvalho, gerente de Conhecimento e Competitividade do Sebrae Rio, destaca: “As promoções de Natal e Ano Novo são muito esperadas pelos consumidores, e quem for mais criativo leva a melhor. Eles estão dispostos a expandir o período das compras e desejam promoções prolongadas. Embora promoções gerem um grande fluxo de clientes, elas podem reduzir as margens de lucro se não forem pensadas estrategicamente”. 

Além disso, o período abre portas para o trabalho temporário. De acordo com a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (ASSERTTEM), são previstos 450 mil novos contratos temporários nos meses de outubro, novembro e dezembro em todo o Brasil.

Joélcio Braga, professor de Administração da Wyden, ressalta que o final do ano é marcado por eventos como confraternizações e troca de presentes. “Com a entrada de capital extra e a intenção de mais de 43% das empresas em reforçar suas equipes, surgem diversas possibilidades”, afirma. Ele sugere oportunidades como a venda de panetones, bolos, doces, kits de ceia, canecas personalizadas, agendas e serviços de decoração para festas.

Tendências no empreendedorismo: as inovações tecnológicas estão dominando o mercado

As tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA) e a realidade aumentada, estão redefinindo as interações de mercado. A IA, em particular, está transformando o atendimento ao cliente e a análise de dados, permitindo uma gestão mais eficiente e preditiva.

– Tecnologia sustentável e práticas ESG: a crescente conscientização sobre sustentabilidade está levando empresas a adotar práticas que minimizem impactos ambientais. Iniciativas ESG (“ambiental, social e governança”) não apenas melhoram a imagem corporativa, mas também alinham as empresas com as expectativas de consumidores e investidores conscientes.

– Ascensão do empreendedorismo digital e local: o e-commerce continua a crescer, com um foco particular no comércio local. Plataformas digitais estão facilitando aos pequenos empreendedores a entrada em mercados antes dominados por grandes corporações, oferecendo uma proximidade maior com o cliente e respostas mais ágeis às mudanças de mercado.

– Usuário no centro das estratégias: o comportamento do consumidor está evoluindo, privilegiando experiências de compra personalizadas e autênticas. Isso requer que os empreendedores invistam em entender profundamente as necessidades e preferências de seus públicos para oferecer produtos e serviços que realmente ressoem com seus desejos. 

Principais metas dos brasileiros para 2025

De acordo com um levantamento da BuzzMonitor divulgado pela Folha de S. Paulo, empreender, emagrecer e conquistar a casa própria estão entre as metas mais frequentes nas resoluções de brasileiros para 2025.

Trabalho e negócios – O desejo de melhorar a situação profissional lidera as resoluções, representando 24% das menções analisadas. Dentro deste grupo, a busca pelo empreendedorismo foi predominante, com 52% das pessoas indicando planos de abrir seus próprios negócios. Outros objetivos incluem a troca de emprego (27%), mudança de carreira (12%) e estratégias para complementar a renda (9%).

Saúde e bem-estar – Em segundo lugar, com 15% das menções, aparecem resoluções relacionadas à saúde. Metas como emagrecer (45%) e iniciar atividades físicas (39%) dominam as publicações, enquanto outros 16% buscam abandonar hábitos nocivos, como fumar ou consumir álcool.

Casa própria – O desejo de melhorar as condições de moradia ocupa a terceira posição, representando 13% das postagens. O levantamento identificou que 63% dos usuários têm o sonho de adquirir um imóvel, especialmente por meio de financiamento. Outros 31% planejam reformar ou modificar suas residências atuais, enquanto 6% desejam investir em decoração e móveis.

A análise foi feita a partir de mais de 26 mil postagens públicas nas redes sociais, coletadas entre 12 de novembro e 12 de dezembro de 2024. A pesquisa utilizou inteligência artificial para identificar padrões nos desejos expressos por usuários do Instagram, X e Facebook.

Pesquisa da Febraban aponta a perspectiva dos brasileiros 

Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que 49% dos entrevistados disseram acreditar que, em 2025, o Brasil irá melhorar. O resultado é o mesmo em relação ao levantamento de outubro, mas dez pontos abaixo do registrado na pesquisa de dezembro do ano passado, que somou 59%.

Já a percentagem dos entrevistados que disseram que o país irá piorar passou de 23% em outubro para 28% em dezembro, ficando 11 pontos acima do registrado no mesmo período do ano anterior, de 17%. A pesquisa mostrou ainda que, para a maioria (66%), o país melhorou em 2024 (40%) ou ficou igual (26%) em relação a 2023. Essa soma era de 79% em dezembro de 2023 (melhorou: 49%; ficou igual: 30%), o que representa um recuo de 13 pontos no acumulado do ano.

Já a percepção de piora do ano corrente em relação ao ano anterior, que era 20% em dezembro do ano passado, cresceu de forma contínua em 2024, alcançando, em dezembro de 2024, para 32%, um aumento de 12 pontos em relação a dezembro de 2023.

“Os sentimentos para 2024 e as perspectivas para 2025 carregam sentimentos de otimismo e cautela, que refletem o que ocorreu ao longo de todo ano. De um lado, o período que se encerra teve um viés positivo para as pessoas e as famílias, com a alta do emprego, mas também foi influenciado negativamente pela seca, queimadas e pelo noticiário de alta da Selic, dos juros e da inflação”, destacou o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.

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