Luiza Esteves
Depressão não é “frescura”
Repórter Mulheres Jornalistas – RJ
É natural se sentir frustrado e se deparar com momentos de estresse, tristeza e fracasso. Mas, quando expostas a situações de extremo, algumas pessoas desenvolvem transtornos psíquicos como a depressão e a ansiedade. Esta realidade tem sido cada vez mais recorrente na sociedade contemporânea, em que há a cobrança da felicidade plena a todo instante.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo e a estimativa é de que este número continue aumentando, fora os casos não registrados. No Brasil, 5,8% da população é atingida pela depressão e 9,3% se referem a distúrbios relacionados à ansiedade.
Em entrevista para o site Ativo Saúde, o neurologista Marcus Tulis, do Complexo Hospitalar de Niterói, Rio de janeiro, comenta sobre a importância da ação da dopamina no corpo. “É uma molécula produzida pelo organismo que tem como função realizar a comunicação de um neurônio com o outro, ligando-se a receptores específicos”, explica.
Dessa forma, os neurônios enviam impulsos para todas as partes do corpo, atuando na regulação motora dos movimentos voluntários, do humor, das vias de memória, da atenção e do prazer. Logo, a função da dopamina é de extrema importância para que ocorra a comunicação dos neurônios e a modulação do comportamento e das emoções.
Assim, a baixa do nível de dopamina pode resultar em humor deprimido. É por esse motivo que alguns antidepressivos agem em locais no neurônio em que a substância não se ligaria. “Essas medicações simulam a ação do neurotransmissor, estimulando as células e tratando os sintomas de depressão”, afirma o neurologista.
Quando os neurotransmissores estão funcionando de forma adequada eles proporcionam a sensação de bem estar, o que chamamos de felicidade. Mas, é importante lembrar que os medicamentos antidepressivos são usados somente em casos de doenças psiquiátricas para regularizar o nível da substância no corpo. O uso do remédio sem prescrição do médico é proibido.
Alguns dos sintomas da depressão são: a diminuição do interesse e prazer nas atividades, perda ou ganho significativo de peso, insônia ou excesso de sono, agitação ou perda de energia quase todos os dias, sentimento de inutilidade. Deve-se atentar para sintomas mais intensos que causem sofrimento significativo ou prejuízo a vida social.
Outras alternativas para elevar o nível de dopamina seria balancear a alimentação com frutas, vegetais e legumes; usar suplementos da substância, sob a orientação de um médico especialista; além de realizar exercícios regularmente, para que seja produzida a dopamina e a serotonina.
Além do tratamento médico é necessário trabalhar a questão emocional e psicológica. A terapia com o auxílio de um psicólogo ajudará na busca pelo autoconhecimento e a compreensão das causas dos sentimentos e angústias. Soma-se a esse procedimento a ajuda de amigos e familiares que farão a pessoa se sentir mais segura e confortável para enfrentar as dificuldades desse processo.
Além disso, temos o esforço individual da pessoa, que é um dos pontos mais importantes para obter sucesso no tratamento, pois quando passa a se acreditar na mudança de comportamento e na melhora do desequilíbrio emocional tudo caminha com mais leveza e eficácia.