por Letícia Fagundes, Jornalista

“Eu vim com uma frase pro Japão: diz amém que o ouro vem. E veio. Essa frase está do lado da minha cama, todo dia orei às 3h da manhã, pedi a Deus que realizasse esse sonho e tá aí, meu nome na história do surfe”, afirmou o surfista Ítalo Ferreira, que agora é medalha de ouro, no surfe, nas Olimpíadas de Tóquio.

Com a prancha quebrada, a perna machucada, e o tufão Nepartak se aproximando do litoral japonês, com até 120 km por hora, Ítalo ficou firme e passou o japonês Kanoa Igarashi. Tufões podem ser um problema para a população, mas aos surfistas profissionais pode ser uma ótima notícia, porque agita o mar e para um torneio é um bom dia de “pegar onda”.

O brasileiro completou a prova com 15.14 pontos, enquanto o japonês, seu adversário, parou nos 6.60 pontos. Ao que o mundo já sabe, os brasileiros acostumados com mares e praias, estão entre os melhores do mundo no surfe.

“Eu treinei muito nos últimos meses, e Deus realizou meu sonho, só tenho que agradecer a Deus por me dar a oportunidade de fazer o que amo. Isso sou eu, fui pra dentro d’água, sem pressão, fazendo o que amo”, disse o surfista emocionado.

Dificuldade para se tornar surfista profissional

Um surfista que pedia apoio a hotéis e pousadas para conseguir competir e treinar. Filho de Katiana, funcionária de uma pousada e seu pai Luisinho, pescador, ambos apoiavam o filho como podiam, mas não era o suficiente. Ao ganhar medalha de ouro, Ítalo Ferreira lembrou estes fatos de sua vida para o site Uol.

“Eu queria que minha avó tivesse viva pra ver isso. Ver o que me tornei, ver o que consegui fazer pelos meus pais, por aqueles que estão ao meu redor. Não tenho palavras. Está aí, meu nome na história do surfe.”

Muitas das caixas de isopor do pai, Luisinho, que vendia peixes serviu como prancha e as dificuldades tornaram o surfista muito mais forte, lembrou em entrevista ao jornalista João Gabriel Rodrigues, do portal ge.globo. “Quando você vem de baixo, quando você passa por dificuldade, você tem mais vontade, mais garra, mais determinação. Não foi diferente comigo. O Daniel Alves é um exemplo, veio da Bahia e conquistou o mundo, como eu estou fazendo agora, como alguns atletas que têm histórias incríveis de superação, que usaram aqueles momentos difíceis como combustível”, completou.