Por: Natália Bosco, jornalista
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Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, jornalista

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) tomaram posse como 39º presidente do Brasil e 26º vice-presidente do Brasil, respectivamente, este domingo, 1º de janeiro de 2023. Lula volta à presidência da República 12 anos após deixar o cargo e se torna o primeiro político brasileiro a receber um terceiro mandato pelo voto popular. Em 2022, Lula concorreu oficialmente à presidência da República pela 6ª vez – o petista se candidatou ao cargo em 1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2022.

“Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto. […] O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia. Ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a Lei e suas mais duras consequências”, disse Lula em seu discurso de posse.

A sessão solene de posse do presidente e vice-presidente do Brasil aconteceu no Congresso Nacional e foi presidida pelo presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD). Durante seu discurso, Pacheco relembrou as antigas desavenças entre Lula e Alckmin e cobrou responsabilidade dos novos chefes do Executivo com as questões fiscal, social e ambiental do Brasil.

“Vossa excelência presidente Lula volta ao Palácio do Planalto com a experiência de oito anos de mandato, que se destacaram pela inclusão social, pelo crescimento econômico, pelo respeito às instituições. E volta ao lado de Geraldo Alckmin, ex-governador do estado de São Paulo, antigo adversário das eleições presidenciais de 2006 e agora seu vice, em um sinal claro de que o interesse do país está além e acima de questões partidárias, um sinal de que é preciso unir forças pelo Brasil. O início de novo governo é momento de renovação, de esperança. Da esperança em um país mais inclusivo, seguro, democrático e justo. Como todo novo começo, o Brasil ganha fôlego e se enche de expectativas próprias de quem foi agraciado com uma outra chance, com uma chance de fazer mais, com uma chance de fazer melhor. Nas eleições de 2022, a democracia brasileira foi testada e saiu-se vitoriosa. É possível que tenha sido o processo eleitoral mais importante da nossa história após a redemocratização – o tempo dirá”, discursou Pacheco.

Junto a Pacheco, também estavam sentados à mesa diretora da sessão solene de posse Lula, Alckmin, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o  primeiro-secretário da Casa, o deputado Luciano Bivar (União Brasil), responsável por ler o termo de posse do novo presidente e vice-presidente.

Após a sessão solene de posse, Lula e Alckmin receberam honras militares na saída do Congresso Nacional. Em seguida, a chapa eleita desfilou até o Palácio do Planalto, onde subiram a rampa na companhia da catadora Aline Sousa, do líder indígena cacique Raoni Metuktire, do povo Kayapó, do Influencer PCD Ivan Baron, do metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues, do professor Murilo de Quadros Jesus, do atleta infantil Francisco Carlos do Nascimento e dos apoiadores da Vigília Lula Livre Jucimara Fausto dos Santos e Flávio Pereira. O grupo de pessoas que acompanhou Lula na subida da rampa representaram o povo brasileiro.

A faixa presidencial foi colocada em Lula por Aline Sousa, uma mulher negra de 33 anos. A tradição é que a faixa seja passada do presidente que deixa o cargo para o novo chefe do Executivo. Este ano, entretanto, isso não aconteceu porque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) optou por deixar o país dois dias antes do fim oficial do mandato. Bolsonaro e o ex-presidente Hamilton Mourão já haviam comunicado que não passariam a faixa para Lula.

Já com a faixa presidencial, Lula discursou diante da multidão que se concentrava na Praça dos Três Poderes para acompanhar a posse do presidente. Lula relembrou que irá governar por todos os brasileiros e não para seus eleitores. “Quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado. […] Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país. Não existem dois brasis. Somos um único país, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca.”

“Mas o principal compromisso que assumimos foi de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar – e nós cumprimos esse compromisso. 20 anos depois, voltamos a um passado que julgávamos enterrado. […] Juntos, somos fortes. Divididos, seremos sempre o país do futuro que nunca chega, e que vive em dívida permanente com o seu povo. Se queremos construir hoje o nosso futuro, viver num país plenamente desenvolvido para todos e todas, não pode haver lugar para tanta desigualdade. […] Assumimos o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade. De renda, de gênero e de raça. Desigualdade entre quem joga comida fora e quem só se alimenta de sobras. É inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%. […] Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. Esta será a grande marca do nosso governo. Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás”, discursou Lula no Palácio do Planalto.

Chefes de Estado

A posse de Lula em Brasília contou com a presença de representantes de diferentes países. Confira a lista de chefes de Estado que compareceram à cerimônia, segundo o Itamaraty:

  • Alemanha: Frank-Walter Steinmeier

  • Angola: João Lourenço

  • Argentina: Alberto Fernández

  • Bolívia: Luis Arce

  • Cabo Verde: José Maria Neves

  • Chile: Gabriel Boric

  • Colômbia: Gustavo Petro

  • Equador: Guilherme Lasso

  • Espanha: Filipe 6º de Espanha

  • Guiana: Irfaan Ali

  • Guiné Bissau: Umaro Sissoco Embaló

  • Honduras: Xiomara Castro

  • Paraguai: Mario Abdo Benítez

  • Peru: Dina Boluarte

  • Portugal: Marcelo Rebelo de Sousa

  • Suriname: Chan Santokhi

  • Timor Leste: José Ramos-Horte

  • Togo: Faure Gnassingbé

  • Uruguai: Luis Alberto Lacalle Pou