Desempregados procuram meio de empreender durante a pandemia
Por Mirian Romão- São Paulo
Editora de Reportagem: Juliana Monaco
Editora Chefe: Letícia Fagundes
A pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe uma crise mundial que deixou um total de 12,8 milhões de pessoas desempregadas no Brasil. Com isso, muitos tiveram que se reinventar para criar uma fonte de renda. Além da luta para conseguir o auxílio emergencial do governo, as pessoas buscam empreender para ter uma renda.
Desde o início da pandemia, quando o Ministério da Saúde passou a recomendar o uso de máscara na rua e no transporte público, o número de pessoas confeccionando máscara cresceu. As máscaras de pano ganharam destaque logo no início da pandemia, quando as máscaras descartáveis chegaram a ficar em falta.
De acordo com o GZH, a técnica de enfermagem Janaína Reis Faleiro, que estava desempregada, começou a fazer as máscaras como proteção individual, pois trabalhava com artesanato e decoração de festas infantis. Entretanto, as máscaras confeccionadas viralizaram tanto que virou a sua principal fonte de renda. Segundo Janaína, a oportunidade apareceu quando começou a divulgar peças de enfeite de Páscoa nas redes sociais e as pessoas entravam em contato para perguntar se ela fazia máscara ou se estava vendendo.
O uso da máscara não era comum no Brasil, mas, por conta da pandemia da covid-19 ,adotamos o uso diário nas ruas e comércios. Culturalmente, as máscaras eram associadas apenas aos países asiáticos como China e Japão. Entretanto, esse novo hábito pode ser adotado até mesmo depois da pandemia, já que as pessoas passaram a entender que cobrir o rosto é uma forma de demonstrar que você está se esforçando para não espalhar o vírus.
A esperança de muitos é que a venda das máscaras possam ajudar nas contas no final do mês, pois mais de 10 milhões de brasileiros não conseguiram ter acesso ao auxílio emergencial do governo. A Ana Clécia Galdino, em entrevista para o Mulheres Jornalistas, comentou que passou pela mesma situação que muitos brasileiros nesta pandemia. Ela tinha acabado de se mudar de volta para São Paulo quando o isolamento começou.
Ana afirma que ela e o marido estavam desempregados, pois ele trabalha com aplicativo de corridas e, devido ao isolamento social, as corridas diminuíram. “A gente quase entrou em desespero. Eu não tinha como sair para procurar um emprego e ele também não conseguia levantar dinheiro com o aplicativo porque as pessoas não estavam usando”, afirma Ana.
Com a ajuda da mãe e da irmã que trabalha com costura, Ana começou a confeccionar máscaras para vender. Sua irmã explicou todo o processo para fazer a máscara e deu os materiais necessários para que Ana conseguisse iniciar o trabalho. “Graças a Deus consegui ganhar e vender na primeira semana. A primeira remessa eu vendi bem e foi aí que tivemos a ideia de começar a passar para o pessoal conhecido, amigos e parentes para conseguir ver se ia entrando mais pedidos. O primeiro mês foi maravilhoso. Graças a Deus, deu pra gente levantar um bom dinheiro. Mas não é aquela coisa que dá para viver só com isso”, destaca.
Após o Ministério da Saúde obrigar o uso de máscara em transporte público e nas ruas, as pessoas que estavam buscando um meio de ganhar alguma renda passaram a confeccionar as proteções faciais. “Foi uma coisa que salvou, mas ao mesmo tempo não foi muito bom porque não dava para sobreviver só com isso. Foi um quebra galho, ajudou bastante porque a gente estava dependendo de tudo dos outros e do dinheiro da máscara”, declara Ana.
Atualmente, a venda das máscara está fraca, comenta Ana. A divulgação é só no boca a boca e por meio da placa que está em frente a sua casa. Entretanto, recentemente ela conseguiu o auxílio emergencial do governo e seu marido, com a flexibilização da quarentena, voltou a trabalho com o aplicativo de corrida.
“Minha família é grande, somos em cinco. Minha filha mais nova tem três anos, vai fazer 4 em setembro, e o mais velho tem 13. Estamos passando por isso juntos, com fé em Deus tudo vai passar, vamos ficar firmes e fortes com outra visão da humanidade. Eu acho que Deus deu isso para que a gente aprenda a ser mais humano e a ver o lado dos outros”, finaliza.
Muitas famílias tiveram que se reinventar para sobreviver durante a crise econômica mundial causada pela pandemia. A taxa de desemprego no Brasil bateu novo recorde em 2020, um total de 12,8 milhões de pessoas. A pandemia piorou as condições do mercado de trabalho.
Por fim, as expectativas para o restante do ano não são animadoras. Foram cancelados carnaval, feriados e até festa junina. Provavelmente, mais datas comemorativas serão adiadas, tudo com o intuito de evitar aglomerações. Mesmo com as atividades empreendedoras de brasileiros tentando se reinventar, está sendo uma época difícil para todos.